Porque é que viajo?
Há dias dei por mim a pensar na razão pela qual gosto tanto de viajar. Afinal, o ser humano é um animal de hábitos, e conheço muitas pessoas que não têm a mesma apetência por viagens, preferem estar sossegadas na sua vida diária, na sua casa, no ambiente que já conhecem e a que estão habituadas. Já eu… passo o tempo a pensar na próxima viagem, adoro a excitação de fazer a mala, a lista das coisas de que preciso, tentando não me esquecer de nada que seja essencial. Se vou de viagem, mesmo que seja só para ir a 100 km de distância, levantar cedo nunca é um sacrifício. Gosto de viajar seja de que maneira for – carro, comboio, barco, avião – e surpreendentemente, apesar de ser habitualmente “esquisitinha” com o que como, adoro experimentar a comida típica de cada país – o que até tem contribuído para ampliar o meu leque gastronómico mesmo quando estou “em casa”.
Decidi por isso reflectir um pouco mais a sério e tentar perceber os motivos que estão por trás desta minha paixão pelas viagens, do meu “wanderlust”.
Viajo para apreciar a beleza que há no mundo
Naturais ou construídas, existem no nosso planeta inúmeras maravilhas que podem e devem ser apreciadas in loco. Uma fotografia ou um filme podem encantar-nos, mas estar ao vivo naquele local é muito diferente. A luz, as cores, os cheiros, os sons, tudo isto só pode ser realmente sentido e experimentado se estivermos lá fisicamente. Já me desiludi ao visitar certos sítios que têm muito menos graça do que aparentam nas fotos, mas felizmente já me encantei muito mais vezes com outros que até desconhecia – e continuaria a desconhecer se não os tivesse visitado.
Viajo para aprender
Cada pessoa tem o seu tipo de memória, e a minha é multissensorial. Um livro, um artigo numa revista ou um documentário fornecem muita informação, mas a verdade é que me é muito mais fácil fixar o que quer que seja quando estou no próprio local. Tenho aprendido mais (ou pelo menos fixado melhor o que aprendi) sobre história, geografia, ciências e afins durante as minhas viagens do que de qualquer outra maneira. E além de aprender coisas novas, relembro outras e aumento os conhecimentos que adquiri em aprendizagens anteriores.
Viajo para conhecer outras realidades
Habituados que estamos ao nosso mundinho, é por vezes muito difícil compreendermos as pessoas que cresceram noutros ambientes geográficos, económicos e socioculturais. Em viagem tenho sempre a oportunidade de falar e trocar ideias com pessoas que vivem em contextos diferentes do meu, e isso permite-me conhecer e entender um pouco melhor (mesmo que às vezes não seja fácil) o que se passa fora do meu casulo. Contacto com ideias que são diferentes das minhas e isso ensina-me também a respeitar os outros.
Viajo para sair da rotina
Canso-me de fazer as mesmas coisas dia após dia mas, essencialmente por questões profissionais, a minha vida é bastante rotineira – afinal, há já muitos anos que passo a maior parte dos meus dias a trabalhar num local fixo, e o tempo que resta chega para fazer as outras tarefas obrigatórias, dormir, e pouco mais. Os fins-de-semana contrariam um pouco a modorra dos dias úteis, mas não o suficiente. Viajar permite-me quebrar completamente este ritmo e contribui para a minha sanidade mental, pois quando regresso consigo olhar para a minha paisagem habitual com outros olhos e trago mais ânimo para enfrentar a rotina.
Viajo para me mexer
Infelizmente, a minha profissão actual força-me a um certo sedentarismo que nem sempre tenho facilidade (ou vontade) em contrariar. Adoro andar a pé e faço-o sempre que posso, mas a falta de tempo imposta pelas minhas obrigações diárias e o próprio cansaço levam a que me mexa muito menos do que gostaria – e do que deveria. Por isso, quando viajo aproveito para me vingar da minha inactividade forçada e tento andar a pé o mais possível, o que traz a vantagem acrescida de compensar as calorias das óptimas comidinhas com que habitualmente me banqueteio em viagem.
Viajo para descansar
Algumas das minhas viagens têm como objectivo principal não fazer nada – ou fazer o menos possível. Às vezes sinto-me fisicamente cansada, e apetece-me mesmo é relaxar, não ter obrigações, e é óbvio que passar férias em casa tem a desvantagem de haver sempre coisas para arrumar, limpar, reparar e por aí adiante. Resultado: os dias que deviam ser consagrados ao descanso acabam por voar num ápice e parece-me que nem estive de férias.
Viajo para esvaziar a cabeça
Tenho uma profissão intelectualmente algo desgastante e por vezes trabalho sob pressão, sobretudo temporal, o que me deixa frequentemente exausta. Mesmo já tendo o hábito de “desligar” assim que saio do trabalho ao fim do dia, há alturas em que o cansaço teima em se acumular, e um simples fim-de-semana ou uns dias em casa não chegam para o dissipar. Viajar é uma forma de fazer um “reset” ao meu cérebro, acalmar a muita actividade a que ele é obrigado diariamente e limpar tudo o que está a ocupá-lo sem necessidade. Em viagem concentro-me apenas no presente e no futuro imediato, dedico-me a usufruir da experiência e apenas me preocupo com o que é básico – dormir, comer, deslocar-me, e sobretudo aproveitar ao máximo aquele tempo de descontração que está ao meu dispor.
Viajo para coleccionar memórias e experiências
Por muito boa e preenchida que seja (e tenha sido até agora) a minha vida, algumas das minhas melhores memórias estão ligadas a viagens que fiz. Em viagem tudo é novo e excitante, e mesmo algum percalço ou um pequeno desapontamento são facilmente ultrapassados e esquecidos. Estou mais aberta a experimentar novas sensações, a sair da minha zona de conforto, o que me permite guardar recordações únicas e por isso facilmente memoráveis, que continuarão comigo muito depois de a viagem terminar. Por outro lado, o facto de estar num sítio desconhecido obriga-me a ser activa e a ter iniciativa própria – preciso de procurar, de perguntar, de decidir, e tudo isso contribui para esticar as minhas próprias limitações.
Viajo para crescer
Lugares diferentes, outros costumes e outras gentes, mais conhecimento, experiências novas… os meus horizontes alargam-se, os meus limites expandem-se, e tudo isso contribui para o meu crescimento pessoal. Quando regresso de uma viagem venho sempre mais rica.
O que é que vos leva a viajar?
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