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Viajar porque sim

Paixão por viagens, escrita e fotografia

Ter | 24.04.18

Passear a pé

 

Passear a pé é uma das minhas actividades favoritas, sobretudo em ambientes naturais. Além de ser saudável e ajudar a manter a forma, é distrativo e areja a cabeça. Por sorte, em Portugal há cada vez mais e melhores trilhos, passadiços e passeios marítimos propositadamente criados ou marcados para quem gosta de andar a pé. Em 2016 havia cerca de mil percursos pedestres registados, distribuídos por quase todos os concelhos de Portugal continental e das ilhas. Curtos ou mais extensos, muito fáceis ou extremamente exigentes, o leque de percursos disponibilizados para os amantes de caminhadas ao ar livre é cada vez mais abrangente.

 

Estes de que vos vou falar agora são apenas uma pequena mas variada amostra daquilo que o nosso país tem para nos oferecer. Coloquei-os por grau de dificuldade, dos mais fáceis para os mais difíceis – segundo a minha opinião, claro! Alguns deles são já bastante conhecidos, outros nem por isso, mas todos eles têm um encanto próprio e características especiais que os tornam absolutamente incontornáveis.

 

 Vamos passear?

 

 

Parque das Ribeiras do Rio Uíma

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Uíma (11).JPGÉ um percurso quase todo em passadiço de madeira, plano e muito fácil, e acompanha maioritariamente o Rio Uíma numa zona densamente arborizada e muito bonita. A água corre em abundância e há pequenas represas e canais. É possível observar vários aspectos da flora e fauna característicos do local, devidamente identificados com painéis informativos. Existe até uma torre de observação de pássaros, na zona sul, e um abrigo do lado norte que tem a mesma finalidade. Tem vários locais de descanso e uma zona com equipamentos para exercício físico.

Uíma - mapa percurso.png

Localização: Fiães (concelho de Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro)

Início: Estrada Nacional 326 (parque de estacionamento)

Fim: norte - ponte da Tabuaça; sul - rua do Rio Uíma

Comprimento: 2 km (+ 2 km para o regresso)

Duração: +/- 1 hora (percurso ida e volta)

Características especiais: desenvolve-se em dois lados separados da EN 326; para norte o percurso mais curto, com cerca de 400 metros; para sul, são cerca de 1200 metros (no final existe um outro parque de estacionamento).

 

 

Passadiço do Alamal 

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Alamal (11) - o passadiço visto do castelo de Belver.JPG

Acompanhando o Tejo e sempre sob a vigilância atenta do castelo de Belver, na margem oposta, este passadiço de madeira é fácil de percorrer e proporciona um passeio agradabilíssimo, sempre junto à água e entre a vegetação típica da região: oliveiras e medronheiros, madressilva, amieiros e salgueiros, fetos e canaviais. O rio vai correndo calmo, enquanto nos pequenos rochedos que emergem da água os corvos-marinhos aproveitam para secar as penas ao sol.

Alamal - mapa percurso.png

Localização: Belver (concelho de Gavião, distrito de Portalegre)

Início: Praia fluvial do Alamal

Fim: Ponte de Belver

Comprimento: 2 km (+ 2 km para o regresso)

Duração: +/- 1 hora (percurso ida e volta)

Características especiais: Faz parte do PR1 Gavião “Arribas do Tejo”.

 

 

Parque Linear Ribeirinho do Estuário do Tejo

Parque Linear Ribeirinho do Estuário do Tejo (16)

Parque Linear Ribeirinho do Estuário do Tejo (24)

Desenvolvendo-se em terreno plano junto ao rio Tejo e às ribeiras que nesta zona lhe estão ligadas, parte do percurso é feito em passadiços de madeira e outra parte em terra batida. A vegetação é predominantemente rasteira, típica do sapal do estuário do Tejo, com gramíneas e caniços, e praticamente sem árvores – ideal para podermos aproveitar a relaxante e pacífica vista do rio, numa enorme extensão. Os trilhos junto ao rio e à ribeira da Verdelha são excelentes para observar aves. Ao pé do estacionamento da Praia dos Pescadores há várias infra-estruturas de apoio e de recreio.

Parque Linear - mapa percurso.png

Localização: Póvoa de Santa Iria (concelho de Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa)

Início: Praia dos Pescadores

Fim: Estação de comboios de Alverca (trilho da Verdelha); passagem pedonal do Forte da Casa (trilho do Forte da Casa)

Comprimento: Trilho do Tejo - 720 metros; Trilho da Verdelha - 1930 metros; Trilho do Forte da Casa - 1334 metros (+ igual distância para o regresso)

Duração: 2-3 horas (dependendo das paragens para observar as aves)

Características especiais: Existem três trilhos diferentes para percorrer e ainda um outro, para oeste, que faz a ligação ao Parque Urbano da Póvoa de Santa Iria.

 

 

Percurso Piódão-Foz d’Égua

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Este é um percurso circular que nos leva desde a belíssima aldeia do Piódão à não menos bela e pequenina aldeia de Foz d’Égua, conhecida pelas suas duas pontes situadas na confluência das ribeiras de Chãs d’Égua e do Piódão. No caminho encontramos algumas casas em ruínas e podemos observar a paisagem geométrica das quelhadas – terrenos cultivados em socalcos no declive da encosta, com escadas a fazerem a comunicação entre eles.

Piódão - mapa percurso.png

Localização: Piódão (concelho de Arganil, distrito de Coimbra)

Início e fim: no largo principal do Piódão

Comprimento: 6 km

Duração: 2 horas

Características especiais: Foz d’Égua encontra-se numa cota mais baixa do que o Piódão, pelo que a segunda parte do percurso será maioritariamente a subir; a forma mais fácil de fazer este passeio é começar pelo lado mais longo, seguindo pelo lado oeste da ribeira do Piódão até chegar a Foz d’Égua, e regressar pelo trilho mais curto, cujos declives são menos acentuados.

 

 

Trilho da Mina de Ouro do Conhal

Trilho da mina de ouro do Conhal (1).JPG

Trilho da mina de ouro do Conhal - Ilha do Cabecin

Este trilho circular recentemente criado (PR9 NIS) desenvolve-se entre Santana, na aldeia do Arneiro, e a área junto ao rio Tejo a que se dá o nome de Pego das Portas, passando depois pela zona conhecida como Conhal. Do miradouro da Serrinha é-nos oferecida uma vista privilegiada sobre o Tejo e as Portas de Ródão. Depois desce-se até à foz da Ribeira do Vale e à ilha do Cabecinho, locais onde foram construídas duas pontes suspensas para viabilizar este percurso pedestre. Além dos corvos-marinhos, aqui o Tejo é também frequentado por cegonhas e sobrevoado por grifos. Na flora, a espécie a destacar é o zimbro.

Conhal - mapa percurso.png

Localização: Arneiro (concelho de Nisa, distrito de Portalegre)

Início e fim: Centro Interpretativo do Conhal (antiga escola primária)

Comprimento: 10 km

Duração: +/- 3 horas

Características especiais: É aconselhável fazer este percurso no sentido dos ponteiros do relógio. Tem um desnível entre a altura máxima e mínima de cerca de 140 metros e começa logo a subir, mas depois de duas ou três subidas ligeiras nesta parte inicial a maior parte do percurso é sempre a descer ou em plano, com mais uma inclinação ascendente suave no final, já no regresso à aldeia.

 

 

Caldeirão do Corvo

 

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Caldeirão 1.jpg

Na ilha mais pequena dos Açores, a paisagem mais bonita e fora do vulgar é a do Caldeirão. Esta caldeira vulcânica resultante do colapso do topo do vulcão central que originou a ilha tem 320 metros de profundidade a aloja no interior uma lagoa pouco profunda recortada por várias elevações. A cor omnipresente é o verde e os únicos sons que se ouvem são os de uma ou outra ave, e os mugidos das vacas que por ali andam a pastar. O percurso é circular e começa descendo pelo trilho marcado até ao fundo durante cerca de 900 metros. Uma rocha marca a continuação do percurso no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, seguindo sempre de perto o contorno da lagoa durante mais ou menos 3 km, passando pelo Poço da Velha e até voltar ao mesmo local, para depois subir por onde descemos.

Caldeirão do Corvo - mapa percurso.png

Localização: ilha do Corvo (concelho de Vila do Corvo, Região Autónoma dos Açores)

Início e fim: Miradouro do Caldeirão

Comprimento: 4,8 km

Duração: 2,5 horas

Características especiais: O PR2 COR não é um percurso difícil, mas é traiçoeiro, pois há grandes áreas cobertas de musgão por baixo do qual o solo é predominantemente pantanoso; é preciso ter cuidado e ver muito bem onde pomos os pés, para não nos atolarmos na lama; aconselho umas botas de caminhada e um impermeável – o sol pode desaparecer de um momento para o outro e instalar-se o nevoeiro ou uma chuva miudinha e persistente que molha até aos ossos.

 

 

Levada das 25 Fontes e do Risco

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Não é segredo que a ilha da Madeira é cruzada por inúmeros canais artificiais que constituem uma enorme rede de irrigação (com cerca de 2000 km no total) concebida para transportar a água das nascentes até aos campos de cultivo. Algumas destas levadas são hoje percursos excelentes e adaptados para caminhar e observar alguns dos lugares naturais mais bonitos da Madeira. Os percursos PR6 e PR6.1 levam-nos ao longo de duas levadas diferentes até duas espectaculares quedas de água: a do Risco, uma fita de água que se precipita de muitos metros de altura, e a das 25 Fontes, com uma lagoa onde a água cai em inúmeros fios por uma parede rochosa. Passeamos entre urze e espécies vegetais típicas da floresta laurissilva da Madeira, por vezes formando túneis sobre as nossas cabeças, e sempre com o som da água a acompanhar-nos.

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Localização: Rabaçal (Paul da Serra), ilha da Madeira

Início e fim: casa de abrigo do posto florestal do Rabaçal

Comprimento: 9 km + 1 km (Levada do Risco)

Duração: 4 horas

Características especiais: Alguns trechos do percurso são junto a escarpas fundas, mas nestes locais o percurso está devidamente protegido por varandins em metal, não oferecendo qualquer risco. Por ser muito frequentado, pode haver algum “congestionamento” nos trilhos mais estreitos, e alterna subidas e descidas, pelo que apesar de não ser muito extenso, acaba por se demorar bastante tempo a percorrê-lo. O estacionamento para os carros é no miradouro do Rabaçal, acima da cota do percurso, e daí até à casa de abrigo são 2 km em estrada com inclinação – sempre a descer desde o miradouro até ao início do percurso, e logicamente sempre a subir no regresso. Para quem não quiser fazer estes quilómetros extra, existe uma carrinha que faz o transporte regular de passageiros neste trajecto.

 

 

Passadiços do Paiva

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Construídos em madeira, esta excepcional obra de engenharia proporciona-nos um passeio num ambiente ainda pouco deformado pela mão humana (se exceptuarmos os próprios passadiços, claro, e os incêndios recorrentes), junto a um rio conhecido pelas suas águas bravas e durante o qual é possível observar vários geossítios – como a Cascata das Aguieiras ou a Falha de Espiunca, para só mencionar dois deles. Sendo na sua maioria pouco exigente fisicamente, na extremidade do lado da praia do Areinho, junto à ponte de Alvarenga, existe uma enorme elevação que obriga a uma subida difícil, tanto num sentido como no outro. Por todos estes motivos, o percurso não é aconselhável a quem não esteja em boa forma física ou tenha dificuldades de mobilidade, ou vá com crianças muito pequenas.

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Localização: margem esquerda do Rio Paiva (concelho de Arouca, distrito de Aveiro)

Início: Praia fluvial do Areínho

Fim: Espiunca

Comprimento: 8,7 km

Duração: 2,5 horas

Características especiais: O percurso no sentido Areínho-Espiunca é o menos exigente a nível físico – “apenas” se sobem 310 degraus, contra 450 no sentido inverso. No entanto, se a intenção for percorrer os Passadiços nos dois sentidos a opção Espiunca-Areínho-Espiunca será a mais acertada, para não ser preciso enfrentar a subida mais íngreme quase no final, quando o corpo já grita por descanso. Existem parques de estacionamento e cafés com refeições rápidas nas duas extremidades dos passadiços. Percorrendo os passadiços num só sentido, é possível apanhar depois um táxi para o ponto onde se iniciou o percurso.

 

 

Rota das Aldeias do Xisto da Lousã

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O PR2 LSA leva-nos do Castelo da Lousã até às aldeias do Talasnal e Casal Novo, percorrendo uma parte da encosta da Serra da Lousã. É um trilho circular, mas devido aos seus grandes desníveis não se torna fácil percorrê-lo, tanto num sentido como noutro, e convém estar em relativamente boa forma física – existe por isso uma variante, o PR2.1, que encurta o trajecto, diminuindo assim o grau de dificuldade. Desenvolve-se tanto no meio de vegetação cerrada, cortada por belíssimos cursos de água, como em zonas abertas que proporcionam vistas para paisagens desafogadas, dando-nos ainda a possibilidade de visitar duas aldeias que estavam praticamente abandonadas até há não muitos anos, mas que estão agora a ser recuperadas para uma nova (e diferente) vida.

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Localização: Serra da Lousã (concelho da Lousã, distrito de Coimbra)

Início e fim: Castelo da Lousã

Comprimento: 6 km

Duração: 3 horas

Características especiais: As subidas totalizam 420 metros. Há certos pontos em que é necessário subir ou descer sobre pedras, que podem ficar bastante escorregadias sobretudo em épocas de muita humidade e chuva, pelo que é necessários usar calçado próprio para caminhada e com boa aderência, e ter cuidados redobrados nesses locais para evitar as quedas.

 

 

Trilho das Fisgas de Ermelo

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Com os seus 200 metros de altura, as Fisgas de Ermelo são uma das cascatas mais imponentes do nosso país. O percurso pedestre PR3 MDB foi concebido para as contornar e mostrar-nos de vários ângulos toda a sua beleza e a igualmente bela paisagem da Serra do Alvão que as rodeia. Não é no entanto um percurso fácil, sobretudo porque a primeira metade, entre a aldeia do Ermelo e até chegar perto do Rio Olo, é praticamente toda sempre a subir e em terreno aberto – o que se torna particularmente penoso em dias de sol e calor. Cerca de 1 km antes da aldeia de Varzigueto é possível encurtar o caminho em cerca de 2 km, atravessando o rio e indo directamente até às Piocas de Cima, subindo depois até apanhar novamente o trilho marcado. A partir daí o caminho é a descer e em zonas mais sombreadas, passando pelas Piocas de Baixo e por uma ponte sobre o rio, com mais uma subida no fim para chegar à aldeia. Vários miradouros assinalados no percurso constituem pontos privilegiados de observação da cascata.

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Localização: Ermelo (concelho de Mondim de Basto, distrito de Vila Real)

Início e fim: Ermelo

Comprimento: 13 km

Duração: 4,5-5 horas

Características especiais: O desnível total ultrapassa os 640 metros, com subidas e descidas exigentes. As Piocas são pequenas lagoas escavadas na rocha pelas águas da cascata, e tanto nas de cima como nas de baixo é possível tomar banho quando o tempo o permite – as águas são límpidas e frias, e apenas é preciso ter cuidado com o fundo escorregadio nalguns sítios.

 

 (publicado na rubrica Viagens da revista Inominável nº 12)

 

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