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Viajar porque sim

Paixão por viagens, escrita e fotografia

Seg | 07.05.18

Visitar os Kew Gardens

 

Os maravilhosos Jardins Botânicos Reais de Kew, na periferia de Londres, são uma das maiores atracções turísticas da capital inglesa, e o seu valor como paisagem histórica é tão grande que estão desde 2003 classificados como Património Mundial pela Unesco.

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Criados em 1759 pela Princesa Augusta, os Kew Gardens ilustram de forma ímpar os períodos característicos da arte paisagística dos séculos XVIII a XX, com ambientes criados por arquitectos paisagistas de renome internacional e reflectindo as tendências artísticas da Europa e de regiões mais distantes. Os jardins têm também estado, desde o princípio, intimamente ligados às mudanças científicas ocorridas ao longo dos tempos nas áreas da botânica e da ecologia, contribuindo de forma muito significativa e ininterrupta para a conservação biológica, nomeadamente através do seu banco de sementes, o “Kew’s Millennium Seed Bank”, que já conta com mais de 36 mil espécies de plantas selvagens. E como se isto não bastasse, são também a casa de extensas e variadas colecções: um herbário com mais de sete milhões de espécies conservadas, plantas vivas em número superior a 30 mil, e uma biblioteca com mais de 750 mil volumes e 175 mil desenhos e ilustrações de plantas.

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Ocupando uma área de 1,21 Km2, os jardins oferecem uma grande diversidade de paisagens e atracções e são precisas várias horas para os visitar – e não fossem as dores nos pés e o cansaço, nem daríamos por elas passarem…!

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Venham comigo conhecer alguns dos lugares mais emblemáticos dos Kew Gardens.

 

 

A Estufa das Palmeiras (Palm House)

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É considerada a estrutura vitoriana de ferro e vidro ainda existente mais importante do mundo. Foi desenhada por Decimus Burton e projectada por Richard Turner para abrigar as palmeiras exóticas trazidas para Inglaterra de outros pontos do globo. Foi a primeira vez que se usaram estruturas de ferro forjado tão amplas sem estarem apoiadas em colunas, e possui 16.000 vidraças.

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Neste curto vídeo, o famoso naturalista David Attenborough fala-nos da Palm House:

 

 

O Aquário Marinho

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Alojado no subsolo da Palm House, este aquário recria quatro grandes habitats marinhos, ilustrando a importância das plantas nestes ambientes. Mas as “estrelas da companhia” são mesmo os peixes e outros habitantes das águas, como os cavalos-marinhos ou as engraçadas enguias-de-jardim.

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O Lago da Palm House

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A escultura que vemos no lago perto da Palm House representa Hércules a lutar com o deus-rio Aqueloo. Foi executada em 1826 a pedido do Rei Jorge IV, mas s ó foi instalada em Kew em 1963 – antes disso, ocupou o terraço leste do Castelo de Windsor.

 

 

A Estufa Temperada (Temperate House) 

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A maior estufa vitoriana actualmente existente abrange uma área de quase 5 mil metros quadrados e atinge 19 metros de altura. Foi criada em 1860 também por Decimus Burton e abriga uma importante colecção de plantas que se  encontram nas regiões temperadas do nosso planeta.

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O Pagode Chinês (Great Pagoda)

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Este Pagode foi concebido por Sir William Chambers e a sua construção terminou em 1762. É uma torre octogonal com dez andares distribuídos por 50 metros de altura, cada nível sendo 30 cm mais estreito do que o imediatamente abaixo. Apesar de ignorar uma regra básica dos pagodes chineses (que têm sempre um número ímpar de níveis), foi na altura a reprodução mais fiel de um edifício chinês na Europa – tão invulgar que muita gente pensou que não iria conseguir manter-se de pé.

 

 

O Portão Japonês (Japanese Gateway)

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O Chokushi-Mon (que significa “Portão do Mensageiro Imperial”) é uma réplica à escala de quatro quintos do Portão de Nishi Hongan-ji em Quioto, no Japão. Foi criado para a exposição nipo-britânica que teve lugar em Londres em 1910 e depois reconstruído nos jardins de Kew. Construído no estilo rococó japonês (Momayama), a madeira foi primorosamente trabalhada em relevo com flores e animais estilizados.

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Em volta deste Portão foi concebido em 1996 um jardim japonês adaptando os estilos de jardim do período Momayama: caminhos desenhados entre lanternas japonesas, bacias de água gotejante, gravilha e grandes pedras, rododendros e anémonas japonesas.

 

 

O Jardim de Bambu

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Em 1891, quando este jardim foi criado, continha 40 espécies de bambu originárias essencialmente do Japão. Hoje tem cerca de 1200, vindas também da China, dos Himalaias e das Américas. Como algumas destas espécies crescem rapidamente e são muito invasivas, estão contidas entre pesadas barreiras de material plástico.

 

 

A Casa Minka

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No Jardim de Bambu encontramos também uma casa tradicional das quintas japonesas. Originária da região de Okazaki, no sul do Japão, está colocada sobre uma base de grandes lajes – as minkas não tinham fundações de cimento, para permitir a sua flexibilidade na ocorrência de um terramoto. Com uma estrutura feita de troncos de pinheiro atados com cordas, foi construída sem pregos e os seus diversos elementos estão unidos por um sistema de juntas. Até meados do séc. XX, nos ambientes rurais, a maioria das pessoas vivia em casas deste tipo (minka significa literalmente “casa de pessoas”).

 

 

O Lago dos Nenúfares

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Este é um dos lugares mais tranquilos do parque. Quando os nenúfares estão em flor faz lembrar um autêntico quadro de Monet. Nas margens passeiam galinhas d’água e engraçadíssimos galeirões, e os bancos estrategicamente colocados convidam ao descanso.

 

 

O Arboretum 

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Os Kew Gardens têm no seu Arboretum uma livraria viva cujo número de árvores supera as 14.000 – algumas delas datando do séc. XVIII – representando mais de 2.000 espécies diferentes (incluindo variedades raras e antigas). Explorar este Arboretum é ter uma rápida visão da beleza e diversidade das florestas que existem no nosso planeta, com as suas paisagens fantasticamente mutantes consoante a época do ano.

 

 

O Passadiço (Treetop Walkway)

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No meio do Arboretum, entre a Estufa Temperada e o lago e 18 metros acima do solo, serpenteando por entre as árvores ergue-se um moderno passadiço de metal de onde temos vistas belíssimas sobre o jardim. Passear ao nível das copas das árvores é uma experiência invulgar e absolutamente recomendável. O piso é de grade e permite que se veja o chão lá em baixo, e as colunas de aço enferrujado que o suportam misturam-se com o ambiente natural. Concebido pelo mesmo gabinete de arquitectura que desenhou o London Eye (Mark Barfield Architects), a sua estrutura é baseada numa sequência numérica de Fibonacci, em consonância com a Natureza, onde esta mesma sequência é frequentemente encontrada nos padrões de crescimento.

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O Lago

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O grande lago dos jardins de Kew foi criado em 1856 numa área que estava a ser escavada para se obter cascalho para aplicar no solo da Estufa Temperada. Foram depois abertos túneis subterrâneos para ligar o lago ao rio Tamisa, que passa ali ao lado, e em 1861 ficou finalmente cheio. Com o cascalho que sobrou foram construídas quatro ilhas dentro do lago, agora cobertas com um tipo de vegetação que traz ao local notas de cor vibrantes, sobretudo no Outono.

 

 

A Orangery

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Tal como o nome sugere, a Orangery foi concebida como estufa para o cultivo de citrinos, mas depois foi transformada para abrigar outras plantas de grande porte e mais tarde funcionou como museu onde eram exibidas madeiras de vários tipos. É actualmente um restaurante, e o único edifício concebido como estufa por Sir William Chambers (séc. XVIII) que sobreviveu até aos nossos dias.

 

 

O Palácio

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O edifício mais antigo que se encontra nos Kew Gardens data de 1631 e serviu mais tarde como residência de Verão para o Rei Jorge III (que ficou conhecido como “o ei louco que perdeu a América”), a sua mulher e os seus 15 filhos. Pertence ao grupo dos Palácios Reais Históricos.

 

 

O Templo do Rei Guilherme

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Construído em 1837 para a Rainha Vitória e situado no Jardim Mediterrâneo, este templo foi erigido em memória do Rei Guilherme IV (de quem Vitória herdou o trono do Reino Unido). Teve inicialmente o pomposo nome de Templo do Prestígio Militar, e os seus pórticos de inspiração toscana ostentam placas de metal que comemoram as vitórias militares britânicas entre 1760 e 1815.

 

 

O Templo de Bellona

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Este é mais um edifício construído em honra das artes militares: Bellona era a deusa romana da guerra. Foi também concebido por Sir William Chambers, em 1760.

 

 

Os bancos de madeira

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Tal como noutros jardins londrinos, os bancos de madeira dos Kew Gardens são todos idênticos e seguem um modelo tradicional (e mais popular ainda por ser o leitmotiv da cena final do filme “Notting Hill” – lembram-se?). A maioria destes bancos ostentam uma placa de metal com uma dedicatória – patrocinar um banco nos jardins de Kew é uma forma única de assinalar uma data especial ou comemorar a vida de um ente querido.

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E para abrir ainda mais o apetite para visitar estes lindíssimos jardins, aqui fica um curto vídeo sobre os Kew Gardens:

 

Informações úteis

 

Website: http://www.kew.org/

 

Horário: todos os dias das 10 às 17.45 (última entrada às 17.15); no entanto, o horário de encerramento varia ao longo do ano, dependendo da estação e dos eventos organizados nos jardins.

 

Como chegar:

Metro – Estação Kew Gardens (a 500 m de Victoria Gate)

Comboio – Estação Kew Bridge (a 800 m de Elizabeth Gate)

Autocarro: N.º 65, pára em Victoria Gate e Lion Gate

De carro: existe um parque de estacionamento (pago) que funciona das 9.30 até 30 minutos depois da hora de encerramento do parque

De bicicleta: existem grelhas para bicicletas em todas as entradas dos jardins

De barco: de Abril a Outubro, a Thames River Boats opera embarcações de passeio que saem várias vezes por dia do Westminster Pier e têm paragem em Kew

 

Bilhetes:

Adultos – comprados online £17.75 (inclui uma doação) / £16; comprados na entrada £18.75 (inclui uma doação) / £17

Crianças – até aos 4 anos: grátis; dos 4 aos 16 (obrigatoriamente acompanhadas por um adulto): £4 (online); £5 (na entrada)

Estudantes (necessário apresentar prova) – comprados online £8.50 (inclui uma doação) / £7.50; comprados na entrada £9.50 (inclui uma doação) / £8.50

Especiais (para visitantes com incapacidade e maiores de 60 anos) - comprados online £15.50 (inclui uma doação) / £14; comprados na entrada £16.50 (inclui uma doação) / £15

 

 (publicado na rubrica Viagens da revista Inominável nº 13)

 

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