O Jardim Tropical Monte Palace
Que a Madeira é um jardim, não é novidade. Mas sabem que é precisamente no Funchal que fica aquele que é considerado pela revista de viagens Condé Nast Traveler como um dos 10 jardins botânicos mais bonitos do mundo?
O Jardim Tropical Monte Palace é um pedacinho de paraíso naquela que é a ilha portuguesa mais tropical e soalheira de todas. Por isso, se ainda não conhecem, venham visitá-lo comigo nesta pequena reportagem fotográfica para abrir o apetite. E um aviso: depois de lá estarem, vão ter muita relutância em sair…
Situado na encosta a sul da igreja do Monte, sobranceira ao Funchal, o Jardim Tropical Monte Palace estende-se por uma área de 70.000 m2 e está estruturado em vários ambientes diferentes entre si, mas todos igualmente encantadores. A propriedade foi originariamente uma quinta, remontando ao séc. XVIII, e na primeira metade do séc. XX funcionou como hotel, do qual herdou o nome. Pertence actualmente à Fundação Berardo.
A melhor maneira de chegar ao Jardim é sem dúvida de teleférico, numa viagem de cerca de 15 minutos que é só por si uma experiência memorável. Subindo da estação do Funchal, localizada no extremo leste da Avenida do Mar, vamos vendo a cidade a desfilar sob os nossos pés à agradável velocidade de 4 metros por segundo, substituída progressivamente por retalhos cada vez mais extensos de zonas verdes, com o mar a sul a ocupar uma enorme fatia da paisagem.
Assim que entramos no jardim, a sensação de tranquilidade é imediata. Está fresco e o som de água a correr é praticamente o único ruído de fundo. Estamos noutro mundo, e o nosso primeiro encontro é com as oliveiras milenares plantadas estrategicamente sobre a cobertura do edifício do Museu, formando uma espécie de miradouro de onde se avista uma parte do jardim que se estende pela encosta aos nossos pés.
Descendo pelo caminho da esquerda, encontramos os primeiros dos 40 painéis de azulejos da autoria do artista argentino Alberto Cédron que estão espalhados ao longo dos passeios do jardim e retratam os acontecimentos mais importantes da História de Portugal desde a fundação do nosso país até à Terceira República.
Seguimos depois para o Museu, um edifício colorido que alberga dois espaços expositivos diferentes. Os dois pisos superiores estão ocupados pela exposição “Paixão Africana”, um acervo de mais de 1000 esculturas contemporâneas criadas por artistas do Zimbabué entre 1966 e 1969. No piso inferior, o ambiente é mais soturno, evocando as grutas e cavernas de onde foram extraídas as inúmeras amostras de minerais que compõem a exposição “Segredos da Mãe Natureza” – e que incluem uma bem recheada colecção de gemas e diamantes.
Saímos para o exterior e continuamos a descer até ao Jardim Oriental Norte, onde dois grandes cães de Fó guardam a entrada. A partir daqui, o vermelho das portas japonesas e dos corrimões trabalhados contrastam com o verde intenso, declinado em todos os seus tons, da vegetação exuberante. A espaços encontramos esculturas, bancos e lanternas orientais em pedra, além de pagodes em várias versões. E água, muita água por todo o lado, em pequenos apontamentos ou extensões mais alargadas. Bambus, cicas, fetos arbóreos camélias e orquídeas são apenas algumas das milhares de espécies diferentes de plantas que povoam o jardim, em pacífica coexistência com as muitas outras que são típicas da floresta Laurissilva da Madeira.
O painel “A Aventura dos Portugueses no Japão” é uma obra de fôlego constituída por 166 azulejos que contam a história do intercâmbio cultural e comercial entre o nosso país e o Japão que teve início no séc. XVI. Rodeado de bambus e “protegido” por um buda em pedra, é um dos lugares mais harmoniosos do jardim.
A vegetação quase cerrada abre-se depois para dar lugar ao Lago Central, um espaço absolutamente romântico dominado por um grande espelho de água habitado por estatuetas e animais, e alimentado por uma cascata exuberante. Em pano de fundo, o edifício que foi em tempos o Hotel Monte Palace. Inspirado nos castelos franceses, com telhados muito inclinados e ornamentado de elementos decorativos, é do miradouro em frente que temos a possibilidade de apreciar uma das mais bonitas panorâmicas sobre o Funchal e o Atlântico.
Está espalhada por todo o jardim uma impressionante colecção de estátuas e outros elementos escultóricos e arquitectónicos em pedra ou metal, entre eles um busto do imperador Adriano datado do séc. II, e uma janela e um nicho manuelinos do séc. XVI.
Outra das atracções maiores do jardim são as lagoas com os peixes Koi situadas no Jardim Oriental Sul. Em número e variedade impressionante, estão tão habituados aos visitantes que se aproximam em cardume mal notam a sombra de alguém, e é vê-los a competirem pelo mais pequeno vislumbre de possível comida. Descendentes da carpa negra com o nome de Magoi, os Koi existem no Japão desde o séc. II a.C., e os deste jardim têm uma enorme variedade de cores e tamanhos. Como não sobrevivem em água estagnada, as lagoas tiveram de ser dotadas de um sistema de filtragem tecnologicamente avançado e sem recurso ao uso de produtos químicos.
Há tanto que ver e é um passeio tão agradável que as horas passadas no jardim fogem sem darmos por isso. É um lugar único e privilegiado para apreciar a comunhão entre a natureza e a arte, relaxar a mente e renovar energias. Um lugar que deixa saudades.
(Todas as informações de ordem prática necessárias estão disponíveis no site oficial do jardim. Para quem quiser saber mais sobre a história do Monte Palace, aconselho a visita a esta página. Informações sobre o teleférico aqui)
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