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Viajar porque sim

Paixão por viagens, escrita e fotografia

Seg | 23.10.17

Na ilha das Flores - parte IV

 

Na costa oeste da ilha das Flores não há um único lugar que não mereça ser visitado. Em poucos quilómetros de comprimento, tem de tudo: ribeiras e cascatas espectaculares, povoações encantadoras, pessoas acolhedoras, trilhos pedestres para calcorrear, e vistas fantásticas ao virar de cada curva.

 

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Moinho de água da Ribeira da Alagoa

 

Perto do desvio para a Fajãzinha encontramos um pedacinho do Portugal rural que está quase em extinção e vai sendo cada vez mais difícil encontrar sem ser exclusivamente para fins turísticos. Ainda em funcionamento, mas também aberto gratuitamente a quem queira visitá-lo (das 13 às 17h de domingo a sexta), o moinho de água da Alagoa sobrevive desde 1869 – pelo menos é o que dizem as fontes oficiais, apesar de numa inscrição na pedra sobre a porta se ler “1862”. As questões sobre a data são de somenos importância neste caso, o que interessa realmente é saber que já trabalha em prol da comunidade há cerca de 150 anos: é obra!

 

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Coincidiu a nossa chegada com a da D. Fátima, a moleira, que abriu a porta e respondeu simples e simpaticamente a todas as nossas maçadoras perguntas. O moinho foi renovado há poucos anos, mas o sistema de funcionamento continua inalterado: a força da água que penetra pelos canais subterrâneos da construção faz mover as pás do duplo engenho ligado às mós instaladas dentro da casa. Aqui mói-se sobretudo milho, tanto amarelo como branco (sabiam que existe milho branco?), que cada produtor particular traz dentro de sacas devidamente identificadas e arrumadas numa bancada à espera que chegue a vez do seu conteúdo ser transformado, sob o olhar atento da D. Fátima e dos visitantes.

 

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O passeio continua cá fora, por entre os canais e as flores do jardim de que a D. Fátima cuida zelosamente, e descendo as escadas para espreitar o trabalho da água, do qual depende toda a existência deste moinho – que é um excelente exemplo de conservação (sem artifícios) do património natural e construído da ilha das Flores, testemunho genuíno de um passado ainda não muito longínquo da vida tradicional portuguesa.

 

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Fajãzinha

 

Na estrada que vem da Fajã Grande para sul, a seguir ao moinho da Alagoa encontramos à direita o desvio para a Fajãzinha. Pouco depois de começar a descida vale a pena parar no miradouro, e por mais do que uma razão. A primeira é para poder admirar a paisagem vista de cima: um planalto irregular encaixado entre escarpas, onde o verde domina, com umas quantas casas espalhadas, uma igreja, e o mar ao fundo a confundir-se com o céu.

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Descendo pelas curvas e contracurvas da estrada passa-se pela aldeia, e já muito pertinho do mar encontramos uma casa simples, feita de pedra, que abriga um dos mais afamados restaurantes da ilha: o Pôr-do-Sol. É pequeno e tem muita clientela, por isso se quiserem comer lá convém ir cedo. A decoração e a cozinha são tradicionais, e enquanto esperamos pela comida vamos enchendo a barriga com as entradas: torresmos caseiros, tartes de papas de milho cortadas às fatias, em jeito de pão, e o doce mais delicioso que eu já comi em toda a minha vida – bem que tentei adivinhar de que é que seria, mas acabei por ter de perguntar ao dono da casa, e a resposta nunca me passaria pela cabeça: doce de tamarindo, de produção própria. A minha gulodice obrigou-me a perguntar se vendiam para fora, mas infelizmente o que produzem é pouco e só mesmo para consumo do restaurante. O que é uma pena, porque é qualquer coisa do outro mundo. Experimentámos também as tortas de algas, outra iguaria típica das Flores que eu nunca tinha provado e que sabiam mesmo a mar.

 

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Subindo a estrada de regresso, a paisagem que se nos oferece ao longe é a de uma imensa parede verde por onde correm várias (muitas) estreitas cascatas de água branca – as mesmas que caem no Poço da Ribeira do Ferreiro. Vale a pena descer à Fajãzinha só para ter esta visão.

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Cascata da Ribeira Grande

 

Umas destas cascatas, a mais volumosa, e tão alta que uma parte da água se desfaz em névoa, é a cascata da Ribeira Grande. Visível a partir do Miradouro da Fajãzinha, o melhor local para a observar quase por completo é o Miradouro do Portal, que encontramos já de regresso à estrada principal e depois de algumas curvas e contracurvas. A Ribeira Grande é a maior corrente cristalina da ilha, e esta cascata é composta por vários saltos, dos quais o último é o maior e mais impressionante. Ao todo, dizem as fontes oficiais que as águas da cascata caem de quase 300 metros de altura – um número que impõe respeito.

 

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Rocha dos Bordões

 

Passamos mesmo por baixo dela quando vamos da Fajã Grande para Lajes das Flores, no extremo sul da ilha, mas as curvas e as árvores não nos deixam vê-la em condições, por isso o melhor mesmo é parar no miradouro depois de passar o desvio para Mosteiro. A Rocha dos Bordões é o ex libris da ilha das Flores, e é sem dúvida um dos monumentos naturais mais estranhos que podemos encontrar. Curioso fenómeno geológico, único nos Açores, em que o basalto solidificou em estrias verticais muito altas, formando um enorme morro, é um geossítio classificado com a bonita idade de cerca de 570 mil anos (!!!), e as suas colunas regulares e geométricas têm aproximadamente 20 metros de altura.

 

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Sítio da Assumada

 

Como expliquei num post anterior, escolhemos um alojamento na Fajã Grande, e foi sem sombra de dúvida uma excelente escolha. O Sítio da Assumada é um eco resort muito confortável e bem cuidado, com espaçosas casas independentes implantadas num jardim e dotadas de todas as comodidades necessárias, tanto para estadias mais curtas, como a nossa, como para umas férias mais prolongadas – ideal para quem levar crianças, por exemplo. A cozinha está equipada com tudo (há um supermercado perto, para quem quiser fazer as refeições em casa). O Ricardo é um anfitrião muito simpático e atencioso, e sabe tudo sobre a ilha. Recomendo vivamente!

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(podem ver mais informações aqui: http://www.sitiodaassumada.com)

 

 

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