Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Viajar porque sim

Paixão por viagens, escrita e fotografia

Qui | 27.08.20

Lisboa vista de cima

 

Conhecem a lenda de Lisboa? Diz-se que o nome romano da nossa capital, Olissipo, derivará de Ulisses, o herói da Odisseia, poema épico atribuído a Homero. Ulisses aportou em determinada altura a um belo lugar habitado por serpentes, cuja rainha se apaixonou por ele. Mas Ulisses acabou por partir, deixando a rainha inconsolável – e os sulcos que ela deixou no solo ao dirigir-se para o Tejo tentando alcançar o seu amado terão dado origem às supostas sete colinas de Lisboa, mais tarde baptizadas com nome católicos: São Jorge, São Vicente, Santana, Santo André, Santa Catarina, São Roque e Chagas.

17 Senhora do Monte.JPG

 

Lisboa cresceu muito desde essa altura. Hoje as suas colinas são bem mais do que apenas sete, e cada uma delas oferece-nos perspectivas diferentes da “Cidade Branca”, como lhe chamou Alain Tanner no seu filme de 1982. O cineasta suíço adjectivou-a de branca pela luz que a ilumina durante quase 2800 horas por ano, o que faz dela a terceira cidade mais soalheira da Europa. E que melhor maneira de apreciar Lisboa, e todas as suas cores iluminadas pelo sol, do que vê-la de cima? Não, não é uma viagem de avião ou helicóptero que vos proponho, nem tão pouco vos vou mostrar perspectivas captadas por um drone. Desta vez vamos apreciar as várias faces de Lisboa a partir de alguns dos seus lugares mais emblemáticos: os miradouros.

 

 

Teleférico do Parque das Nações

1 Parque das Nações.jpg

2 Parque das Nações.JPG

Um teleférico não é propriamente um miradouro tradicional, mas é sem dúvida uma das melhores formas de ver o Mar da Palha e o Parque das Nações, a zona mais jovem e futurista da cidade. São oito minutos de viagem a trinta metros de altura, percorridos suavemente em cabinas envidraçadas que nos oferecem uma das perspectivas mais abrangentes e emocionantes do extremo leste de Lisboa.

3 Parque das Nações.JPG

 

 

Portas do Sol

5 Portas do Sol.JPG

4 Portas do Sol.JPG

Engastado entre o Castelo e Alfama, o Miradouro das Portas do Sol é um dos locais privilegiados para observar o cais onde atracam alguns dos grandes navios de cruzeiro que aportam a Lisboa, ao lado das linhas aerodinâmicas do novo edifício do terminal. Ao fundo, do lado de lá do Tejo, o Barreiro estende-se a perder de vista.

 

 

Santa Luzia

6 Santa Luzia.JPG

7 Santa Luzia.JPG

Apenas 50 metros mais abaixo, o Miradouro de Santa Luzia tem o nome da igreja a que está encostado. Entre o azul do céu e o do rio, os nossos olhos encontram as cores pastel do casario labiríntico de Alfama, acima do qual se ergue a cúpula do Panteão Nacional e, num plano superior, a imponente envergadura da Igreja de São Vicente de Fora.

8 Santa Luzia.JPG

 

 

Miradouro da Graça

9 Graça.JPG

10 Graça.JPG

O seu nome oficial é Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen, e a atestá-lo está o busto em bronze da poetisa, réplica de um outro em pedra criado pelo escultor António Duarte nos anos 50. Fica paredes-meias com a igreja e o jardim da Graça, e oferece-nos uma das melhores vistas sobre grande parte da Lisboa, desde a Mouraria ao Chiado, para a esquerda, e até às Amoreiras, para a direita.

12 Graça.JPG

11 Graça.JPG

 

 

Miradouro da Senhora do Monte

13 Senhora do Monte.JPG

16 Senhora do Monte.JPG

No mesmo eixo mas um pouco mais a norte, ao lado da deliciosa Ermida da Nossa Senhora do Monte, está um dos miradouros mais amados de Lisboa. Daqui temos uma vista desafogada para o lado norte do Castelo de São Jorge, o Martim Moniz, o Bairro Alto, e os bairros que acompanham a Avenida Almirante Reis até ao Areeiro. E descobrimos pormenores encantadores nas silhuetas dos telhados e das torres.

15 Senhora do Monte.JPG

 

 

Jardim do Torel

18 Torel.JPG

19 Torel.JPG

Este jardim escondido entre a Avenida da Liberdade e o Campo dos Mártires da Pátria, empoleirado no alto da colina de Santana, é ainda praticamente um segredo de Lisboa – e é também um dos seus melhores miradouros. Está rodeado de palacetes do século XIX e distribui-se em vários níveis. Tem bancos, pequenos lagos, estátuas e muita sombra, e uma vista directa para a Baixa, a encosta da sétima colina e o famoso e bem mais frequentado Miradouro de São Pedro de Alcântara, que fica mesmo em frente.

20 Torel.JPG

 

 

Santa Catarina

21 Santa Catarina.JPG

22 Santa Catarina.JPG

É mais conhecido por Miradouro do Adamastor, à conta da escultura de Júlio Vaz Júnior ali colocada desde os anos 20 do século passado. Reaberto há menos de um ano depois de obras de recuperação, o espaço é um dos lugares preferidos pela juventude trendy lisboeta que adoptou recentemente o bairro da Bica como local-coqueluche. Virado de frente para o Tejo, é o melhor local para observar a zona ribeirinha entre o Cais do Sodré e Santos, e o padrão irregular da colmeia de edifícios que é o bairro da Madragoa.

23 Santa Catarina.JPG

 

 

Capela de São Jerónimo

24 São Jerónimo.jpg

Fica na zona mais nobre do Restelo outro dos melhores segredos de Lisboa. Rodeado de pinheiros e grandes casas, pouco ostentatórias e dissimulando cuidadosamente a riqueza de quem as habita, o local onde se ergue esta pequena e simples capela com origens no século XVI é um miradouro fantástico sobre Belém e o trecho final do Tejo antes de se encontrar com o oceano. Ao fundo, no enfiamento da extensa avenida que desce até ao rio, a Torre de Belém ganha ares de miragem.

26 São Jerónimo.JPG

25 São Jerónimo.JPG

27 São Jerónimo.JPG

 

Estes são apenas alguns dos muitos locais que nos desvendam perspectivas diferentes de Lisboa, esta cidade que teima em reinventar-se para se manter, aos nossos olhos, sempre menina e moça.

 

(Este roteiro foi publicado pela primeira vez no website Fantastic)

 

Já seguem o Viajar Porque Sim no Instagram? É só clicar aqui

 

Guardar no Pinterest

Lisboa vista de cima

4 comentários

Comentar post