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Viajar porque sim

Paixão por viagens, escrita e fotografia

Qui | 06.05.21

Diário de uma viagem à Islândia VIII

Na Austurland (Região Leste)

 

A Austurland é outra das regiões da Islândia em que os vales extensos e quase planos, cobertos de verde na época menos fria, contrastam com montanhas abruptas formadas por milhares de camadas basálticas, e que nos recordam de como esta ilha é geologicamente tão jovem. Também aqui a costa é essencialmente recortada por fiordes, em cujas margens se abriga a maior parte das povoações. Apesar de ter um clima pouco turbulento, é uma região quase desértica, onde vive apenas 3,2% da população islandesa – mas é também, em contrapartida, a única do país onde vivem renas.

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Dia 8

 

Saímos cedo do alojamento e lançámo-nos ao caminho daquele que iria ser o dia mais longo de toda a viagem: 550 km, com algumas paragens pelo meio, embora menos do que as que eu gostaria de fazer. Os dias que ainda tínhamos para viajar não nos davam grande margem para demoras, e por isso a Austurland foi uma das regiões em que mais sacrificámos lugares que bem mereciam ser visitados.

 

Voltámos à Ring Road e a passar a norte do Lago Myvátn, para depois virar para a estrada de acesso ao Krafla, um dos sistemas vulcânicos mais explosivos da Islândia: a história regista 29 erupções desde o início do povoamento da ilha, tendo as mais recentes ocorrido entre 1975 e 1984. Tal como outros vulcões da Islândia (incluindo o Fagradalsfjall, que entrou em erupção no dia 19 de Março de 2021 e tem alimentado as notícias com imagens espectaculares), o Krafla encontra-se precisamente no eixo da Dorsal Mesoatlântica, a crista do oceano Atlântico onde as placas tectónicas norte-americana e eurasiática divergem.

 

A manhã não estava agradável. A neblina às vezes mais parecia chuvinha e o termómetro do carro marcava uns míseros 4°C. No caminho passámos pela central geotérmica de Krafla, visível no cinzento generalizado da atmosfera pela cor avermelhada de alguns edifícios e por uns quantos penachos de vapor. Embora seja a maior central termoeléctrica da Islândia, produzindo actualmente 500 GWh de energia por ano (tendo em conta que 1 GWh pode alimentar cerca de 300 mil casas, dá para ter uma ideia da enorme capacidade produtiva desta central), a dimensão do complexo é reduzida, por comparação com as centrais de produção de energia que estamos habituados a ver. Curiosamente, foi instalada em 1977, durante o período mais recente das erupções do Krafla. Também a título de curiosidade, saibam que uma prospecção feita em 2006 neste sistema vulcânico revelou a existência de uma grande quantidade de lava a uns meros dois quilómetros abaixo da superfície terrestre, estando em curso um projecto pioneiro de perfuração com a finalidade de aproveitar a energia gerada pelo magma.

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A maior atracção turística do Krafla é a cratera Víti, formada aquando das fortíssimas erupções deste sistema vulcânico em 1724, que duraram cinco anos e ficaram conhecidas para a posteridade como os Fogos de Mývatn. Nesta cratera com cerca de 300 metros de diâmetro existe um lago com água de um azul tão turquesa que nem o nevoeiro conseguia tirar-lhe o brilho. Um trilho percorre o perímetro da cratera, mas as chuvas dos dias anteriores tinham empapado o solo de tal maneira que bastou subir uns poucos metros para ficar com as botas completamente enlameadas. O vento gelado e húmido também não convidava ao passeio, e por isso a nossa visita ao local foi muito curta.

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Apesar de ser a principal via rodoviária do país, a Ring Road não é mais do que uma estrada alcatroada com apenas duas faixas de rodagem, uma para cada sentido, e a velocidade máxima permitida são 90 km/hora – o que explica o facto de, pese embora o reduzido movimento automóvel no troço que percorre a zona leste da Islândia, termos demorado duas horas a chegar a Egilsstaðir, a maior localidade da Austurland.

 

Situada na margem do lago Lagarfljót, Egilsstaðir é sobretudo um ponto de passagem (e geralmente também paragem) obrigatória para quem viaja pelo leste da Islândia, pois é o centro onde confluem os eixos viários que ligam as principais localidades da região. Tem por isso uma oferta mais alargada de lojas, restaurantes e postos de abastecimento de combustível, e foi aqui que almoçámos antes de seguir viagem. O Salt Café & Bistro é mais um daqueles restaurantes clean e sem charme particular, mas confortável e arejado quanto baste, e com um menu suficientemente variado para agradar a quase toda a gente, desde os fãs dos hambúrgueres até aos que preferem comida italiana ou indiana, entre outras hipóteses. O preço de uma refeição básica é idêntico ao de uma refeição excelente em Portugal, mas isso é uma constante na Islândia, como de resto já expliquei no post dedicado à Norðurland Eystra (Região Nordeste).

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Se apenas for possível visitar um local na Austurland, tem de ser obrigatoriamente Seyðisfjörður, que é “só” uma das vilazinhas mais bonitas da Islândia. Escondida no fundo de um fiorde muito longo, para lá chegar há que primeiro vencer a montanha que separa a costa do interior. Apesar de o tempo ter ficado mais simpático a partir do final da manhã, como de resto já era habitual, assim que nos aproximámos do cume a mudança foi repentina: o nevoeiro engoliu a paisagem e o branco da neve tornou-se a cor dominante à nossa volta. Um encanto!

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Quando começámos a descer e saímos das nuvens, a paisagem voltou a vestir o seu costumeiro manto verde, e Seyðisfjörður surgiu ao longe, encaixada num vale, entre as manchas azuladas do mar e dois picos de montanha abruptos que ultrapassam os mil metros de altura. Na descida ainda parámos ao pé da Gufufoss, uma cascata algo modesta (pelos padrões do país) mas com um entorno privilegiado em termos de beleza e de qualidade do pasto, a julgar pelo trio de ovelhas que vagueava nas redondezas e não pareceu apreciar particularmente a nossa intrusão no seu almoço.

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Embora tenha sido fundada há mais de um século como vila piscatória, o crescimento da popularidade de Seyðisfjörður nas décadas mais recentes deve-se sobretudo ao seu porto de águas fundas, adaptado para navios de cruzeiro e ferries, que trazem muita gente à localidade. Mas se é verdade que os navios trazem as pessoas, o charme da vila faz o resto. A maior parte das casas são de traça tradicional e construídas em madeira, muitas delas datando do século XIX. Bem conservadas, por vezes com cores garridas nas paredes ou nos telhados, agrupam-se em volta da pequena lagoa adjacente ao porto, com as montanhas a servirem de anfiteatro.

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Em passeio pelas ruas da vila fui surpreendida por pormenores deliciosos que revelam uma das suas facetas: pese embora a localização remota, Seyðisfjörður é um dos centros artísticos mais activos da Islândia, o que é perceptível tanto pela arte de rua como pelos jardins das casas, muitos deles embelezados com criações cheias de originalidade. A somar a isso, a vila é palco do LungA, um festival cultural que se realiza anualmente em Julho.

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No entanto, não há qualquer dúvida de que o cenário mais fotografado – e por isso mesmo mais famoso – de Seyðisfjörður é a ruazinha cujo pavimento foi pintado com as cores do arco-íris, ao fundo da qual se ergue uma das igrejas mais icónicas da Islândia, apesar da sua simplicidade de linhas. A igreja azul, como é conhecida, tem uma história bem atribulada: foi construída no século XIX nos terrenos de uma quinta, mudada de lugar várias vezes, danificada por uma tempestade e mais tarde por um incêndio. Sempre reconstruída, é mais um símbolo da resiliência islandesa e a sua fama é, também por isso, merecida.

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Seyðisfjörður só tem ligação a Egilsstaðir, e portanto tivemos de voltar pela mesma estrada – o que não é propriamente um sacrifício, pois são pouco mais de 20 quilómetros e a paisagem é verdadeiramente deslumbrante. Depois optámos por continuar para sul pela Ring Road, mais demorada do que se fôssemos pela Estrada 95, mas que nos garantia piso alcatroado e vistas para o mar e os fiordes. À medida que nos aproximámos da costa o tempo foi clareando, e o sol já brilhava, por entre as habituais nuvens com formas estranhas, quando contornámos a península de Kambanes, entre Stöðvarfjörður e Breiðdalsvík, numa estrada que só existe desde 2002 e que foi construída para substituir uma outra, bastante rudimentar, traçada apenas 40 anos antes.

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Por volta das cinco e meia da tarde parámos em Djúpivogur, situada aos pés do Búlandstindur, uma montanha com 1069 metros de altura que mais parece uma pirâmide e já tinha chamado a nossa atenção do outro lado do fiorde, os seus picos irmãos envoltos em rolos de nuvens surreais. Djúpivogur é local calmo de veraneio e observação de aves, com uma marina e algumas praias minúsculas abrigadas nas enseadas rochosas.

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Tranquilidade é mesmo a palavra de ordem nesta pequena vila piscatória, onde o turismo tem cada vez mais importância e a falta dele, num ano em que há restrições à entrada de viajantes no país, dá-lhe um ambiente sonolento. Djúpivogur é a única localidade islandesa que pertence à Cittaslow, uma rede internacional de locais que dão primazia aos produtos genuínos, às actividades tradicionais e à protecção ambiental, em prol de um modo de vida menos acelerado e mais autêntico.

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Mas o motivo principal que nos trouxe aqui foi uma escultura – ou melhor, uma instalação composta por 34 ovos gigantes, esculpidos em granito com diversas tonalidades e alinhados ao longo de um paredão, sobre os pilares de cimento que em tempos suportaram a conduta de ligação a uma fábrica de processamento de peixe, hoje convertida em centro de exposição de obras de arte. A Eggin í Gleðivík (“Ovos na Baía Alegre”), criada pelo artista visual Sigurður Guðmundsson, é um tributo às aves marinhas que nidificam na região. Cada ovo de granito é uma reprodução exacta, em formato e cor, dos ovos de uma dessas aves, devidamente identificada com uma pequena placa informativa junto à réplica correspondente. E todos, excepto um, são do mesmo tamanho. O ovo que se destaca pelas suas dimensões (ainda) mais avantajadas é o da ave oficial de Djúpivogur, a mobelha-pequena (nome em latim: gavia stellata).

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Sabe-se que a vila (com cerca de 450 habitantes, na verdade é mais aldeia do que vila) já existia como porto comercial pelo menos em finais do século XVI. Ao pé da marina, onde flutuava uma solitária bóia-flamingo de cor berrante e dois pré-adolescentes se afadigavam em volta de uma prancha de surf, há uma casa tradicional comprida que se destaca, feita em madeira e pintada de vermelho: é a Langabúð, o edifício mais antigo da localidade, construído em 1790 e que actualmente aloja o centro cultural e de informação turística.

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Nesta região a Ring Road continua o seu caminho pela orla costeira, com breves incursões mais para o interior, e nós continuámos com ela. Na península de Hvalnes, mais um deslumbramento. De um lado uma praia extensa, que é também uma reserva natural, onde a água rasa desenha curvas entre os bancos de areia cinzenta e grandes congregações de cisnes-bravos se reúnem para passar o Verão, nidificando junto às lagoas. Do outro lado, a magnífica Eystrahorn, uma montanha com formações rochosas extravagantes, pintalgadas de rosa-pálido e verde, que faz parte da cordilheira do vulcão Krossasnesfjall. Entre a montanha e a água parda da lagoa, os edifícios brancos de uma quinta compõem o cenário – a fazerem-me lembrar cogumelos minúsculos que tivessem brotado espontaneamente da planície.

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Uns quantos quilómetros mais à frente, sozinha ao lado da estrada, mais uma bizarria islandesa: em cima de uma rocha, uma cadeira de madeira com um tamanho avantajado e pintada de vermelho. Também conhecida como cadeira do Batman, é colocada no local, depois de cada Inverno, pelo dono da quinta que lhe fica próxima, para que as pessoas parem e se sentem para tirar uma fotografia com a Brunnhorn como pano de fundo – a montanha carinhosamente apelidada pelos locais de “montanha Batman”, porque o seu formato evoca o logótipo do famoso personagem de banda desenhada.

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A seguir à Brunnhorn encontra-se a Vestrahorn, que é uma das duas montanhas mais fotografadas da Islândia (a outra é a Kirkjufell, que podem ver no post publicado sobre a península de Snæfellsnes). Entre a base desta montanha e o mar foi construído em 2010, para um filme islandês, o cenário de uma hipotética aldeia viking. O filme nunca chegou a ser rodado e o cenário ali ficou: uma longa paliçada cinzenta que mal se vê ao longe, perdida na planície aos pés da magnífica montanha que é a Vestrahorn, cujos picos rochosos abruptos atingem mais de 450 metros de altura. Está situado em propriedade privada, e para lá chegar é preciso sair da Ring Road na direcção da península de Stokksnes e parar no Viking Café, que também é alojamento local, para comprar o bilhete de entrada (à data actual, menos de 6 € por pessoa, uma pechincha pelos padrões islandeses). Depois dá para continuar com o carro durante mais uns metros, mas o resto do percurso até à “aldeia” tem de ser feito a pé.

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Se de longe o local não parece prometedor, assim que passamos para o lado de lá da cerca de madeira mudamos de opinião. As casas estão verdadeiramente bem recriadas – várias são inteiramente feitas de toros de madeira, outras têm portas e ombreiras com motivos esculpidos, e os telhados foram recobertos de erva. A paliçada tem estacas irregulares e aguçadas, há escadas e caminhos de madeira rudimentares e treliças feitas com finos ramos de árvore, e nem sequer falta uma masmorra, fechada com um forte gradeamento de metal. Com uma ou outra excepção, as casas que estão abertas não têm nada no interior, ou só têm restos de madeira, e pilares e escoras para suportar as paredes e os telhados. Dá para perceber que o cenário só se destinava mesmo a ser usado para filmar exteriores.

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Por estranho que pareça, o local acaba por ser fascinante, assim como que uma espécie de parque de aventuras para adultos entre o primitivo e o arruinado. Subimos e descemos, espreitámos pelas aberturas e pelas janelas, entrámos por um lado e saímos por outro, fotografámos até à exaustão, e quando demos por nós já ali estávamos há quase uma hora. Diferente, e divertido.

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Até ao alojamento que tínhamos reservado para passar a noite foram apenas 15 minutos. A Seljavellir Guesthouse é um edifício baixo e sobre o comprido, cujos quartos modernos têm acesso pelo exterior através de enormes portas de correr envidraçadas, e uma vista soberba através da planície até ao glaciar Vatnajökull. No lusco-fusco da meia-noite, o céu e as nuvens matizaram-se com nuances de roxo, rosa e laranja, numa espécie de pôr-do-sol sem astro-rei, escondido atrás das nuvens e das montanhas.

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O alojamento tem ainda uma outra particularidade, e por sinal hilariante: um trio de ovelhas, que reclamou ruidosamente a atenção dos donos quando chegou a hora de recolher. Ter ovelhas com animais de estimação, em vez de cães ou gatos, é só mais uma das opções peculiares que os islandeses têm à sua disposição.

A Islândia é, de facto, todo um outro mundo.

 

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O roteiro e várias informações práticas sobre a Islândia estão aqui: Coleccionar paisagens surreais na Islândia

 

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