Dia dos Namorados: 10 sugestões em Portugal para 10 estilos de casais
O São Valentim está à porta e este ano é a uma sexta-feira, o que é óptimo para quem não só faz questão de celebrar o dia, como sobretudo gosta de escapadinhas de fim-de-semana. Proponho-vos por isso, em vez do simples jantar à luz das velas, que aproveitem para ir descobrir mais um dos muitos recantos que o nosso romântico país tem para oferecer a quem gosta de sair da rotina. E como não quero que vos falte nada, decidi fazer uma selecção especial de locais diferentes e particularmente indicados para diferentes estilos de casais. Ora vejam…
O casal “artístico”
São fãs de museus e não perdem uma exposição de pintura ou escultura nem a inauguração de uma galeria ou da mais recente instalação de um artista de vanguarda. Não concebem um fim-de-semana sem olharem para um quadro ou verem um documentário sobre arte. Oferecem um ao outro bilhetes para a Gulbenkian ou Serralves, e livros sobre teoria da arquitectura e arte minimalista. Obviamente, lá em casa a televisão está sempre ligada na RTP2.
A minha sugestão: Boticas
Arquitecto e pintor português, falecido em 2013, Nadir Afonso foi pioneiro da arte cinética e é um artista internacionalmente reconhecido, com trabalhos expostos em vários museus em todo o mundo. O Centro de Arte da Fundação Nadir Afonso em Boticas, na região do Alto Tâmega, é um espaço amplo e luminoso perfeito para apreciarem muitas das criações deste talentoso Mestre. Boticas tem também outros motivos de interesse, como o Parque do Ribeiro do Fontão, o Museu Rural, ou a ponte romana e o Parque Lazer e Biodiversidade, estes já fora da vila. A somar a tudo isto, na bela cidade de Chaves, a pouco mais de 20 km de distância, existe desde 2016 a sede da Fundação Nadir Afonso, um edifício de linhas depuradas desenhado por Siza Vieira onde está instalado o Museu de Arte Contemporânea.
Onde ficar: Boticas Hotel Art & Spa
Um quatro estrelas moderno e muito confortável que também pertence à Fundação. Tem um programa especial para o jantar do dia de São Valentim.
O casal bucólico
É no campo que se sentem bem, de preferência numa aldeia bem recôndita. Gostam de acordar com o cantar do galo, de estar à lareira, de pão feito em forno de lenha e de enchidos caseiros. E, claro, de um bom vinho tinto. Não passam sem um passeio matinal por caminhos de cabras, e aceitam de bom grado participar em qualquer tarefa rural comunitária. Aproveitaram um espaço na varanda do apartamento para montarem uma estufa onde cultivam ervas aromáticas e plantas suculentas.
A minha sugestão: aldeia do Juízo
Esta aldeia é um repositório riquíssimo de histórias e cultura popular. Os seus poucos habitantes mantêm vivos os costumes tradicionais e nunca se furtam a uma boa conversa, o mais das vezes temperada com humor. Ainda por cima, o diacho da aldeia é bonita que se farta, há uma “taberna” com petiscos de trás da orelha, e até tem um carrascal por onde passear. Fica a curtas distâncias de várias das nossas aldeias históricas. Que mais se pode desejar?
Onde ficar: Casas do Juízo
Algumas casas da aldeia têm estado a ser recuperadas e estão a ser disponibilizadas como alojamento turístico rural. Actualmente são já oito, com tipologias variadas, todas elas mantendo a traça original e a rusticidade mas totalmente equipadas e muito confortáveis. Há ainda outras comodidades, como uma piscina coberta, estufa com produtos biológicos, sala para eventos e diversos espaços de lazer.
O casal caminhante
Andar, andar, andar… Para este casal, um fim-de-semana de sonho envolve forçosamente vários quilómetros percorridos a pé, onde quer que seja. As suas botas de caminhada já pisaram todos os passadiços do país e nenhum percurso lhes mete medo, por mais difícil que seja – para isso contam com a ajuda dos seus amigos bastões de caminhada. Esmiuçam as lojas de desporto em busca do melhor impermeável, porque nem a chuva os detém, têm no roupeiro calças que se transformam em calções, chapéus de várias espécies e meias especiais para trekking.
A minha sugestão: Drave
A esta aldeia abandonada no fundo de um vale entre três serras só se chega a pé. Uma das formas é, vindo de São Pedro do Sul, deixar o carro algures no caminho de terra batida que liga e estrada principal à aldeia e depois descer os (no mínimo) 3 quilómetros inacessíveis para um carro normal. Outra forma é fazer o trilho pedestre PR14 que começa em Regoufe, com cerca de 4 quilómetros para cada lado. Não sendo percursos longos, são desafiadores q.b., pois implicam subidas íngremes. Seja como for, vale bem a pena conhecer esta “aldeia mágica”, as suas casas de pedra meio arruinadas, a capelinha branca, o ribeiro com uma pequena cascata, ou o prado verde que ocupa uma encosta e parece coisa de filme.
Onde ficar: não há escassez de alojamento de qualidade na região em que Drave se insere, com alternativas para todos os gostos e bolsas.
Estas são apenas algumas sugestões:
opção conforto e romantismo – Inatel Palace São Pedro do Sul
opção descontraída e económica – Hi São Pedro do Sul
opção natureza – Lago da Garça Guest House
O casal citadino
Adoram o buzz das cidades, os lugares com muito movimento e gente, as ruas com lojas, a energia dos ambientes de festa, a oferta cultural variada. Já conhecem o mais recente restaurante da moda, não falham uma vernissage nem um concerto de música pop ou rock, e não vivem sem o seu grupo de amigos. Só consomem Netflix ou HBO e os seus gadgets electrónicos começam todos por “i”. Se estão dois dias sem irem ao ginásio, começam a ressacar.
A minha sugestão: Aveiro
Apesar de ainda não ser muito cosmopolita, Aveiro é ainda assim uma cidade moderna e carregadinha de animação. Para além da grande afluência de turistas, quase constante ao longo de todo o ano, as festas e os eventos sucedem-se uns aos outros e nota-se uma predominância de população jovem, sobretudo devido à sua Universidade. Tem mercados de rua com estilo, street art e um nunca acabar de restaurantes e cafés. Se tudo isto não fosse suficiente, tem São Jacinto e a Costa Nova mesmo ao lado, com a correspondente dose de quilómetros de areal e bares de praia.
Onde ficar: Hotel Jardim
Confortável, bem decorado e bem situado. Tem pacotes especiais para celebrar o Dia dos Namorados.
O casal clássico
Apreciam a tranquilidade e evitam a agitação e as grandes multidões. Gostam de conforto, de boa comida e bons vinhos, de herdades solarengas e miradouros com vistas amplas, de cidades e vilas onde o tempo escorre devagar. Têm uma preferência especial pelo barroco, por jardins em estilo francês, igrejas sóbrias, livros antigos e adegas vinícolas. Ouvem música clássica, vão à ópera e ao ballet, e ainda lêem jornais e revistas em papel.
A minha sugestão: Vila Real
Centenária e nobre, sede de diocese, e próxima do maravilhoso rio Douro, Vila Real tem muito para descobrir e oferecer. É rica em património cultural e histórico, com particular destaque para as suas igrejas. O Palácio de Mateus e os seus jardins são de visita obrigatória – a casa pelos seus salões e biblioteca, os jardins pelos parterres onde o bucho desenha arabescos intrincados e as cameleiras são rainhas, pelo lago onde repousa a bela adormecida que Cutileiro criou para o local, e pelo peculiar túnel de cedros. A sul de Vila Real, todas as maravilhas que o Douro tem para oferecer, sejam elas a icónica vista a partir de São Leonardo da Galafura, os vinhedos a desdobrarem-se em socalcos infinitos, ou a romântica Estrada Nacional 222, que acompanha o rio e já foi considerada (com cálculos matemáticos a prová-lo) a melhor estrada do mundo para conduzir.
Onde ficar: a oferta é imensa, e a dificuldade está em escolher. Ficam aqui duas sugestões cheias de encanto:
à beira do Douro: Quinta da Travessa, em Covelinhas
à beira da cidade: Casa Agrícola da Levada
O casal glamour vintage
Estão habituados a um estilo de vida confortável e não abdicam dele. Os móveis que têm em casa foram herança dos avós ou comprados em antiquários. É impensável usarem roupa que não seja feita por medida ou de uma boa griffe. Os fins-de-semana são habitualmente passados numa das quintas da família, onde se reúnem com pais, tios, primos e sobrinhos. Têm carro mas só o usam quando vão para fora; na cidade preferem andar de táxi. Nunca comeram fast food nem usam guardanapos de papel. Viajam pouco para o estrangeiro, a não ser quando vão em trabalho, e jamais em classe turística (enfim, se for para Madrid, que é já aqui ao lado, ainda vá que não vá…).
A minha sugestão: Buçaco
Uma floresta com vários ambientes fantásticos, onde é possível passearem durante horas sem verem vivalma, ou descansarem na companhia de um livro – e um do outro, claro está. Há um convento, uma Via Sacra, o Vale dos Fetos, fontes e miradouros, muito sossego e ar puro. Nos arredores, o Luso e a Curia, lugares igualmente cheios de charme e com a patine de outros tempos.
Onde ficar: Palace Hotel do Buçaco
Uma escolha óbvia que praticamente dispensa justificações. Um hotel maravilhoso, único no país, onde se respira a aura de tempos antigos.
O casal gourmet
São capazes de fazer quilómetros para irem comer qualquer coisa que lhes apeteça no momento. Escolhem os destinos de férias em função da gastronomia do local. Não contam os tostões quando se trata de comida e gostam de ir verificar in loco se a crítica favorável a um determinado restaurante é justificada. Em casa, a cozinha é a divisão mais importante, aberta para a sala para poderem conviver com os amigos à volta do forno e dos tachos. O canal preferido é o 24 Kitchen e todos os anos esperam ansiosamente para conhecer que restaurantes vão receber as célebres estrelas Michelin. Na culinária, gostam de tudo, desde que seja bem confeccionado e saboroso. Experimentam todas as novidades, mas não desdenham um belo prato tradicional.
A minha sugestão: Santarém
Admirados? Eu percebo a estranheza, pois não é a primeira cidade que vem à cabeça quando o assunto é gastronomia. Mas é mais que tempo de alterar esta percepção. Para lá da sopa da pedra pela qual Almeirim é famosa, há um bom número de razões para ir conhecer o que actualmente se faz de melhor na cidade de Santarém em termos culinários. Aqui encontram de tudo, desde os restaurantes mais simples onde o bitoque é rei até à cozinha de fusão com base em ingredientes tradicionais. Se duvidam, experimentem ir à Taberna Ó Balcão e provem o Coscorão do Rio até ao Mar ou a sobremesa Nem tudo é Limão. Se são mais amantes da boa comida tradicional, entrem numa das duas Taberna do Quinzena, n’A Grelha ou n’O Capote, ou petisquem no Tascá. Apetece-vos vegetariano? Vão ao Flor da Vida, por trás da Escola Secundária, onde até podem aproveitar a esplanada e depois namorar com vista para o Tejo e a lezíria ribatejana. E estes são só alguns nomes. No departamento das gulodices, todos os caminhos vão dar à Bijou, na Praça Sá da Bandeira. O motivo? Os pampilhos, os arrepiados, os celestes, os bijous… Ao lado, na Loja das Tradições, podem comprar vinhos, queijos e enchidos, doces, azeites e etc., tudo com selo de qualidade e na sua maioria de origem nacional. Depois podem “desmoer” as refeições em passeio pela cidade para conhecerem as suas igrejas e conventos (são “só” quinze) e os seus jardins.
Onde ficar:
mais tradicional: Santarém Hotel
mais trendy: Hotel Umu
O casal “ninhada”
Dia dos Namorados ou não, é impossível passarem sem os filhos. Programa bom é mesmo com eles, e nada lhes dá maior satisfação do que verem-nos sorrir e divertir-se. Onde quer que vão, eles vão atrás, seja restaurante, passeio ou viagem. Só estão longe deles quando absolutamente necessário e estão sempre a pensar em novas formas de os distraírem e lhes darem “ferramentas” para serem adultos felizes e realizados. Em casa, a televisão está sempre sintonizada num canal de desenhos animados e há brinquedos por todo o lado. Os menus das refeições giram à volta das preferências das crianças. Compraram um carro maior para as cadeirinhas dos miúdos caberem à vontade e haver espaço extra para as malas. Pelos filhos, nada é sacrifício.
A minha sugestão: Lourinhã
No século XIX foram encontrados vestígios de dinossauros perto da Lourinhã e desde essa altura que se sabe que a região é rica em achados paleontológicos. Nos anos 90 do século passado encontraram-se ovos de dinossauro fossilizados em Paimogo e as descobertas continuam a suceder-se, cada uma mais importante que as outras. Não é sem razão que a Lourinhã é conhecida como a capital portuguesa dos dinossauros – e toda a gente sabe que os miúdos gostam de dinossauros. Além do Museu da Lourinhã, que expõe dinossauros únicos no mundo, fósseis de vários outros animais e, a somar a tudo isto, um enorme espólio etnográfico, abriu em 2018, nos arredores da vila, o Dino Parque, um parque temático ao ar livre que fará as delícias dos pequenos (e dos pais também).
Onde ficar:
num hotel: Hotel Figueiredos (Lourinhã)
numa casa: Zambeach House (Zambujeira, perto da praia da Areia Branca)
O casal romântico
Só têm olhos um para o outro. Vivem num mundinho muito seu, onde esporadicamente deixam entrar alguém. Raramente convivem com amigos, apenas abrindo excepções para datas festivas com a família. Tratam-se por “Mor” e passeiam de mãos dadas ou abraçados, mas o programa preferido é mesmo ficarem em casa só os dois. Telefonam-se um sem-número de vezes durante o dia e demoram cinco minutos a despedir-se. Gostam de lugares isolados, onde podem sentar-se durante muito tempo com as cabeças encostadas observando a paisagem ou o pôr-do-sol, trocando umas palavras de vez em quando. Lêem romances e poesia, preferem filmes dramáticos ou comédias românticas. Se por algum motivo tiverem de passar uma noite separados, não conseguem dormir.
A minha sugestão: Pateira de Fermentelos
É a maior lagoa natural da Península Ibérica, uma massa de água tranquila rodeada de extensas zonas arborizadas. Há locais para descansar e para piquenicar, zonas de lazer, pontes e pontões de madeira com mirantes. A diversidade biológica é grande, com uma forte componente ornitológica e de batráquios, mas também piscícola. A poucos quilómetros Águeda, cidade pequena e pacata com ruas agradáveis para passear.
Onde ficar: Estalagem da Pateira
Mesmo na margem da lagoa, isolada entre a água e o verde, local perfeito para descansar.
O casal surfista
O surf juntou-os e não vivem sem o mar e as ondas, a tal ponto que optaram por sacrificar uma boa parte do seu rendimento só para poderem pagar um T1 perto de uma praia boa para surfar. Como é óbvio, têm o rosto permanentemente bronzeado e o cabelo a fugir para o claro, tantas são as horas que passam ao sol. O carro tem tejadilho – para levar as pranchas. Passam férias em Bali ou na Costa Rica e vão à Nazaré assistir ao Tow Surfing Challenge. Desconhecem calças que não sejam de ganga, nos pés só gostam de chinelos de borracha ou ténis, e trabalham à distância ou como free lancers. Um bom peixinho grelhado e gelados são a sua comida favorita.
A minha sugestão: Praia da Arrifana
Como é óbvio, qualquer celebração tem de incluir umas quantas horas em cima da prancha. Em plena costa vicentina e já à entrada do Algarve, a praia da Arrifana é um dos paraísos do surf no nosso país, sobretudo fora da época estival. Tem boas ondas, uma paisagem deslumbrante, ar puro e um ambiente “cool”. O romantismo fica por conta do pôr-do-sol no mar, e se de repente tiverem vontade de outro cenário ou mais agitação, Sagres e Lagos ficam a poucas dezenas de quilómetros, ou podem ir conhecer outras praias da região de Aljezur (no link encontram todas as sugestões).
Onde ficar: Hi Arrifana Destination Hostel
Desde quartos deluxe até camaratas, há de tudo neste hostel, que além do mais aluga equipamento de surf e camper vans para quem quer estender a aventura até outras paragens.
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