Costa Rica: fogo nos trópicos
Vulcões - fenómenos geológicos cujo nome foi inspirado numa personagem da mitologia romana: Vulcano, o deus do fogo. Activos ou adormecidos, impõem sempre respeito, e quando entram em erupção lembram-nos do quão pouco conhecemos o interior do nosso planeta. São a ligação directa ao centro da Terra e a memória mais vívida das suas origens.
Embora só pontualmente algum deles protagonize as aberturas dos noticiários, existem actualmente em todo o mundo quase 150 vulcões activos, mesmo que muitos deles não estejam realmente em erupção mas apenas com sinais de instabilidade. Apesar do seu carácter potencialmente mortífero, os vulcões são hoje em dia uma atracção turística bastante apetecida e relativamente segura, uma vez que as modernas tecnologias permitem a sua monitorização contínua e uma rápida evacuação quando há indícios de perigo.
E qual é o país em que podemos visitar alguns destes gigantes geológicos mais activos, conhecer no seu habitat natural um número incalculável de animais e plantas, visitar 25 parques nacionais e ainda poder aproveitar o sol e o mar em praias de sonho? A resposta são duas curtas palavras:
COSTA RICA
Incluída no “cinturão de fogo do Pacífico”, e mesmo sendo um país pequeno, a Costa Rica tem no seu território o “modesto” número de 112 vulcões, cinco dos quais estão actualmente activos. São uma das grandes atracções do país, captando a atenção de turistas e cientistas, e são também um elemento importante da diversidade natural da Costa Rica – que conta, nos seus reduzidos 51 mil km2 (pouco mais de metade do território de Portugal continental), com 5% da biodiversidade do nosso planeta.
É em parte devido às muitas erupções vulcânicas ocorridas em milénios passados que o solo da Costa Rica é fértil e rico em minerais. Esta fertilidade contribuiu para uma florestação densa do território, onde habitam milhares de espécies de animais, árvores e plantas tropicais diferentes, e fez da Costa Rica um país naturalmente soberbo e um destino incontornável para os amantes da vida selvagem e do ecoturismo.
Os vulcões mais emblemáticos da Costa Rica estão inseridos em áreas classificadas como parque nacional, e nalguns deles é possível não só passear mas também praticar diversas actividades, das mais radicais às mais tranquilas.
ARENAL
O vulcão Arenal é o mais famoso e o mais turístico de todos. Isto deve-se ao facto de ter estado ininterruptamente em actividade entre 1968, a data da sua maior erupção, até Dezembro de 2010, com efusões lentas de lava e ocasionais fluxos mais espectaculares.
Tem um cone vulcânico considerado “perfeito”, que paira quase 1700 metros acima do parque que o rodeia e do lago Arenal, a maior albufeira do país.
Na região, além dos passeios pelo parque natural e da visita às cataratas de La Fortuna, é obrigatório conhecer um dos vários centros termais que aproveitam as águas naturalmente quentes que brotam do subsolo para oferecerem aos visitantes espaços de lazer verdadeiramente inesquecíveis, com piscinas rodeadas de vegetação e decoradas com motivos exóticos. Existem três centros termais: Baldí, Tabacón e The Springs. Todos estes complexos incluem restaurantes, bares, zonas de descanso, espaços especiais para crianças e balneários. A piscina mais quente está nas termas de Baldí, com a água a 67 °C. Muito quente? É verdade. Mas vale a pena experimentar, nem que seja uma vez na vida.
Podem encontrar mais informações sobre estas termas aqui.
TURRIALBA
Com os seus 3340 metros, o Turrialba é o segundo vulcão mais alto da Costa Rica. Tem três crateras no seu cume, e depois de uma erupção em 1866 manteve-se sossegado até começar a dar sinais de instabilidade em 2006, com o contínuo aumento de fumarolas e actividade sísmica. Voltou a entrar em erupção no início de 2010, provocando chuvas ácidas, e foi necessário evacuar 30 habitantes que viviam nas proximidades.
Como está apenas a 35 km do aeroporto de San José, as suas erupções chegam a afectar a circulação aérea, com cinzas a espalharem-se num raio de até 50 km. Por esta razão, o parque onde se insere está actualmente encerrado.
Imagens recentes das erupções do vulcão vêem-se aqui.
RINCÓN DE LA VIEJA
Na província de Guanacaste, a apenas 25 km de Liberia, o Rincón de la Vieja é na realidade uma cordilheira com nove crateras. A mais elevada é a de Santa Maria, com 1916 metros, e a mais activa a de Von Seebach.
Depois de algumas décadas relativamente calmas, o Rincón de la Vieja voltou a aumentar a sua actividade em 2011, e desde 2015 que tem estado continuamente em erupção. Por essa razão, actualmente apenas os trilhos situados no sopé estão abertos aos visitantes do parque. Há uma fonte natural de águas quentes sulfúricas e cascatas com pequenas piscinas onde é possível tomar banho.
E as poderosas forças geológicas do vulcão podem ser observadas nas piscinas de lama borbulhante que existem a poucos quilómetros da fonte termal.
POÁS
A característica mais marcante do vulcão Poás é a sua cratera de ácido verde, a Laguna Caliente, um dos lagos naturais mais acídicos do mundo, com um pH por vezes próximo do zero.
A segunda cratera, Botos, situada no lado sul, está inactiva e forma um belíssimo lago de água azul muito fria que escorre pela encosta e entra pela floresta nublada circundante para se transformar depois no rio Sarapiqui.
O Poás é um dos vulcões mais acessíveis da Costa Rica e é possível subir mesmo até à beira da cratera, sendo por isso mesmo um dos mais visitados.
Recentemente, na manhã do dia 25 de Julho de 2016, ocorreu uma pequena explosão freática na cratera quente. Devido às emissões de gás sulfúrico, o parque encontra-se por vezes encerrado ao público.
IRAZÚ
O vulcão mais alto do país é o Irazú, com 3432 metros. Fica muito perto da capital do país, San José, e a sua última erupção ocorreu durante a visita do presidente americano John F. Kennedy ao país, em 1963. Durou até 1965 a causou grandes estragos nas infra-estruturas e na vida da capital e seus arredores.
A subida até ao topo, que é acessível de carro, faz-se entre grandes extensões de pastos e terrenos cultivados nas férteis encostas do vulcão. Lá em cima a vista é impressionante, e num dia claro e limpo é possível ver ambas as costas do Atlântico e do Pacífico.
A cratera principal tem uma profundidade de 300 metros e forma um lago de tonalidade esverdeada.
Mas os vulcões são apenas uma das muitas razões para visitar a Costa Rica. Este país, que é uma das 22 democracias mais antigas do mundo e um dos poucos que não tem exército, ocupa também lugar cimeiro na classificação do Índice de Desempenho Ambiental, pela sua sustentabilidade e pelas políticas ambientais que põe em prática. E existem planos para se tornar, em 2021, no primeiro país do mundo neutro em carbono.
Afinal, não é sem motivo que o lema da Costa Rica é
“PURA VIDA!”
(Artigo publicado no n.º 5 da revista digital INOMINÁVEL; e também aqui e aqui.)
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