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Viajar porque sim

Paixão por viagens, escrita e fotografia

Ter | 30.05.17

A nascente do Almonda

 

É na Serra de Aire que nasce o rio Almonda, mais conhecido por atravessar, meia dúzia de quilómetros mais à frente, a cidade de Torres Novas.

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A gruta onde o Almonda nasce tem mais de 10 km e é a maior rede cársica conhecida em Portugal, incontornável para os amantes da espeleologia.

 

Mas é na localidade a que deu o nome, por detrás da antiga fábrica da Renova, que o Almonda vê a luz do dia – e se deixa observar a céu aberto.

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A zona está praticamente ao abandono e não é fácil dar com o local. Em Almonda, há que seguir pela estrada até encontrar uma placa com a indicação de “Moinho da Fonte” para a esquerda. Poucas centenas de metros à frente aparece a antiga fábrica, e a partir daí o caminho tem de ser feito a pé por um percurso de terra batida que passa mesmo junto ao edifício, do lado direito, depois por uma casa em ruínas e subindo por um carreiro estreito na direcção da parte de trás da fábrica.

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À chegada, saúdam-nos uma placa velha com um cartaz informativo quase totalmente descolado e o ruído de água a cair em cachão. Só depois, no meio das árvores, é que temos o primeiro vislumbre do rio, uma massa de espuma branca entre o verde. A nascente é um enorme espelho de água escura e parada que se precipita ruidosamente por calhas de pedra construídas por mão humana. Em volta há rocha musguenta e a vegetação típica dos lugares sombrios.

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  Estranhamente, a alta parede do edifício da fábrica que dá para a nascente, e por baixo da qual a água segue o seu caminho, tem afixado um enormíssimo cartaz com figuras de pessoas em tons desbotados – publicidade antiga que ali permanece até hoje, rodeada pelas paredes bolorentas e com tinta a cair, incongruente naquele lugar bucólico mas dando-lhe no entanto uma outra dimensão, uma certa atmosfera de surrealidade, e ao mesmo tempo alguma humanidade.

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O acesso ao espelho de água está vedado por um gradeamento de metal pintado em que a ferrugem vai ganhando lugar, com um portão firmemente fechado onde uma placa avisa para o perigo de afogamento.

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Apesar do aspecto desolador e negligenciado do lugar, o ambiente é encantador. Há um contraste atraente entre a água absolutamente imóvel à nossa frente e o turbilhão espumoso que corre pelo declive, saltando sobre pedras lodosas, tubos e muretes; entre a vibrante vida vegetal, o movimento contínuo do rio, e o declínio flagrante das construções que rodeiam a nascente.

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Consta que existem planos da Câmara de Torres Novas para requalificar a área que rodeia a nascente do Almonda e dotá-la de condições para ser usufruída com qualidade e segurança. Mas são por enquanto apenas isso, planos, e não se sabe quando verão a luz do dia.

 

Coordenadas: 39° 50' 46” N   08° 61' 46” O

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