7 parques para conhecer no Dia Europeu dos Parques Naturais
Nos cerca de quatro mil e quinhentos milhões de anos que a Terra supostamente terá, só existe presença de humanóides há seis milhões deles, e apenas há 200 mil na forma humana que é actualmente a nossa. Quanto àquilo que consideramos civilização, não tem mais de seis mil anos, e a revolução industrial, marco fulcral do nosso desenvolvimento tecnológico, só teve início na segunda metade do século XVIII.
Jovens que somos neste planeta, decidimos chamar-lhe nosso e fazer dele o que bem nos apetece. No início do século XX, o peso de tudo o que já tinha sido produzido pelo homo sapiens equivalia a apenas 3% da biomassa da Terra; no final do ano passado, a massa total do que já produzimos ultrapassou o peso das “coisas” vivas no nosso planeta. Bastou um século para irmos de 3 a 100%, e estima-se que em 2040 tenhamos triplicado esta diferença. Somos uma praga.
Se é certo que existe beleza em muito do que criamos, ainda assim não conseguimos produzir nada de tão belo e perfeito quanto o que a natureza concebe. Por muito sublimes que sejam o tecto da Capela Sistina, o Taj Mahal ou os Kelpies, não conseguem ultrapassar a grandiosidade e perfeição de qualquer obra da natureza – seja ela um floco de neve, uma barreira de coral, uma criança ou um gamo.
A percepção de que é necessário definir limites à ocupação (e ganância) humana e proteger o maravilhoso capital natural do nosso planeta é muito recente. No mundo, a primeira área a ser definida como parque nacional foi Yellowstone, em 1872. Na Europa, em 1909 a Suécia criou nove parques nacionais, os primeiros do nosso continente, e é em homenagem a esta iniciativa que desde 1999 se comemora a 24 de Maio o Dia Europeu dos Parques Naturais. Com organização da Federação EUROPARC (Federação da Natureza e Parques Nacionais da Europa), neste dia celebram-se as áreas naturais protegidas do continente europeu, chamando a atenção para a necessidade de reflectirmos sobre as nossas atitudes para com o mundo que nos rodeia e para a importância que os parques naturais assumem tanto enquanto espaços de preservação de ecossistemas como – sem qualquer dúvida – fundamentais para a sobrevivência da raça humana.
O tema que a EUROPARC escolheu para as celebrações deste ano, que vão mais uma vez ser exclusivamente online, é “Parques naturais – a próxima geração”. Estamos de olhos postos no futuro, que é cada vez mais incerto e requer de nós um constante esforço de adaptação. E há uma premissa que parece cada vez mais inevitável: para evoluirmos precisamos de dar um passo atrás – ou, mais provavelmente, vários passos atrás. Precisamos de retomar a nossa ligação ao que é verdadeiramente essencial e relegar para segundo plano a perspectiva economicista pela qual olhamos para o mundo e para as nossas vidas.
Passar mais tempo em contacto com a natureza no seu estado menos humanizado traz inúmeros benefícios à vida de cada um de nós, sobretudo se a nossa sobrevivência nos obriga a habitar em ambiente citadino – como é o meu caso. E é por isso que quando viajo, seja em Portugal ou extramuros, cada vez dou maior preferência a lugares onde posso ter esse contacto mais próximo. Não faltam, felizmente, tanto no nosso país como por essa Europa (e mundo) fora, áreas protegidas e parques naturais para conhecer, cada um com as suas características únicas, todos eles maravilhosos, vários deles verdadeiramente especiais para mim – como estes de que vos falo a seguir.
FJALLABAK (ISLÂNDIA)
A Reserva Natural de Fjallabak, situada no sul da Islândia, foi estabelecida em 1979 e tem uma área de 47 mil hectares. À cota de 500 metros acima do nível do mar, é uma região montanhosa, de origem vulcânica, onde a actividade geotérmica ainda se faz sentir na forma de fumarolas e nascentes de água quente. O local mais popular deste parque é Landmannalaugar, um vale entre montanhas pintadas com variações coloridas de amarelo, branco, castanho, azul e verde, com curvaturas suaves, em franco contraste com as formações agressivas do extenso campo de obsidiana negra de Laugahraun – formado pela lava resultante de uma erupção que ocorreu em 1477.
Além de ter um parque de campismo e piscinas naturais de água quente, Landmannalaugar é ideal para quem gosta de caminhadas. É daqui que parte o trilho montanhoso mais percorrido da Islândia, o Laugavegur: 55 km até Thórsmörk, outro parque natural famoso e de muito difícil acesso. Há vários outros trilhos mais curtos e menos exigentes, perfeitos para percorrer em poucas horas e cujo grau de dificuldade é baixo ou médio.
A pouca vegetação existente é tão rasteira que se torna quase imperceptível. Só vemos rocha negra e montanhas às manchas, por vezes o vapor que se solta da terra em grandes baforadas, ou um lençol de neve que se derrete num pequeno lago com água azul-turquesa brilhante. Num momento o trilho é de terra batida, a seguir temos de subir e descer sobre pedras, ou ziguezaguear entre formações de lava que ainda mostram arestas vivas. Mais adiante há um ribeiro que corre, com dificuldade mas determinado, por entre os obstáculos do terreno; a sua água é gelada e sabe demasiado a minerais. A sensação de estar noutro planeta é constante, o cérebro tem dificuldade em processar o que os olhos vêem, tudo parece estranho, irreal. Intocado pela mão humana, é um dos lugares mais belos onde já estive.
Podem ler mais sobre a Islândia nos posts já publicados com o Diário de uma viagem à Islândia e Coleccionar paisagens surreais na Islândia.
MONTANHAS DE MARAMUREȘ (ROMÉNIA)
O Parque Natural das Montanhas de Maramureș é a maior zona protegida dos Cárpatos romenos. Fica no extremo do centro-norte do país, junto à fronteira com a Ucrânia (para lá da qual a região de Maramureș se estende), e abrange uma área de 1500 km2, cuja maior parte (70%) está incluída na Rede Natura 2000. Aqui, a floresta é rainha, sobretudo alpina, com predominância de carvalhos e abetos.
O pico mais alto em território romeno é o Fărcăul, com quase 2 mil metros, em cuja base se formou um dos dois lagos glaciares do parque, o Vinderel. A fragmentação morfológica é uma das características mais marcantes desta região natural, que a torna única nos Cárpatos. Há substratos geológicos calcários, xistosos, basálticos e de dolomita cristalina, entre outros. Os dois rios principais, o Vaser e o Ruscova, dividem a área montanhosa em três áreas, separadas por vales encaixados entre encostas muito íngremes. O do Vaser, com cerca de 60 km, é considerado um dos mais belos vales dos Cárpatos Orientais, e uma das formas de o conhecer – porque não existem estradas – é a bordo de um pequeno comboio a vapor que percorre a mocăniță, uma linha férrea em funcionamento contínuo desde há quase 100 anos, usada sobretudo para transportar troncos de árvores cortadas – a exploração madeireira é uma das principais actividades económicas da região – e mais recentemente também para passeios turísticos.
A linha férrea estreita acompanha o curso do rio, por vezes cruza-o, e o comboio vai seguindo lentamente o seu percurso entre a água e a floresta exuberante, tão cerrada que quase não deixa passar os raios de sol. O ar é frio e cheira a terra molhada e a húmus. Praticamente não se vêem pessoas, apenas alguns lenhadores ou uma guardadora de vacas acompanhada pelos seus animais. O passeio na mocăniță é uma espécie de viagem ao passado. Nas Montanhas de Maramureș, o tempo flui ao ritmo de um comboio vagaroso, e a tradição ainda é muito do que era.
Podem ler mais sobre a Roménia nestes posts já publicados: Um roteiro na Roménia, 10 razões para visitar a Roménia, Nos passos de Vlad Dracul, Dois dias em Bucareste, O melhor segredo da Roménia e Peleș, o palácio a que chamam castelo.
FLORES (PORTUGAL, AÇORES)
Apesar de a ilha pertencer desde 2009 à Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO, o Parque Natural das Flores só foi criado dois anos depois. Engloba cerca de um terço da área total da ilha, repartindo-se em zonas protegidas de vários tipos, reservas naturais, geossítios, áreas da Rede Natura 2000, um Sítio Ramsar e um Monumento Nacional. Para pouco mais de 140 km2 de área, isto quer dizer muito. Quer dizer, por exemplo, que aqui existem duas das plantas mais raras do mundo, entre as mais de 50 que são endémicas do arquipélago dos Açores. Que há na ilha duas espécies endémicas de aranhas e uma de escaravelhos. Que esta é a ilha açoriana onde existe maior número de maars, ou crateras de explosão, de que são exemplo as lagoas Rasa, Funda, Negra e Comprida. Entre outras particularidades igualmente relevantes.
E no entanto, saber tudo isto não nos prepara para o deslumbramento que a ilha provoca, sobretudo na região a que convencionaram chamar área protegida da zona central e falésias da costa oeste. No planalto central está incluída a Reserva Natural do Morro Alto, onde se situam quatro das sete lagoas da ilha das Flores. Na costa oeste estão as paisagens mais dramáticas, que se estendem sobretudo entre a Rocha dos Bordões, a formação prismática que é o ex libris da ilha, e a Ponta da Fajã. O maciço central termina numa arriba fóssil abrupta que chega aos 300 metros de altura em alguns locais, separado do mar pelas faixas larga de terreno plano a que dão o nome de fajãs.
Desta arriba precipita-se a água de vários ribeiros, mais ou menos caudalosos, mas sempre com grande efeito. Uma destas cascatas é a do Poço do Bacalhau, bem visível ao longe, caindo pela falésia imponente do alto dos seus 90 metros. Nas proximidades começam (ou terminam) dois trilhos pedestres, um que liga a Fajã Grande às lagoas do planalto e outro que segue a linha da costa até Ponta Delgada, no extremo norte da ilha.
Também na costa oeste, perto da Fajãzinha, fica a cascata da Ribeira Grande, a maior corrente cristalina da ilha, composta por vários saltos, dos quais o último é o maior e mais impressionante. Muito perto, o Poço da Ribeira do Ferreiro. Já capturado em milhares de fotografias e filmes, nenhum consegue verdadeiramente transmitir-nos a beleza que tem ao vivo. É um cenário perfeito, uma parede verde, larga e muito alta, quase a pique, por onde caem dezenas de fios de água que se juntam numa lagoa extensa onde está reflectida toda a paisagem em volta. Embora esteja a uns meros 500 metros da estrada, esconde-se atrás de uma floresta. É o lugar mais bonito da ilha das Flores e, para mim, um dos mais bonitos do mundo.
Podem ler mais sobre a ilha das Flores noutros posts já publicados.
FRAGAS DO EUME (ESPANHA)
Situado quase no extremo norte da Galiza, o Parque Natural das Fragas do Eume é uma das maravilhas desta província. Em galego, fraga significa floresta com árvores de diferentes espécies, e esta que rodeia o percurso do rio Eume tem carvalhos e castanheiros, freixos, amieiros e teixos, bétulas, medronheiros, azevinhos, loureiros e até mesmo sobreiros, a somar a mais de 20 espécies de fetos e 200 espécies de líquenes. São 90 km2 de floresta quase virgem e praticamente desabitada, cheia de maravilhosos segredos.
O parque tem oito percursos pedestres marcados e é acessível por quatro entradas diferentes. A principal, onde se encontra o Centro Interpretativo, fica perto da vila costeira de Pontedeume e leva-nos até ao Mosteiro de San Xoán de Caaveiro, que terá as suas origens algures entre os séculos X e XII. Embora seja possível chegar até quase ao Mosteiro de carro (fora da época alta) ou de autocarro (na Semana Santa e no Verão), para apreciar verdadeiramente a maravilha da natureza que é este parque há que fazê-lo a pé, seguindo simplesmente pela estrada ou optando pelo Camiño dos Encomendeiros, mais desafiante em alguns troços.
Seja qual for a opção, é um passeio que enche a alma, sempre junto ao rio e entre árvores, altíssimas algumas, outras já reduzidas a meros troncos cobertos de líquenes ou musgo, passando por ribeiros que se precipitam pela encosta, ruidosos, saltando sobre as pedras, ansiosos por se juntarem ao Eume.
Junto ao Mosteiro passa o rio Sesín, ao qual acedemos por uma ladeira empedrada para chegar à vetusta ponte que o cruza e às ruínas de um antigo moinho. O Sesín desdobra-se em vários cursos de água, cada um escorrendo entre pedras diferentes, ou saltando sobre elas, e nessas pedras nascem árvores e fetos. O ambiente é o de uma floresta encantada, e quase esperamos que de repente nos apareça um duende, zangado por o estarmos a incomodar. Os sortilégios da Galiza são muitos…
Podem ler mais sobre este parque natural no post Na Galiza, entre mosteiros e fervenzas.
LAGOS DE PLITVICE (CROÁCIA)
É unanimemente considerado um dos parques naturais mais belos do mundo, e basta olhar para uma qualquer fotografia para perceber porquê. Os lagos de Plitvice (ou Plitvička Jezera, na língua croata) estão inseridos na região calcária dos Alpes Dináricos, numa área relativamente perto da fronteira da Croácia com a Bósnia e Herzegovina. Devido a vários factores de ordem geológica e hidrológica, são um dos mais impressionantes conjuntos cársicos do mundo: uma área de floresta densa com quase 300 km2, onde diversos pequenos rios e ribeiros confluem para formar uma bacia de 8 quilómetros de comprimento com 16 lagos que se sucedem uns aos outros, separados por cascatas.
Criado em 1949 e tornado Património Mundial da UNESCO em 1979, o Parque dos Lagos de Plitvice recebe anualmente mais de um milhão de visitantes. Os lagos estão divididos em dois grupos, 12 superiores e 4 inferiores. O desnível entre o primeiro (Prošćansko jezero) e o último (Novakovića brod) – que se situa cerca de 500 metros acima do nível do mar – é de 150 metros. As águas são cristalinas e têm cores que vão do cinzento ao azul e verde em todos os tons imagináveis, mudando consoante a posição dos raios solares ou os tipos e a quantidade de minerais que nelas se acumulam.
As suas características especiais fazem deste parque um fenómeno único em termos de abundância e diversidade da flora, com 1267 espécies de plantas já identificadas (incluindo plantas carnívoras), várias delas raras e até em perigo de extinção. Quanto à fauna, foram até agora registadas 157 espécies de aves, entre elas o melro-d’água (Cinclus cinclus), um pássaro raro que depende de habitats com água absolutamente limpa. O Parque abriga também 50 espécies de mamíferos, tais como arganazes, musaranhos, ouriços, martas, javalis, morcegos de 20 tipos diferentes, lobos, veados, linces, lontras, e o mais famoso de todos: o urso pardo.
Existem 18 quilómetros de passadiços de madeira e trilhos de terra batida que serpenteiam em volta dos lagos e sobre as águas. Cada volta do caminho oferece um quadro diferente, cenários de beleza natural sucedendo-se um após o outro, vegetação aquática alternando com bosques de árvores altíssimas. Nos meses mais quentes vêem-se borboletas e pássaros, e em certas zonas há peixes em abundância e patos. No Inverno o Parque torna-se branco de neve e as águas gelam em muitos pontos, mas o seu fascínio em nada diminui. Visitar o Parque dos Lagos de Plitvice é passar um dia no paraíso.
Podem ler mais sobre este parque natural no post Os Lagos de Plitvice ou como passar um dia no paraíso.
RIA FORMOSA (PORTUGAL)
A Ria Formosa estende-se desde a praia do Garrão, perto de Faro, até Manta Rota e é uma das áreas mais fascinantes e ricas em biodiversidade do sul de Portugal, além de ser a zona húmida mais importante desta região. Apesar dos seus cerca de 180 km2, possui uma variedade incomum de habitats naturais, entre dunas e bancos de areia, sapais, áreas de pinhal, agrícolas e lagunares. Inclui cinco ilhas, que separam a ria do oceano, e a sua paisagem muda consoante as marés. É paraíso para um grande número de espécies de aves migratórias e terreno fértil para muitas actividades económicas, ligadas sobretudo ao meio aquático.
Até há poucos anos foi o melhor segredo do Algarve, e conseguiu manter-se uma bolha de relativa tranquilidade mesmo no pico da época de veraneio. Entretanto, quase de repente, saiu do anonimato, sobretudo por causa daquela que é uma das mais bonitas aldeias portuguesas: Cacela Velha. A aldeia e a ria aos seus pés são um cartão-postal em tons de azul-verde com manchas de areia quase branca, onde nem sequer faltam apontamentos de cor viva dados pelos barcos tradicionais de madeira.
Dos encantos da Ria Formosa fazem também parte outros lugares menos fotografados, mas não menos fascinantes: o recorte irregular e mutável das areias da Fuseta; a praia do Barril, com o seu cemitério de âncoras e o comboiozinho que nos transporta e parece de brincar; o casario tradicional de Olhão e os seus mercados; Tavira, o rio Gilão e as salinas; o peixe e marisco que fazem as nossas delícias. É rio que cheira a mar, e mar que às vezes parece rio e raramente se rebela. Mesmo que o céu esteja cinzento e a chuva ensope a areia, na Ria Formosa o Verão parece eternizar-se.
Podem ler mais sobre esta região no post Um outro Algarve.
CAMARGA (FRANÇA)
No sul de França, ao desaguar no mar Mediterrâneo, o Ródano forma um delta que tem vindo a moldar, ao longo dos séculos, uma paisagem substancialmente plana. Este é o maior delta do território francês. Os seus ecossistemas têm uma riqueza biológica notável, e está situado no eixo migratório das aves que transitam do norte da Europa para África, constituindo um ponto de paragem vital para as mais de 150 mil aves por ali passam anualmente.
Para proteger esta zona húmida de excepcional importância, classificada pela UNESCO como reserva da biosfera, foi criado em 1970 o Parque Natural Regional da Camarga, que se estende por mais de 1300 km2 (em terra e no mar), com 75 km de frente marítima. Região fértil e muito cultivada, protegida das grandes variações tanto do rio como marítimas por um longuíssimo dique construído para o efeito no final do século XIX (la digue à la mer), a paisagem da Camarga tem sido modelada tanto pela natureza como pela intervenção humana, que se nota sobretudo nos aglomerados populacionais (uns mais discretos do que outros), nos arrozais e nas salinas.
Desta interacção entre o rio, o mar e o Homem resulta uma região pouco povoada, onde há mais animais do que pessoas, e com uma cultura muito própria. A maior parte da actividade económica (turismo excluído) está ligada às suas especificidades naturais: além da produção de sal e arroz, criam-se aqui cavalos e touros, apanha-se peixe e marisco.
Um dos lugares mais extraordinários que é possível visitar na Camarga é o Parque Ornitológico de Pont de Gau – provavelmente o local onde existe a maior concentração de aves por metro quadrado, sobretudo flamingos. O parque tem duas lagoas, com trilhos pedestres fáceis de percorrer e devidamente sinalizados. A enorme colónia semi-permanente de flamingos ocupa um deles quase em exclusividade, e é fascinante observá-los e ouvir a sua “refilice” constante – parece que estão sempre zangados com qualquer coisa. Mas também conseguimos ver facilmente garças, milhafres, guinchos, pernilongos, pernas-verdes e alfaiates, além de patos e cisnes. Para lá da vertente turística, o parque funciona como centro de acolhimento e tratamento para aves selvagens feridas, cuidando de uma média de 600 aves por ano, das quais quase metade são devolvidas à liberdade após estarem curadas. Um verdadeiro santuário da vida selvagem.
Podem ler mais sobre esta região no post Um cheirinho a sul de França - III - Camarga.
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Poder usufruir hoje em dia de espaços como estes, que satisfazem a nossa necessidade de contacto próximo com o que é mais genuíno e original no planeta que habitamos, só é possível porque estão institucionalmente protegidos. E mesmo assim, tantos deles são frequentemente alvo de desrespeito, vandalizados, destruídos pelo fogo ateado por mão humana, descurados, ou devastados por motivos de ambição económica. É, por todas estas razões e muitas mais, imperativo que as gerações mais jovens sejam educadas a considerá-las como tesouros que urge preservar a todo o custo.
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