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Viajar porque sim

Paixão por viagens, escrita e fotografia

Sex | 18.05.18

Rótulos

 

Viajar é uma actividade que está na moda e tem vindo com o tempo a tornar-se acessível a cada vez mais pessoas. No entanto, o acto de viajar continua a estar envolvido numa aura de encanto, ainda hoje associado a um certo “glamour” e a determinados estilos de vida, e permanece para muitos no departamento dos sonhos inatingíveis. Como tal, é uma área onde se concentram algumas atenções, e como o ser humano gosta de categorias e rótulos também aqui está na moda encontrar definições para “encaixar” quem viaja.

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Não sendo mediática como um qualquer casamento real nem sequer fracturante como… sei lá… por exemplo um jogo de futebol entre o Chaves e o Tondela (já nem falo nos sucessivos escândalos sportinguistas, entre outros…), a questão “empolada” da dicotomia turista/viajante anda há já algum tempo a mexer-me com os nervos.

 

Segundo algumas supostas mentes iluminadas, existe uma diferença nítida entre as pessoas que são viajantes e as que são turistas, e que se prende sobretudo com o modo e a intenção das suas viagens. Vejamos as premissas em que assenta esta diferença:

 

- o turista viaja essencialmente por entretenimento e diversão, procura uma gratificação imediata, enquanto para o viajante o importante é estabelecer relações com outras culturas, interagir;

- o turista viaja sobretudo em grupo, gosta de viagens organizadas, de circuitos turísticos pré-feitos, socorre-se de agências e de guias de viagem, enquanto o viajante gosta da descoberta, de viajar sem planos nem objectivos, e de preferência sem datas;

- o turista está interessado em visitar os locais mais famosos, ver o máximo possível no mínimo tempo, como quem despacha uma lista de supermercado, tirar meia dúzia de selfies e partir para o bilhete-postal seguinte, enquanto o viajante quer experienciar tudo o que for possível, conhecer até os recantos mais obscuros, ir onde só os habitantes locais vão, explorar até ao detalhe;

- o turista gosta de ficar bem instalado, comer bem, viajar confortavelmente, enquanto para o viajante o importante é mergulhar na cultura local, dormir onde for possível, comer o que calhar, andar a pé, de bicicleta ou em transportes locais;

- o turista não quer saber da pegada ecológica que deixa ou do ruído que faz, propagandeia aos quatro ventos os seus comentários desfavoráveis sobre tudo o que vê, é opinioso e muitas vezes incomodativo, enquanto o viajante respeita criteriosamente os costumes locais, aceita e tenta compreender até mesmo as práticas menos lógicas e tenta misturar-se e passar quase despercebido.

 

Resumindo: o turista é uma ofensa, o viajante é um ser excepcional.

 

E perante isto, quem é que quer ser rotulado de turista? Ninguém, claro. Os turistas são o lado negro da força que é preciso exterminar para que não venham a dominar o universo, ou então converter à doutrina a pender para o snob dos auto-proclamados viajantes.

 

Como sucede com qualquer categorização rígida que não tem em conta os vários tons de cinzento, esta distinção que faz de uns anjos e de outros demónios parece-me muito redutora. Na verdade, cada pessoa tem uma forma diferente de viajar. Mais ainda: embora a grande maioria das pessoas tenha tendência para adoptar sempre um mesmo estilo de viagens, pode muito bem suceder que até goste de experimentar opções diferentes de vez em quando, ou que ao longo da vida venha a alterar as suas preferências e motivações. Se aos vinte anos partir à aventura por tempo indeterminado e só com uma mochila às costas, dormindo em sofás, beliches ou tendas, e caminhando diariamente muitos quilómetros a pé pode ser facilmente realizável, aos quarenta ou aos sessenta – até por razões diversas – já poderá não o ser. Se tenho curiosidade em saber como é fazer um cruzeiro e uns tempos depois opto por ir passar umas pacatas semanas numa aldeia galega, isso faz de mim uma turista, ou uma viajante? Se passo três dias na Disneyland de Paris e depois meto-me num comboio, vou ficar em casa de amigos em Azay-le-Rideau e dedico as semanas seguintes a ajudá-los na padaria de que são donos e a percorrer de bicicleta partes do vale do Loire, sou o quê? E se calhar no ano a seguir pode apetecer-me ficar um tempão de papo para o ar numa qualquer estância turística caribenha, ou ir a Timor para saber como se vive em Lospalos ou Bobonaro…

 

Quando é que nos deixamos destas coisas de rotular tudo e mais alguma coisa? Qual é a vantagem destes rótulos? Mostrar que eu sou mais eu e sou melhor que os outros? Sim, é verdade que quando viajamos devemos ser conscienciosos e respeitar os lugares que visitamos – mas este comportamento é válido para todos os dias da nossa vida. E é também verdade que o turismo de massas e em massa traz problemas acrescidos a muitas cidades e regiões, reduz em certos aspectos a qualidade de quem as habita, mexe com a economia tanto negativa quanto positivamente (e basta olhar para o nosso país para perceber isso). Mas vamos lá saber: se há lugares bonitos no mundo, monumentos fantásticos que merecem ser apreciados ao vivo, museus com espólios únicos que se calhar só temos oportunidade de ver uma vez na vida, porque é que não teremos direito a vê-los só porque são ou estão em sítios rotulados de “turísticos”? A maioria de nós não tem todo o tempo do mundo para viajar, a maioria de nós tem trabalho fixo e apenas algumas semanas de férias por ano, e cada um tem o direito de aproveitar esse tempo livre a viajar, se quiser, e a viajar como achar melhor sem por isso ser considerado quase um criminoso. E sejamos sinceros: muitos dos que se consideram “viajantes” também acabam por escolher fixar-se num sítio, ou ter de regressar a casa, quem sabe até ao mesmo trabalho – e um dia, quando dão por eles, descobrem que afinal se transformaram em “turistas”. É a vida, amigos, e a vida não quer saber de rótulos para nada.

 

Quanto a mim, podem chamar-me o que quiserem, que eu não me ralo. Eu quero é viajar.

 

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Seg | 07.05.18

Visitar os Kew Gardens

 

Os maravilhosos Jardins Botânicos Reais de Kew, na periferia de Londres, são uma das maiores atracções turísticas da capital inglesa, e o seu valor como paisagem histórica é tão grande que estão desde 2003 classificados como Património Mundial pela Unesco.

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Criados em 1759 pela Princesa Augusta, os Kew Gardens ilustram de forma ímpar os períodos característicos da arte paisagística dos séculos XVIII a XX, com ambientes criados por arquitectos paisagistas de renome internacional e reflectindo as tendências artísticas da Europa e de regiões mais distantes. Os jardins têm também estado, desde o princípio, intimamente ligados às mudanças científicas ocorridas ao longo dos tempos nas áreas da botânica e da ecologia, contribuindo de forma muito significativa e ininterrupta para a conservação biológica, nomeadamente através do seu banco de sementes, o “Kew’s Millennium Seed Bank”, que já conta com mais de 36 mil espécies de plantas selvagens. E como se isto não bastasse, são também a casa de extensas e variadas colecções: um herbário com mais de sete milhões de espécies conservadas, plantas vivas em número superior a 30 mil, e uma biblioteca com mais de 750 mil volumes e 175 mil desenhos e ilustrações de plantas.

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Ocupando uma área de 1,21 Km2, os jardins oferecem uma grande diversidade de paisagens e atracções e são precisas várias horas para os visitar – e não fossem as dores nos pés e o cansaço, nem daríamos por elas passarem…!

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Venham comigo conhecer alguns dos lugares mais emblemáticos dos Kew Gardens.

 

 

A Estufa das Palmeiras (Palm House)

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É considerada a estrutura vitoriana de ferro e vidro ainda existente mais importante do mundo. Foi desenhada por Decimus Burton e projectada por Richard Turner para abrigar as palmeiras exóticas trazidas para Inglaterra de outros pontos do globo. Foi a primeira vez que se usaram estruturas de ferro forjado tão amplas sem estarem apoiadas em colunas, e possui 16.000 vidraças.

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Neste curto vídeo, o famoso naturalista David Attenborough fala-nos da Palm House:

 

 

O Aquário Marinho

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Alojado no subsolo da Palm House, este aquário recria quatro grandes habitats marinhos, ilustrando a importância das plantas nestes ambientes. Mas as “estrelas da companhia” são mesmo os peixes e outros habitantes das águas, como os cavalos-marinhos ou as engraçadas enguias-de-jardim.

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O Lago da Palm House

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A escultura que vemos no lago perto da Palm House representa Hércules a lutar com o deus-rio Aqueloo. Foi executada em 1826 a pedido do Rei Jorge IV, mas s ó foi instalada em Kew em 1963 – antes disso, ocupou o terraço leste do Castelo de Windsor.

 

 

A Estufa Temperada (Temperate House) 

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A maior estufa vitoriana actualmente existente abrange uma área de quase 5 mil metros quadrados e atinge 19 metros de altura. Foi criada em 1860 também por Decimus Burton e abriga uma importante colecção de plantas que se  encontram nas regiões temperadas do nosso planeta.

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O Pagode Chinês (Great Pagoda)

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Este Pagode foi concebido por Sir William Chambers e a sua construção terminou em 1762. É uma torre octogonal com dez andares distribuídos por 50 metros de altura, cada nível sendo 30 cm mais estreito do que o imediatamente abaixo. Apesar de ignorar uma regra básica dos pagodes chineses (que têm sempre um número ímpar de níveis), foi na altura a reprodução mais fiel de um edifício chinês na Europa – tão invulgar que muita gente pensou que não iria conseguir manter-se de pé.

 

 

O Portão Japonês (Japanese Gateway)

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O Chokushi-Mon (que significa “Portão do Mensageiro Imperial”) é uma réplica à escala de quatro quintos do Portão de Nishi Hongan-ji em Quioto, no Japão. Foi criado para a exposição nipo-britânica que teve lugar em Londres em 1910 e depois reconstruído nos jardins de Kew. Construído no estilo rococó japonês (Momayama), a madeira foi primorosamente trabalhada em relevo com flores e animais estilizados.

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Em volta deste Portão foi concebido em 1996 um jardim japonês adaptando os estilos de jardim do período Momayama: caminhos desenhados entre lanternas japonesas, bacias de água gotejante, gravilha e grandes pedras, rododendros e anémonas japonesas.

 

 

O Jardim de Bambu

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Em 1891, quando este jardim foi criado, continha 40 espécies de bambu originárias essencialmente do Japão. Hoje tem cerca de 1200, vindas também da China, dos Himalaias e das Américas. Como algumas destas espécies crescem rapidamente e são muito invasivas, estão contidas entre pesadas barreiras de material plástico.

 

 

A Casa Minka

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No Jardim de Bambu encontramos também uma casa tradicional das quintas japonesas. Originária da região de Okazaki, no sul do Japão, está colocada sobre uma base de grandes lajes – as minkas não tinham fundações de cimento, para permitir a sua flexibilidade na ocorrência de um terramoto. Com uma estrutura feita de troncos de pinheiro atados com cordas, foi construída sem pregos e os seus diversos elementos estão unidos por um sistema de juntas. Até meados do séc. XX, nos ambientes rurais, a maioria das pessoas vivia em casas deste tipo (minka significa literalmente “casa de pessoas”).

 

 

O Lago dos Nenúfares

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Este é um dos lugares mais tranquilos do parque. Quando os nenúfares estão em flor faz lembrar um autêntico quadro de Monet. Nas margens passeiam galinhas d’água e engraçadíssimos galeirões, e os bancos estrategicamente colocados convidam ao descanso.

 

 

O Arboretum 

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Os Kew Gardens têm no seu Arboretum uma livraria viva cujo número de árvores supera as 14.000 – algumas delas datando do séc. XVIII – representando mais de 2.000 espécies diferentes (incluindo variedades raras e antigas). Explorar este Arboretum é ter uma rápida visão da beleza e diversidade das florestas que existem no nosso planeta, com as suas paisagens fantasticamente mutantes consoante a época do ano.

 

 

O Passadiço (Treetop Walkway)

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No meio do Arboretum, entre a Estufa Temperada e o lago e 18 metros acima do solo, serpenteando por entre as árvores ergue-se um moderno passadiço de metal de onde temos vistas belíssimas sobre o jardim. Passear ao nível das copas das árvores é uma experiência invulgar e absolutamente recomendável. O piso é de grade e permite que se veja o chão lá em baixo, e as colunas de aço enferrujado que o suportam misturam-se com o ambiente natural. Concebido pelo mesmo gabinete de arquitectura que desenhou o London Eye (Mark Barfield Architects), a sua estrutura é baseada numa sequência numérica de Fibonacci, em consonância com a Natureza, onde esta mesma sequência é frequentemente encontrada nos padrões de crescimento.

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O Lago

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O grande lago dos jardins de Kew foi criado em 1856 numa área que estava a ser escavada para se obter cascalho para aplicar no solo da Estufa Temperada. Foram depois abertos túneis subterrâneos para ligar o lago ao rio Tamisa, que passa ali ao lado, e em 1861 ficou finalmente cheio. Com o cascalho que sobrou foram construídas quatro ilhas dentro do lago, agora cobertas com um tipo de vegetação que traz ao local notas de cor vibrantes, sobretudo no Outono.

 

 

A Orangery

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Tal como o nome sugere, a Orangery foi concebida como estufa para o cultivo de citrinos, mas depois foi transformada para abrigar outras plantas de grande porte e mais tarde funcionou como museu onde eram exibidas madeiras de vários tipos. É actualmente um restaurante, e o único edifício concebido como estufa por Sir William Chambers (séc. XVIII) que sobreviveu até aos nossos dias.

 

 

O Palácio

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O edifício mais antigo que se encontra nos Kew Gardens data de 1631 e serviu mais tarde como residência de Verão para o Rei Jorge III (que ficou conhecido como “o ei louco que perdeu a América”), a sua mulher e os seus 15 filhos. Pertence ao grupo dos Palácios Reais Históricos.

 

 

O Templo do Rei Guilherme

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Construído em 1837 para a Rainha Vitória e situado no Jardim Mediterrâneo, este templo foi erigido em memória do Rei Guilherme IV (de quem Vitória herdou o trono do Reino Unido). Teve inicialmente o pomposo nome de Templo do Prestígio Militar, e os seus pórticos de inspiração toscana ostentam placas de metal que comemoram as vitórias militares britânicas entre 1760 e 1815.

 

 

O Templo de Bellona

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Este é mais um edifício construído em honra das artes militares: Bellona era a deusa romana da guerra. Foi também concebido por Sir William Chambers, em 1760.

 

 

Os bancos de madeira

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Tal como noutros jardins londrinos, os bancos de madeira dos Kew Gardens são todos idênticos e seguem um modelo tradicional (e mais popular ainda por ser o leitmotiv da cena final do filme “Notting Hill” – lembram-se?). A maioria destes bancos ostentam uma placa de metal com uma dedicatória – patrocinar um banco nos jardins de Kew é uma forma única de assinalar uma data especial ou comemorar a vida de um ente querido.

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E para abrir ainda mais o apetite para visitar estes lindíssimos jardins, aqui fica um curto vídeo sobre os Kew Gardens:

 

Informações úteis

 

Website: http://www.kew.org/

 

Horários em 2025

De 6 de janeiro de 2025 a 31 de janeiro de 2025 - Todos os dias das 10h00 às 16h00 (última entrada às 15h00)

De 1 de fevereiro de 2025 a 28 de fevereiro de 2025 - Todos os dias das 10h00 às 17h00 (última entrada às 16h00)

De 1 de março de 2025 a 31 de março de 2025 - Todos os dias das 10h00 às 18h00 (última entrada 17h00)

 

Como chegar:

Metro – Estação Kew Gardens (a 500 m de Victoria Gate)

Comboio – Estação Kew Bridge (a 800 m de Elizabeth Gate)

Autocarro: N.º 65, pára em Victoria Gate e Lion Gate

De carro: existe um parque de estacionamento (pago) que funciona das 9.30 até 30 minutos depois da hora de encerramento do parque

De bicicleta: existem grelhas para bicicletas em todas as entradas dos jardins

De barco: de Abril a Outubro, a Thames River Boats opera embarcações de passeio que saem várias vezes por dia do Westminster Pier e têm paragem em Kew.

 

Bilhetes: Consultem os preços aqui.

 

 (publicado na rubrica Viagens da revista Inominável nº 13)

 

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