Roteiros de fim-de-semana em Portugal
Com a Páscoa à porta e os miúdos de férias, é altura de aproveitar para conhecer mais um pouco do nosso país. E há sempre tanta coisa nova ou diferente para descobrir! Em muitos anos que já levo a viajar por Portugal, continuo sempre a ser surpreendida em cada lugar que visito – mesmo que já lá tenha estado várias vezes!
Ficam aqui algumas sugestões de roteiros perfeitos para percorrer de carro em dois ou três dias (ou mais), todos eles passando por alguns dos mais belos lugares que Portugal tem para nos oferecer.
De Braga a Chaves
Dia 1: Braga → Barragem de Salamonde → Ponte da Misarela → Vilarinho de Negrões → Alturas do Barroso → Vilarinho Seco → Boticas
Braga só por si merece uma visita à parte, mas é além disso uma cidade a partir da qual podemos conhecer algumas das zonas mais fascinantes do norte do país. É por isso daqui que partimos em direcção a Chaves, com muito para ver pelo caminho. A primeira paragem é em Salamonde, para enchermos os olhos com a água do lago formado pela barragem. Desviamos depois caminho até à Ponte da Misarela, um daqueles lugares únicos que é obrigatório conhecer. A paragem seguinte é na aldeia de Vilarinho de Negrões, plantada na orla da barragem do Alto Rabagão (ou de Pisões), uma das maiores barragens portuguesas e que também vale a pena percorrer. Seguimos depois para Alturas do Barroso, para admirar a imensidão de paisagem que se avista da Capela de Santo Isidro – e por alguma razão esta aldeia se chama Alturas… A seguir encontramos Vilarinho Seco, mais uma aldeia com algumas particularidades e um ambiente muito especial. Chegamos por fim a Boticas, uma vila arejada e moderna onde o Centro de Artes Nadir Afonso é um dos principais motivos de atracção.
Dia 2: Boticas → Chaves → Serra do Larouco → Montalegre → Pitões das Júnias → Paradela → Barragem da Venda Nova → Braga
São apenas 25 km de Boticas até Chaves, e nesta cidade vale bem a pena parar por algumas horas. Entre o muito que há para ver, sugiro começar pelo Castelo e depois visitar a Igreja Matriz e o seu original interior. A seguir, obviamente, há que descer à Ponte de Trajano e passear junto ao rio até ao Jardim do Tabolado, onde quem for mais audaz pode experimentar atravessar o rio sobre as poldras. Será depois tempo de voltar à estrada para subir até à Serra do Larouco, a terceira maior serra de Portugal, quase na raia de Espanha – uma daquelas raras oportunidades em que podemos ver uma grande extensão de ambos os países em simultâneo. Descemos até Montalegre para conhecer mais uma vila da região barrosã e depois seguimos para Pitões das Júnias, aldeia pequena mas onde vamos passar mais algumas horas. Aqui é imprescindível descer o caminho íngreme que nos leva ao Mosteiro de Santa Maria das Júnias, encaixado num pequeno vale entre fragas e só acessível a pé. Regressamos pelo mesmo caminho para seguirmos as indicações para o miradouro de onde podemos ver a cascata, onde chegamos por um caminho de terra batida e depois por um passadiço em madeira com muitos (muitos!) degraus. O percurso de regresso a Braga faz-se pela estrada que passa junto à barragem de Paradela, com o seu espectacular cenário de fundo, e depois pela barragem de Venda Nova.
De Amarante ao Pinhão
Dia 1: Amarante → Vila Real → Solar de Mateus → São Leonardo da Galafura → Covelinhas
Amarante é mais uma cidade a cujos encantos ninguém consegue ficar indiferente e onde é possível passar horas a passear sem sentir qualquer tipo de aborrecimento. É daqui que saímos para outra cidade cuja visita também será demorada. Vila Real vale não só pelo incontornável Palácio de Mateus e os seus jardins, mas também pela cidade em si e o seu imenso património histórico e arquitectónico. Depois de um ambiente citadino, vamos mergulhar nas soberbas paisagens naturais do Douro subindo até São Leonardo da Galafura, para descermos a seguir até Covelinhas, com a sua estação ferroviária situada quase junto à linha de água.
Dia 2: Covelinhas → Pinhão → Peso da Régua → Mesão Frio → Amarante
De Covelinhas seguimos para a Eclusa da barragem da Régua, onde a passagem dos barcos de cruzeiro é uma atracção recorrente – e também uma celebração do engenho humano na sua tentativa de dominar a natureza. Passamos para o outro lado do Douro para percorrer uma das estradas mais bem desenhadas e bonitas do país: a N222, no seu troço entre Peso da Régua e o Pinhão. Regressamos pelo mesmo caminho, que a paisagem merece e as estradas têm sempre uma perspectiva diferente consoante o sentido em que as percorremos. A Régua merece uma paragem mais demorada para passear junto ao cais e descansar numa esplanada. Depois continuamos a acompanhar o Douro e a sua envolvente até Mesão Frio, a última paragem antes de regressarmos a Amarante.
Da Lousã ao Piódão
Dia 1: Lousã → Góis → Coja → Avô → Piódão
Na verdejante Serra da Lousã não faltam lugares que merecem ser visitados, como o Castelo e o adjacente Santuário de Nossa Senhora da Piedade e também, se houver mais tempo disponível, as aldeias de xisto que se alojam nas suas encostas. Depois seguimos caminho até Góis, para apreciar a beleza da vila nas margens do tranquilo rio Ceira. Em Coja, outro rio para apreciar: o Alva, que vamos novamente encontrar mais tarde na bonita aldeia de Avô. Já seguindo na direcção do destino final do dia, vale ainda a pena parar na praia fluvial de Pomares. Vinte quilómetros e muitas curvas depois, chegamos ao Piódão.
Dia 2: Piódão → Foz d’Égua → Fraga da Pena → Colmeal → Candosa → Cabreira → Lousã
Dos encantos de Piódão já todos ouvimos falar. Nesta aldeia-maravilha o bom mesmo é andar sem rumo e perdermo-nos nas ruelas e escadinhas que serpenteiam pela encosta, descer até à praia fluvial, e depois ir – pela estrada ou, melhor ainda, pelo trilho pedestre – visitar a mais pequena mas não menos encantadora aldeia de Foz d’Égua. De novo no carro, o destino seguinte é outra maravilha natural: a queda de água da Fraga da Pena, enquadrada na Mata da Margaraça, considerada o último reduto de vegetação original no centro do país. Lamentavelmente, esta foi uma das zonas mais afectadas pelos fogos de Outubro do ano passado, tendo ardido mais de 70% da área da Mata – uma tragédia da qual a natureza ainda vai demorar algum tempo a recuperar. Daqui seguimos novamente ao encontro do rio Ceira, onde a primeira paragem é na Praia Fluvial da Ponte, junto à aldeia do Colmeal. A pausa seguinte faz-se na aldeia da Candosa, para depois continuarmos pela M543 durante 7 km até um dos lugares mais idílicos destas redondezas: a Praia Fluvial da Ponte Velha. Logo a seguir, a aldeia da Cabreira é mais um local a visitar antes do regresso à Lousã.
De Castelo Branco às Termas de Monfortinho
Dia 1: Castelo Branco → Idanha-a-Velha → Termas de Monfortinho
Castelo Branco é o ponto de partida para um roteiro que nos leva, mais uma vez, até aos limites fronteiriços com Espanha. Depois de uma visita à cidade, onde é obrigatório conhecer no mínimo o seu castelo e o Jardim do Paço, seguimos para a resguardada e tranquila aldeia de Idanha-a-Velha, que merece uma visita completa e demorada, pela sua importância histórica e pelo tanto que tem para ver. Regressamos à N239 e seguimos directamente para as Termas de Monfortinho, onde o Rio Erges faz a separação entre Portugal e Espanha. Em frente ao edifício das Termas há um parque por onde se acede à margem do rio para um passeio agradável.
Dia 2: Termas de Monfortinho → Penha Garcia → Monsanto → Castelo Branco
Perto de Monfortinho, Penha Garcia é outra jóia portuguesa a descobrir. Estendendo-se pela encosta acima e coroada pelas muralhas do castelo, é na sua vertente menos exposta que encontramos vários tesouros escondidos: os moinhos de água do rio Pônsul, a rota dos icnofósseis, e a Praia Fluvial do Pego, com a sua adorável queda de água. Daqui seguimos para a famosíssima aldeia de Monsanto, também encarrapitada numa encosta e também com o seu castelo, mas com um ambiente completamente diferente, e depois de regresso a Castelo Branco – ou, quem sabe, para outras paragens…
De Ponte de Sor a Marvão
Dia 1: Ponte de Sor → Vila Formosa (ponte romana) → Flor da Rosa → Castelo de Vide → Marvão
Partindo de Ponte de Sor, este roteiro leva-nos até ao Parque Natural da Serra de São Mamede. No entanto, ainda antes de chegar a Alter do Chão fazemos um curto desvio para ir conhecer a ponte romana de Vila Formosa, monumento nacional que até há alguns anos ainda era utilizado para o tráfego automóvel mas agora se encontra inserido num simpático parque de merendas. Dirigimo-nos depois para Flor da Rosa, com a Pousada que já foi o Mosteiro do Crato e a Capela que tem o nome da localidade. Castelo de Vide é o destino seguinte, e vai ser uma visita longa porque aqui há muito para ver. Ainda antes de entrar podemos parar na Fonte do Martinho, onde temos uma perspectiva da vila vista de baixo, e depois subir à Ermida de Nossa Senhora da Penha para a ver de bem alto. Já dentro da vila, o melhor é começar pelo largo principal, onde estão a Câmara Municipal e a Igreja Matriz, seguir até à Fonte da Vila e depois ir subindo para visitar as ruas da Judiaria e o Castelo. Vamos depois até Marvão, com a sua posição privilegiada no alto da serrania e as suas muralhas, que podem ser percorridas praticamente de ponta a ponta para delas termos uma visão de 360 graus sobre a paisagem do Alto Alentejo.
Dia 2: Marvão → Estrada da Portagem → Cidade romana de Ammaia → Marco (ponte internacional mais pequena) → Cabeço de Vide → Ponte de Sor
Descemos de Marvão até à encruzilhada da Portagem, viramos à direita como se fôssemos para Castelo de Vide e pouco depois à esquerda: vamos percorrer um troço da N246-1, outra das mais bonitas e míticas estradas portuguesas, ladeada de freixos marcados com uma faixa branca no tronco. Seguindo para sul, a seguir a São Salvador da Aramenha encontramos as ruínas da cidade romana de Ammaia, ainda pouco resgatadas das profundezas do solo mas cujo Museu abriga uma das melhores e mais bem preservadas colecções de vidros romanos da Península Ibérica. De regresso à estrada, continuamos para sul até à minúscula aldeia do Marco, nos arredores de Arronches. É aqui que se encontra a ponte internacional mais pequena do mundo: com apenas seis metros de comprimento, faz a ligação entre Portugal e Espanha sobre a estreita ribeira de Abrilongo. Já no caminho de volta ao ponto de partida deste roteiro, o último local a visitar é Cabeço de Vide. Passeamos pelas ruazinhas do centro histórico até à Igreja de Nossa Senhora das Candeias, situada no alto da povoação, e depois seguimos de carro para conhecer os belíssimos azulejos da antiga estação de caminho-de-ferro e, quase ao lado, as Termas de Sulfúrea e o parque que as rodeia.
De Évora a Monsaraz
Dia 1: Évora → Castelo de Valongo (Montoito) → Reguengos de Monsaraz → Corval (Pedra dos Namorados) → Convento da Orada → Cromeleque do Xerez → Ermida de São Bento → Monsaraz
É da mais-que-famosa cidade de Évora que saímos para mais um roteiro por terras alentejanas. A minha primeira sugestão de paragem é para observar o Castelo de Valongo, perto de Montoito. De linhas simples e meio em ruínas, ergue-se isolado numa pequena elevação rodeada de vinhas (em propriedade privada), e é precisamente esta sua localização e o aspecto de estar orgulhosamente só que lhe dão um carácter especial e único. Seguimos para Reguengos de Monsaraz, com a sua interessante Igreja Matriz, e depois para Corval, povoação conhecida pela sua olaria e pela Pedra dos Namorados, um menir associado a antigos ritos da fertilidade e aonde na segunda-feira de Páscoa, seguindo antigas tradições, as raparigas solteiras se dirigem para saberem quantos anos ainda faltam para casar. E como vestígios megalíticos é coisa que não falta no nosso Alentejo, encontramos mais um já bem perto de Monsaraz, junto ao Convento da Orada: o Cromeleque do Xarez, transportado para este lugar em 2004 por o seu local original ter ficado submerso pela barragem do Alqueva. Antes de finalmente entrarmos em Monsaraz, vale ainda a pena parar um pouco junto à Ermida de São Bento.
Dia 2: Monsaraz → Mourão → Luz → Moura → Barragem do Alqueva → Marina da Amieira → Évora
Monsaraz está contida dentro das muralhas do seu castelo e não é demorado percorrê-la, mesmo com calma. Voltando a pegar no carro, vamos passar sobre o grande lago que agora é o Alqueva para irmos até Mourão, que tem chaminés típicas e também um castelo, e tem a fantástica paisagem que dele se avista. Continuando a rodear o Alqueva, fazemos um desvio para visitar a nova aldeia da Luz e depois seguimos para Moura, um oásis de frescura em pleno Alentejo, onde a área envolvente do castelo e o Jardim Dr. Santiago de Moura são de visita obrigatória. Regressamos à N355 para seguir até à Barragem, atravessamos o dique e continuamos até à marina da Amieira, e encetamos finalmente o caminho de volta a Évora.
Boa Páscoa, e bons passeios!
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