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Viajar porque sim

Paixão por viagens, escrita e fotografia

Sab | 25.11.17

Em Londres já é Natal

 

Londres é uma cidade muito estimulante – provavelmente a cidade mais estimulante das que conheço. Há sempre tanto para ver e fazer, tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo, que o difícil é conseguir arranjar tempo para tudo. Acabei de passar lá um fim-de-semana comprido, mas foi a primeira vez que visitei a cidade nesta altura do ano e venho absolutamente encantada!

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Já várias pessoas me tinham dito que em Londres o Natal começa cedo e é uma época fantástica para visitar a cidade, e agora subscrevo completamente essa opinião. Nesta altura Londres está ainda mais vibrante do que é costume. Apesar de já estar bastante frio, as ruas estão cheias de pessoas até bem depois de escurecer (e por aqueles lados a luz desaparece muito cedo, às cinco já é noite cerrada…), gente de todos os tamanhos e feitios, famílias com crianças, parzinhos, grupos de amigos – e obviamente também muitos turistas. As lojas estão igualmente cheias (de coisas lindíssimas e de gente), em muitos restaurantes a fila de espera transborda para a rua, e o ambiente geral é de festa. Claro que o trânsito está ainda mais complicado do que já é costume, há certos troços de rua em que se anda a passo de caracol, e temos a permanente sensação de que de repente abriram os portões de um qualquer festival de música e toda a gente saiu ao mesmo tempo. Mas nada disto incomoda de sobremaneira – pelo menos não me incomodou a mim, e eu sou pessoa que não aprecia grandes confusões.

 

É óbvio que três dias (incluindo as horitas de viagem), mesmo que bem aproveitados de manhã à noite, não chegam para descobrir todas as “iguarias” natalícias que Londres tem para oferecer nesta altura do ano; e também é verdade que algumas das iluminações já instaladas ainda não estavam a funcionar. Em contrapartida, tive a sorte de apanhar um fim-de-semana especial em que celebraram o Lord Mayor’s Day e o Remembrance Day, com direito a desfiles e a fogo-de-artifício – e a zonas da cidade com o trânsito desviado e complemente parado nalgumas ruas do centro. Felizmente Londres é uma cidade óptima para andar a pé, substancialmente plana e com passeios largos, e em qualquer linha de metro os comboios passam com uma frequência louca, às vezes com intervalos de um ou dois minutos. Só é pena os bilhetes terem um preço exorbitante para as nossas magras bolsas portuguesas.

 

Com dois fins-de-semana compridos à porta, Londres é uma opção excelente para uma escapadinha de poucos dias – há voos todos os dias, a várias horas diferentes, a oferta de alojamento é imensa e não faltam sítios onde comer, adequados a todos os gostos e orçamentos. Para abrir o apetite, aqui ficam as minhas impressões – pessoais e fotográficas – sobre o que vi por lá nestes dias.

 

Carnaby Street é para mim a rua com a decoração mais fantástica de tudo o que vi. Pegaram no tema “Christmas Carnival” e suspenderam entre os edifícios um sem-fim de exóticos pássaros, flores e outros motivos carnavalescos, numa orgia de cor que só por si é já uma festa – e surpreendentemente não choca nada com a ideia do Natal.

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Em Chinatown, também no Soho, o portal da entrada e o Hotel W já por si têm um ar natalício, e as lanternas vermelhas tão tipicamente orientais ajudam a completar o ambiente. Isso e os magotes de pessoas nas ruas e nos restaurantes, que aqui são praticamente porta sim, porta sim.

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O ex libris do Natal de Covent Garden é uma rena decorada com luzinhas colocada junto à entrada para James Street. O tradicional edifício do Apple Market, um dos melhores lugares para comprar presentes originais, está brilhante e cheio de luz, com dezenas de ornamentos inspirados nas formas do azevinho.

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Não sendo exclusivo do Natal, o Glockenspiel do Swiss Court – a curta via pedestre que liga Leicester Square a Wardour Street – é especialmente adequado para observar nesta altura do ano. Oferecido a Londres nos anos 80 pela Suíça e o Liechtenstein, é um instrumento musical com 27 sinos que operam em conjunto com 11 figuras concebidas ao estilo suíço. Os sinos interpretam músicas variadas, e enquanto estão a tocar as figuras giram à volta do poste central que fixa o instrumento ao chão. Uma delícia!

Oxford Street é a meca londrina das compras. Com quase 2 km de comprimento, a rua comercial mais animada da Europa põe ao dispor de quem passa cerca de 300 lojas de todos os géneros – e por ali passa cerca de meio milhão de almas por dia. Nesta altura do ano serão certamente mais, e quase toda a gente traz sacos de compras nas mãos. Não é por isso de admirar que a grande maioria das decorações natalícias mais chamativas esteja concentrada nesta rua e nas ruas circundantes. Este ano, em parceria com a NSPCC (Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade contra Crianças) e chamando a atenção para a campanha “Light Up Christmas for Children”, Oxford Street exibe 750.000 lâmpadas LED e 1778 bolas decorativas, a fazerem lembrar gigantescos flocos de neve.

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 Oxford Street

 

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 Bond Street

 

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 Slingsby Place

 

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 South Molton Street

  

Também não é de estranhar que as montras das lojas sejam por si só um espectáculo delirante, competindo entre si para verem qual consegue atrair mais as atenções. A imaginação não tem limites no que toca a extravagância: objectos gigantes, portas de armários que abrem e fecham, roupeiros de onde saem monstros, malas e acessórios que sobem e descem dentro de chaminés… na decoração das montras, a tendência é tudo o que for mais divertidamente louco.

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 Debenhams

 

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 House of Fraser, num estilo mais clássico

 

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 John Lewis

 

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 A fantástica loja da Lego

 

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 A mega loja da m&ms, vários pisos com tudo o que se possa imaginar e cheia de gente

 

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Hemleys, a loja de brinquedos mais famosa de Londres

 

Mas as montras mais bem conseguidas, na minha opinião, são as da H&M – com uma concepção simples mas muito original e fabulosamente executadas, as fotografias não conseguem transmitir o enorme impacto que elas causam.

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E claro que eu não poderia ir a Londres sem voltar à minha livraria preferida. A Stanfords é uma livraria e-nor-me dedicada a um só tema – as viagens, pois claro! Ali encontramos tudo sobre todo o mundo, desde os clássicos aos guias de bolso, e ainda mapas e uma enorme variedade de artigos com motivos desta temática. Agora adivinhem lá onde é que eu perdi a cabeça e comprei uma boa parte das minhas prendas de Natal…

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Londres é também uma cidade divertida, e não faltam espectáculos, eventos e animações para todos os gostos e todas as idades – e não é o facto de chover com frequência que tira as pessoas da rua. As actividades ao ar livre são mais que muitas, e patinar no gelo é só uma dessas possibilidades. No recinto exterior do Museu de História Natural, no bairro de Kensington (mesmo ao lado do meu museu preferido, o Victoria & Albert), está montado um ringue de gelo para quem quiser exibir-se em voltas e piruetas, ou simplesmente entreter-se um bocado tentando não cair. O belíssimo edifício do Museu e as árvores circundantes são um cenário mais-que-perfeito, e a enorme árvore de Natal no centro do ringue e música animada a sair das colunas dão o ambiente de festa necessário para a diversão. Para os mais inexperientes, há uns divertidos pinguins (bonecos, obviamente…) que ajudam a evitar quedas.

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Para quem vibra com o Natal, Londres é o lugar certo para visitar nesta altura do ano. E para quem já deixou de achar graça à quadra natalícia (e confesso que me incluo neste grupo), também é – não há como não ser contagiado pelo ambiente de festa que se vive na cidade durante esta época.

 

Agora digam lá que não ficaram com vontade de ir... :-)

 

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Seg | 06.11.17

Na ilha das Flores - parte VI

 

Embora menos espectacular do que a sua congénere do ponto cardeal oposto, a costa leste da ilha das Flores tem uma beleza própria, e a estrada que percorre a costa entre Santa Cruz e o extremo norte da ilha é mais um passeio obrigatório.

 

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Logo depois de passar Fazenda de Santa Cruz a primeira paragem é no Miradouro dos Caimbros, de onde se tem uma vista desafogada sobre a baía da Alagoa e os seus ilhéus inconfundíveis, e também um primeiro vislumbre da ilha do Corvo, muito ao longe, disfarçada por entre as nuvens baixas.

 

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Meia dúzia de quilómetros mais à frente, em Cedros, novo miradouro e nova paragem. Daqui é possível ver uma bela parte da costa leste da ilha, com Santa Cruz para o lado direito e os ilhéus Garajau e de Álvaro Rodrigues para a esquerda, e com o Corvo sempre no horizonte longínquo.

 

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Entre os Cedros e a localidade de Ponta Ruiva é possível fazer um percurso pedestre (não circular) de 3,7 km, que tem um dos seus extremos na Igreja dos Cedros e o outro no Espírito Santo de Ponta Ruiva. Já para os menos afoitos, ou para quem esteja apertado de tempo, a partir da estrada basta descer um pouco para chegar a um miradouro que oferece uma belíssima panorâmica para o original Ilhéu Furado.

 

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Ponta Delgada

De Cedros até Ponta Delgada (o nome é o mesmo, mas nada mais tem em comum com a cidade homónima de São Miguel, tirando o facto de serem ambas em ilhas açorianas) é mais uma dúzia de quilómetros. Na baía com o mesmo nome, relativamente abrigada, foi construído um pequeno porto que tem ar de servir também como uma espécie de zona de lazer – cá em cima há um belíssimo e bem arranjado parque de merendas, com um parque infantil e um amplo estacionamento mesmo ao lado; e lá em baixo, sobre a água, havia quem se atrevesse a praticar equilibrismo (com um sucesso relativo...) numa corda estendida entre duas extremidades do pontão.

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Localizada numa zona muito fértil e irrigada e dispondo de um porto abrigado, não admira que Ponta Delgada tenha sido uma das primeiras zonas das Flores a ser povoada. Existem documentos que apontam para que tenha começado a ser habitada ainda no séc. XVI. Cem anos depois teria cerca de 650 habitantes, e em meados do séc. XIX mais de 1250. A partir dessa altura a população da localidade começou a decair aceleradamente, sobretudo devido à emigração para a América do Norte e à deslocação interna de residentes para localidades mais a sul, e hoje em dia o número de habitantes é inferior a 400.

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No entanto, esta terra pacata tem dois enormes trunfos, qualquer deles por si só merecedor da deslocação. O primeiro é especialmente dedicado a quem gosta de comer bem, e chama-se “O Pescador”. Consta que é o melhor restaurante da ilha, e eu tendo a concordar, embora a minha opinião não seja das mais abalizadas porque não os conheci todos. Mas que se come lá muito bem, disso não tenham dúvidas. As lapas são de comer e chorar por mais e o peixe é fresquíssimo e bem cozinhado. O restaurante é simples e despretensioso mas agradável, com decoração nas paredes alusiva ao nome, e o dono é uma simpatia – como praticamente toda a gente com quem nos cruzámos na ilha, note-se.

 

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Ponta do Albarnaz

Três quilómetros para leste de Ponta Delgada fica a segunda grande razão para irmos até ao norte da ilha: o emblemático Farol do Albarnaz. Encavalitado sobre a falésia, isolado no meio de uma enorme extensão de pastos verdejantes, com a torre encarnada a destacar-se contra o azul-cinza do mar e do céu, parece um guardião do fim do mundo. Começou a funcionar em 1925 e orienta a navegação em toda a costa noroeste da ilha, sendo visível até ao Corvo.

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Dizer que a Ponta do Albarnaz é ventosa é dizer pouco – fora do carro parece que o diabo anda à solta. Quem não aparenta incomodar-se com isso são as vacas. Nem com isso, nem connosco, pois apenas uma ou outra se dignou dirigir-nos um olhar vagamente curioso, para de seguida voltar as suas atenções para a erva. À nossa volta, sobre as colinas suaves, estendiam-se pastagens a perder de vista, em concorrência directa com o mar infinito, e eu pensei que durante a sua (provavelmente curta) vida aquelas vacas devem ser mesmo felizes.

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Em franco contraste com a indiferença a que as vacas nos votaram, quando de regresso a Ponta Delgada parámos ao pé do pequeno parque de merendas junto à Ribeira do Moinho, de imediato vieram ter connosco os patos e galinhas que por ali andam à solta. O lugar é bonito e estava mesmo a pedir um piquenique, mas para azar dos bicharocos nós não tínhamos nada que pudesse servir-lhes de refeição. Ainda retenho na memória os quacs reprovadores que nos lançaram ao perceberem que não íamos satisfazer-lhes a gulodice.

 

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Ao todo, foram praticamente quatro os dias que passei nas Flores. Dias suficientes para me aperceber de como a ilha é linda, mas que não chegaram para conhecer tudo o que ela tem para oferecer. Não faz mal, eu não me importo. Em todos os lugares, gosto de ficar sempre com qualquer coisa por ver – porque assim tenho uma boa desculpa para voltar.

 

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No Corvo

 

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