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Viajar porque sim

Paixão por viagens, escrita e fotografia

Qua | 21.06.17

O meu país

 

Há pessoas para quem viajar é ir para o estrangeiro – conhecerem o seu próprio país não conta, o que é bom é ir para fora. Eu não sou, felizmente, uma dessas pessoas. Há muitos anos que viajo “cá dentro” e conheço quase todo o território português. Claro que “conhecer” é sempre um verbo relativo, e às vezes basta estarmos meia dúzia de anos sem visitar um local para quase não o reconhecermos quando lá regressamos. Mas há já muito poucas zonas do nosso país que eu não tenha visitado pelo menos uma vez até agora, e as que não conheço espero vir a conhecer um destes dias. E se na maioria dos meus posts falo de destinos fora de Portugal, isso prende-se apenas com uma questão de utilidade: escrevo em português e a maioria das pessoas que me lêem são portuguesas, razão pela qual presumo que lhes seja mais fácil ter acesso a informação sobre Portugal do que sobre outros países – sobretudo informação em português, prática e dada na primeira pessoa, por quem já lá esteve, pelo que este tipo de informação será mais útil.

 

Portugal é um país pequeno mas muito bonito e muito variado. Em todos os aspectos. De norte a sul, do litoral para o interior, variam a paisagem natural e a construída, as tradições culturais, a gastronomia, o clima, a história, os hábitos e as influências sociais, e até mesmo os sotaques e os pormenores linguísticos. Não há muitos países que possam gabar-se de tanta variedade numa área territorial tão reduzida. E de tanta História.

 

Há certamente alguma coisa de especial neste nosso rectângulo. Habitado desde há milhares de anos, palco de acirradas disputas territoriais, rampa de lançamento para a descoberta de mundos ultramarinos desconhecidos, alguma coisa os nossos antepassados devem ter visto neste pedaço de terra para a ela se agarrarem com unhas e dentes, defendendo-a durante séculos de todo o tipo de ataques, tanto humanos como naturais.

 

Alguma coisa aqui continuamos certamente a ver nos nossos dias; nós, os que apesar de todas as dificuldades, de todas as prepotências, de todos os maus-tratos a que Portugal tem sido sujeito, apesar de todo o desleixo, desinteresse e deixa-andar por parte de quem tem responsabilidades mas prefere ignorá-las para apenas pensar no lucro; nós, os que amam Portugal e preferem olhar para o que há de bom em vez de se queixarem constantemente do que está menos bem; alguma coisa continuamos a ver e a sentir por este pequeno território tão velho, tão depauperado de recursos, e tão continuamente flagelado pela natureza e pela maldade humana.

 

Portugal é o meu país e eu gosto do meu país, apesar dos seus defeitos. Não só por ser o lugar onde nasci, mas porque ele merece. Portugal é, para mim, um país lindo, com um património riquíssimo e interessante, e cheio de grandes pessoas (as pequenas pessoas eu prefiro ignorar, elas não merecem que se lhes dê qualquer importância). Portugal é um país em evolução e que tem vindo a melhorar em muitos aspectos - para cada passo em falso que damos, há meia dúzia de outros passos na direcção certa. Portugal é o meu país, e tudo o que o afecta profundamente também me afecta a mim, mesmo que eu não o sinta directamente na pele.

 

Estive há cerca de dois meses numa das zonas que nestes dias tem estado ameaçada pelo fogo (ou deveria dizer inferno?) que mais uma vez está a consumir uma grande parte do território de Portugal – a consumir recursos naturais e financeiros, a consumir meios e, pior do que tudo, a consumir vidas. Os incêndios são um flagelo nacional que não tem paralelo em qualquer outro país, um “fenómeno” racionalmente inexplicável que nos afecta de forma brutal todos os Verões e não dá sinais de diminuir com o passar dos anos; pelo contrário, parece aumentar continuamente, pelo menos em termos de gravidade. Vingança da natureza ou maldade humana, seja qual for a causa, o resultado é sempre idêntico: destruição e morte. E este ano a morte está a ter mão pesada em número de seres humanos. As casas podem ser reconstruídas, as florestas replantadas, mas os seres vivos, humanos e animais, esses ninguém pode substituir.

 

Portugal é o meu país e é um país lindo, por muitos e variados motivos. Mesmo quando a natureza ou a mão humana criminosa decidem fazer-lhe mal, infligir-nos dor. Mesmo quando é preciso o sacrifício e a luta de muitos para salvar uma parte do nosso património, uma parte de nós.

 

Visitei em Abril algumas das aldeias da região de Góis. Foi num fim-de-semana soalheiro e já quente, um verdadeiro fim-de-semana de Primavera, e conheci sítios encantadores. Alinhadas ao longo das margens do rio Ceira, cada uma daquelas aldeias tem um ambiente diferente e um cantinho, um ângulo, um pormenor que as torna especiais. Aqui ficam algumas imagens de Cabreira, Colmeal e Candosa. Esperemos que não para memória futura.

 

CABREIRA

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CANDOSA

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COLMEAL

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