Passear a pé é uma das minhas actividades favoritas, sobretudo em ambiente natural. Além de ser saudável, é distrativo e areja a cabeça, o que faz maravilhas pelo meu estado de espírito. Estou sempre à procura de novos percursos, mesmo que sejam longe de onde vivo, e há pouco tempo fui conhecer um dos projectos portugueses de arquitectura paisagista mais premiados internacionalmente: o Parque Linear Ribeirinho do Estuário do Tejo, entre Alverca e a Póvoa de Santa Iria.
O Parque ocupa uma área de 14 hectares numa zona onde antes existiam terrenos agrícolas e industriais, e oferece vários percursos para passear, entre passadiços de madeira e trilhos de terra batida.
Os trilhos são utilizáveis por peões e bicicletas e no total têm quase 6 km de comprimento, grande parte dos quais junto ao Tejo e a ribeiras que lhe estão ligadas.
A vegetação é predominantemente rasteira, típica do sapal do estuário do Tejo, com gramíneas e caniços, e praticamente sem árvores – ideal para podermos aproveitar a relaxante e pacífica vista do rio, numa enorme extensão.
Para quem gosta de aves (como é o meu caso, sobretudo quando estão em liberdade!), o Parque é um manancial de entretenimento. Há inúmeros patos, as sempre presentes gaivotas, e uma enorme população de guinchos. Nas zonas de areia vêem-se pilritos e maçaricos-das-rochas. E as ribeiras fervilham de vida. As felosas são às dezenas, e de vez em quando conseguimos ter um vislumbre de uma qualquer tímida galinha-d’água. Aqui e ali, no meio do verde da erva, emerge o pescoço branco e comprido de uma garça-boieira, movendo-se com aquele balanço quase hipnótico tão típico delas.
Uma das opções para visitar o Parque poderá ser a partir da estação de comboios de Alverca e percorrendo o Trilho da Estação, que termina no extremo norte do Trilho da Verdelha. Daí segue-se junto à ribeira com o mesmo nome até chegar ao observatório de aves, onde começam os Trilhos do Forte da Casa e o do Tejo – mais curto, mas sem dúvida o mais espectacular: 730 metros de passadiço de madeira sobre o dique, com o rio ao lado e uma paisagem a perder de vista.
Outra possibilidade, talvez a mais simpática, será deixar o carro no estacionamento da Praia dos Pescadores. É aqui que se situam as infra-estruturas de apoio e recreio principais: um parque de merendas, um café, casas-de-banho, zonas para jogos e o Centro de Interpretação Ambiental e da Paisagem.
Em jeito de esculturas, foram espalhadas pelo espaço da Praia dos Pescadores várias peças em ferro pertencentes ao espólio do estaleiro da Somague, e ao lado da praia, “encalhadas” no lodo, há várias embarcações desactivadas.
Apesar de os trilhos não serem nem extensos, nem cansativos – são planos na sua quase totalidade - reservem pelo menos uma manhã ou uma tarde inteira para conhecer o Parque; a paz do lugar não condiz com pressas, e são muitos os motivos para parar durante o passeio.
Agora que já temos luz diurna durante mais horas e (dizem os senhores do tempo) vêm aí uns quantos dias de sol, fica aqui a minha sugestão para um passeio a pé tendo como cenário o pouco conhecido sapal do estuário do Tejo.
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