Croácia - diário de viagem - IX - Brač e Zlatni Rat ou na praia mais fotografada do país
Praias é coisa que não falta na Croácia. Mas há uma que aparece recorrentemente nas listas das melhores praias da Europa: Zlatni Rat. Fomos confirmar se é mesmo verdade.
Brač é uma das 47 ilhas habitadas da Croácia, e a terceira maior das ilhas do Adriático. Famosíssima pela sua pedra calcária, que é utilizada na construção decorativa desde há muitos séculos – e hoje em dia também numa multiplicidade de objectos vendidos como artesanato típico da região – grande parte da popularidade da ilha além-fronteiras deve-se sem sombra de dúvida às centenas e centenas de fotografias que encontramos na net mostrando Zlatni Rat, a praia cujo formato muda ligeiramente consoante as marés.
A ilha fica a menos de 20 km para sul de Split, mas a única maneira de lá chegar é de barco (ferry ou catamarã). A companhia Jadrolinija tem ferries que ligam Split a Supetar, no norte de Brač, várias vezes ao dia (e com maior frequência no Verão). A nossa ideia inicial era levar o carro no ferry, mas entretanto soubemos que havia autocarros regulares entre Supetar e Bol, a localidade junto à praia de Zlatni Rat (que fica na costa sul da ilha), e chegámos à conclusão de que não compensaria pagar o preço do transporte do carro no ferry (cerca de 40€ ida e volta).
O mais difícil foi mesmo arranjar lugar em Split para deixar o carro estacionado todo o dia sem pagar. A sorte do dia da chegada não se repetiu, e demorámos uma boa meia hora a encontrar um sítio decente onde não corrêssemos o risco de levar uma multa ou (pior ainda!) ter o carro rebocado. Depois ainda foi preciso andar um bom bocado até ao porto, e claro que quando chegámos à bilheteira o barco que queríamos apanhar já tinha saído. E aqui fica o meu conselho: se quiserem fazer o mesmo que nós, vão cedo – mas mesmo muito cedo, que as estradas têm sempre bastante trânsito e estacionar não é fácil. Ou então percam o amor ao dinheiro e preparem entre 5 e 10 kunas/hora para deixarem o carro num estacionamento fechado.
Depois de comprados os bilhetes (9€ e pouco por pessoa, ida e volta), aproveitámos para ir tomar uma bebida fresca numa esplanada, levantar dinheiro na ATM e comprar mais umas sanduíches para comer na praia, evitando assim perdermos depois mais tempo com o almoço. E ainda deu para ver, pela primeira vez na minha vida, um hidroavião amarar na baía mesmo em frente à Riva, por entre os barcos a motor e os veleiros. Assim, como se fosse a coisa mais natural deste mundo. Que se calhar até é, por aqueles lados.
A viagem de ferry até Brač é relativamente rápida, 50 minutos que passam num instante observando a cidade de vista de outra perspectiva, a linha da costa que se vai tornando mais distante, e as muitas gaivotas que acompanham o barco durante toda a viagem.
Chegando a Supetar, descobrimos (porque os condutores vêm logo ter connosco) que há uma fila enorme de táxis colectivos à espera dos turistas que vão para Zlatni Rat. Cada um leva 6 ou 7 pessoas, cobram apenas mais 10 kunas do que o preço do autocarro (que só parte de longe a longe) e demoram metade do tempo a fazer o percurso de 30 e poucos quilómetros. Com a vantagem de nos deixarem à entrada da praia, ao passo que o terminal do autocarro é em Bol, e a mais de 1 km de distância. Feitas rapidamente as contas, nem hesitámos.
O acesso à praia faz-se atravessando um enorme pinhal, onde estão espalhadas algumas estruturas de apoio, como restaurantes, casas de banho e até um parque infantil.
Zlatni Rat significa cabo dourado ou corno dourado, no dialecto chacaviano local. A praia tem um formato nitidamente triangular, terminando numa ponta arredondada que vai mudando de formato consoante as marés. É tão bonita quanto as fotografias a retratam, rodeada pelo fantástico azul do Adriático e com areia muito clara. Areia? Bom, a areia não é propriamente areia, mas sim pedrinha miúda, o que quebra um bocadinho o encanto mesmo quando já se sabe de antemão o que nos espera. Falo por mim, claro, que nem as praias com areia mais grossa eu aprecio... Mas esse ligeiro senão é compensado pelo resto.
E o resto é uma temperatura da água igual à do ar (26 graus, naquele dia), um mar quase transparente de tão límpido e zero ondas. Uma benesse para mim, que adoro as nossas praias mas é raro nelas conseguir molhar mais do que os pés.
Como o dia estava um bocado ventoso, a grande maioria dos banhistas estavam concentrados no lado da praia virado a oeste, um pouco mais abrigado do que o lado oposto. Curiosamente, o nudismo é permitido nesta praia, e sem que haja quaisquer choques: quem dispensa o fato de banho escolhe a zona do lado oeste mais junto ao pinhal, e quem é mais púdico tem todo o resto da praia.
Para o regresso tínhamos combinado previamente com o “nosso” taxista uma hora ao fim da tarde para nos ir buscar à saída da praia, com antecedência suficiente para apanharmos o ferry de volta a Split. Ainda tivemos tempo de dar uma volta por Supetar, que é uma vilazinha simpática com edifícios antigos bem conservados, esplanadas e lojinhas, e uma marina – um pouco à semelhança de Trogir ou Šibenik, mas muito mais pequena e obviamente com menos interesse em termos de património arquitectónico e histórico.
A viagem de retorno foi igualmente calma e sem história, desta vez no salão interior do ferry, que a temperatura do final de tarde já não pedia ir no deck ao ar livre. Como bónus, a vista do pôr-do-sol no porto de Split, a fechar da melhor forma mais um dia fabuloso.
É óbvio que entre as centenas de praias da Croácia, há muitas outras igualmente bonitas e agradáveis. Deixo-vos aqui um pequeno vídeo com algumas das melhores. Agora adivinhem qual é a que o autor coloca em primeiro lugar…?
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