Croácia - Diário de viagem - II - Lisboa-Zagreb e à noite em parte incerta
O nosso primeiro dia de viagem serviu como amostra do que nos estava reservado para esta “road trip” em terras croatas: bons alojamentos, mas muitas peripécias para dar com a morada certa.
Depois de um voo de três horas sem grandes atrasos e sem história, onde apenas nos serviram um lanche – a TAP agora funciona em regime de semi-low cost, mas mesmo assim continua a ser bem mais confortável do que a maioria das outras companhias de aviação com que já viajei –, eram quase oito da noite quando o avião pousou no aeroporto de Zagreb, também conhecido como aeroporto de Pleso. É um aeroporto pequeno, talvez por isso não tivemos de esperar muito tempo pelas malas, nem foi difícil descobrir o balcão da Auto Europe, a agência local que nos iria fornecer o carro alugado online. Primeiro contacto directo com um croata, um senhor correcto sem ser propriamente muito simpático, e com um bom nível de inglês. As formalidades do costume nestas coisas de alugar carros foram rapidamente despachadas, mas ficámos a saber que teríamos de pagar no final uma taxa de fronteira no valor de 380 kunas (pouco mais de 50 euros) porque iríamos sair do país com o carro (para passar para Dubrovnik e depois para irmos a Montenegro).
Na Croácia é uma hora mais tarde do que em Portugal, por isso já era praticamente de noite quando fomos ao encontro do Skoda Fabia vermelhinho e com ar de novo que ia ser o nosso transporte durante as duas semanas seguintes. Passo seguinte: encontrar o nosso alojamento, reservado alguns dias antes pela net.
À partida, a questão de fazer a viagem de carro até aos Meridien Luxury Apartments (que, note-se, não têm nada a vez com a cadeia de hotéis com o mesmo nome) parecia estar mais ou menos controlada, uma vez que tínhamos imprimido o mapa com o percurso do aeroporto até lá. Pois… mas só parecia… porque à noite, no meio de trânsito intenso num local desconhecido, com instruções que nos falam em centenas de metros (como se tivéssemos um conta-quilómetros nos olhos…) e nomes de estradas que não conseguimos ver, a tarefa não tem nada de simples, e num instante se perde o norte. A opção que restou foi seguir as indicações das placas até entrar em Zagreb e depois tentar encontrar o centro da cidade para nos situarmos. Mais fácil de dizer do que de fazer, quando demos por nós já não sabíamos onde estávamos – algures num bairro com avenidas largas e prédios altos, e sem quaisquer indicações que nos dessem uma pista do caminho a seguir para chegarmos ao nosso destino.
A solução teve mesmo de ser parar e entrar num café para pedir ajuda. Por sorte demos com três jovens que falavam algum inglês, e um deles conseguiu identificar o local para onde queríamos ir e, simpaticamente, fez num papel um esquema do caminho para chegarmos à avenida principal mais próxima dos apartamentos. Sem a ajuda deles, acho que ainda hoje estaríamos às voltas em Zagreb à procura do caminho.
Só que as peripécias ainda não tinham chegado ao fim. Uma vez encontrada a Maksimirska cesta (cesta significa estrada), era preciso perceber qual das inúmeras transversais de transversais era a Pokornoga ulica (ulica é rua em croata). Com o meu razoável sentido de orientação, lá virei numa rua que me pareceu ser a correcta mas depois… nada de ver o tão ansiado letreiro com o nome dos apartamentos. Entrei numa padaria para pedir indicações, mas a minha pergunta “Do you speak English?” teve como simples resposta uma expressão antipática e um negativo abanar de cabeça. Já em desespero, voltámos à Maksimirska e parámos ao pé dum café com uma esplanada, onde um número elevado de elementos do sexo masculino estavam sentados olhando todos na mesma direcção. Percebi depois que estava a dar um jogo de futebol importante na televisão, e lá como cá os cafés são o lugar preferido para assistir a estes jogos. Mais uma vez, salvou-nos a simpatia do empregado e de um cliente, que nos indicaram o caminho certo. Voltámos ao carro e seguimos as instruções que nos tinham dado, para acabarmos por perceber que a rua em questão era ao pé da tal padaria onde eu tinha entrado um bocadinho antes. Tínhamos estado mesmo no início da rua certa!
Mas nem tudo correu mal. Em frente aos apartamentos havia um óptimo lugar para estacionar (que não era pago durante a noite) e apesar da hora já um pouco tardia fomos amavelmente recebidas por uma jovem sorridente que nos fez o check-in, deu um mapa da cidade e ainda indicou alguns restaurantes nas proximidades.
Apesar do aspecto desenxabido do exterior no edifício, o alojamento foi uma agradável surpresa – daqueles poucos casos em que a realidade consegue ser um bocadinho melhor do que as fotografias que colocam na net. Suficientemente espaçoso para três pessoas, impecavelmente limpo, silencioso e confortável. Uma kitchenette equipada com o que é necessário e uma casa-de-banho moderna, tudo branco e a brilhar. Recomendo sem quaisquer reservas.
Meridien Luxury Apartments, Pokornoga ul. 1A, 10000, Zagreb
(podem ver mais fotos e reservar aqui)
Depois de um rápido descanso – que já passava das dez da noite – saímos para jantar. O restaurante Kvatrić (Maksimirska cesta 9, 10000, Zagreb) fica a cerca de 500 m dos apartamentos Meridien e está aberto até à meia-noite. Os preços são razoáveis – gastámos pouco mais de 10 euros por pessoa, sem vinho (bebemos água e cervejas) mas com sobremesa. Optámos por pratos de peixe, qualquer deles excelentemente cozinhado. Havia pouca gente àquela hora, mas não faltava animação. Numa sala interior, um grupo de músicos executava com grande vigor canções tradicionais, acompanhado por alguns dos convivas daquilo que nos pareceu ser uma reunião de amigos, certamente já bem bebidos.
Apesar de um começo algo atribulado, o nosso primeiro dia na Croácia terminou da melhor maneira possível: com bom atendimento, boa comida, e um óptimo local para descansar.
Mas as peripécias seguem no próximo post…
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