Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Viajar porque sim

Paixão por viagens, escrita e fotografia

Qua | 21.06.23

10 lugares à beira-mar para viver o Verão em Portugal

 

Chegou o Verão, está calor e os dias são grandes. Mesmo para quem não é amante de praia, nesta época surge a vontade de um passeio perto do mar, de tomar uma bebida fresca numa esplanada com vista, de ver o sol a mergulhar no Atlântico. Com quase 950 km de costa, não faltam no nosso país lugares para passar bons momentos ao ar livre, com os olhos no oceano e a sentir a brisa fresca que cheira a sal. De norte para sul, estes são alguns dos meus sítios preferidos para aproveitar os dias (e noites) de Verão.

English version

 

Moinhos ao pé do mar: APÚLIA

 

Marcada pelos seus icónicos moinhos – que serviram durante muitos anos o seu propósito fundamental, mas agora são apenas casas de veraneio – a praia da Apúlia é um areal extenso protegido por dunas e cortado por rochas baixas. Ventosa e de águas frias, é ideal para quem for encalorado. A bandeira azul garante a qualidade ambiental, e nas imediações não faltam sítios onde comer. Um paredão acompanha a praia e serve de miradouro. Junto aos moinhos começa e termina o Trilho das Masseiras, um percurso pedestre com cerca de 7 km que junta mar e terra – o meio-ambiente dos sargaceiros que agora fazem parte do folclore local. Na Praça dos Pescadores, os pequenos barcos coloridos alegram o ambiente mesmo nos dias mais cinzentos. Ao lado, a lota, onde há peixe fresco de manhã cedo. E para compor o quadro, um palacete abandonado, que já viu melhores dias e assume ares de casa assombrada em dias de nevoeiro.

01 Apúlia.jpg

 

 

Uma capela muito original: MIRAMAR e AGUDA

 

04 Miramar.jpeg

A Capela do Senhor da Pedra ergue-se na praia de Miramar sobre um rochedo junto à linha de água, um local que se crê ter sido em tempos um altar pagão. Está “de costas” para o mar, o que não é habitual nas ermidas portuguesas mas certamente justificável para proteger a porta de entrada da violência das ondas quando há temporal. Mas é com o mar bem à vista que vale a pena passear pelas praias de Miramar e Aguda. São cerca de 3 km que podem ser percorridos a pé, em passadiço, ou de bicicleta pela ciclovia. Pelo caminho, vários bares “pé na areia”, restaurantes para um jantar depois do pôr-do-sol, algumas dunas e rochedos, e muito areal deserto (ou quase!).

 

 

Passadiços e um parque ambiental: ESMORIZ

 

Esmoriz é daqueles sítios capazes de satisfazer os interesses de toda a gente. Dos que gostam de caminhadas ou de observar aves no seu elemento natural, pois têm ao seu dispor um belíssimo passadiço de madeira com 8 km de comprimento que contorna a Lagoa de Paramos, onde poderão avistar aves aquáticas de várias espécies, águias-sapeiras e alguns pássaros menos comuns. Dos que gostam de praia ou de fazer uma refeição com os olhos no mar, porque aqui há areia e água a perder de vista, e também não faltam spots para tomar uma bebida ou comer. E dos que não são apreciadores de praia mas querem passar uns bons momentos ao ar livre e em contacto com a natureza, que podem aproveitar o Parque Ambiental do Buçaquinho para relaxar a fugir ao calor nos amplos espaços verdes deste parque, onde há tudo o que é preciso para ocupar muitas horas de forma bem agradável.

09 Esmoriz.JPG

11 Esmoriz.JPG

 

 

Lagoa e mar: FOZ DO ARELHO

 

12 Foz do Arelho.JPG

A Foz do Arelho é assim uma espécie de praia bipolar: de um lado o Atlântico, com a ondulação forte típica da zona Oeste; do outro a Lagoa de Óbidos, que em tempos idos era quase uma piscina mas agora, depois de desassoreada, tem água do mar com fartura. Às vezes, o contraste entre a temperatura baixa da água e o calor do sol faz surgir uma neblina misteriosa, que dá à lagoa um ambiente irreal e um encanto ainda maior. Há uma avenida marginal bem arranjada, com quiosques coloridos, e vários restaurantes virados para a praia e o mar, alguns num plano superior, que são também excelentes miradouros. E há também uns passadiços de madeira sobre as dunas, já no lado do Atlântico, bons para exercitar as pernas e o coração. Apesar de tudo isto, a Foz do Arelho não perde o ar simples e despretensioso que sempre teve, e que lhe dá um encanto muito particular.

13 Foz do Arelho.jpeg

 

 

Falésias espectaculares: CABO CARVOEIRO

 

A oeste de Peniche e no extremo da península com o mesmo nome, o Cabo Carvoeiro é um local de excepção para passear. Neste promontório rochoso com características particulares podemos observar grandes áreas de lapiás e outras formações rochosas, resultantes da erosão ao longo de muitos milhares de anos. Além do farol, o seu ex libris é a Nau dos Corvos, uma enorme rocha isolada no meio da água, que faz lembrar uma embarcação a dirigir-se para o largo. No carreiro da Furninha, para sul do Cabo, a Furna que Sopra proporciona uma experiência divertida e fora do comum. Para norte, entre os rochedos com formas exóticas (um deles faz lembrar a cabeça de um elefante), a Varanda de Pilatos é um miradouro de excelência para observar um pôr-do-sol memorável, com as ilhas Berlengas a marcarem a paisagem ao longe.

16 Cabo Carvoeiro.jpeg

17 Cabo Carvoeiro.jpeg

 

 

Castelo com vista: SESIMBRA

20 Sesimbra.jpeg

Sesimbra e a sua baía têm uma história velha de muitos milhares de anos e intimamente ligada à pesca e actividades conexas. Hoje em dia, a vila é sobretudo famosa pelos seus restaurantes, onde podemos comer bom peixe e outras iguarias vindas do mar, e pelas suas praias viradas a sul e abrigadas pelo casario, que trepa pela encosta acima até ao castelo. Com origens no séc. IX, quando a Península Ibérica ainda estava ocupada pelos mouros, o castelo mantém a traça medieval, e percorrer as suas muralhas oferece-nos vistas deslumbrantes sobre a paisagem da região e a vila, aninhada lá em baixo. Apesar da modernização periférica, Sesimbra continua a ter uma atmosfera pacata, mesmo durante a época alta do veraneio, e as ruazinhas do centro histórico não perderam as suas características mais genuínas.

23 Sesimbra.JPG

 

 

O Alentejo tranquilo: ALMOGRAVE

 

Inserida no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, a praia de Almograve é um dos locais mais bonitos (e menos congestionados no Verão) da costa alentejana. Limitada por rochas negras e xistosas, que criam um belo contraste com as cores do mar e da areia, tem meio quilómetro de extensão e duas faces distintas, divididas visualmente pela Rocha Furada, com uma passagem estreita que faz a ligação entre elas. O lado norte está protegido por dunas cobertas de vegetação rasteira, e o sul por falésias rochosas. Tem tudo o que é preciso: estacionamentos, vigilância, locais onde comer, e qualidade certificada por bandeira azul. O estacionamento norte dá acesso a uma outra praia, pequena e absolutamente encantadora: a praia de Nossa Senhora. A aldeia fica a pouca distância. É branca e limpa, sossegada, com casas baixas, modernas na sua maioria mas bem integradas no conjunto urbano. Almograve é (ainda) um dos melhores segredos do Alentejo.

26 Almograve.jpeg

 

 

No aconchego das rochas: PRAINHA

27 Prainha.jpeg

No extremo leste do Alvor, mas longe do bulício da Praia da Rocha, o aldeamento da Prainha é um daqueles oásis algarvios que não está ao alcance de todas as bolsas. Mas a sua praia está. Com acesso a partir da praia dos Três Irmãos – passando entre as rochas do lado nascente – ou a partir de uma rua sem saída que começa na estrada municipal que liga a Rocha ao Alvor, e descendo depois umas escadinhas, a Prainha é abrigada, rodeada de falésias, e por isso ideal para quem gosta de lugares mais aconchegados e com alguma sombra durante grande parte do dia. Na verdade, são três pequenas praias separadas por rochedos, e durante a maré alta apenas ficam comunicáveis por túneis que a erosão escavou nas rochas. Também faz parte do charme desta praia um bar/restaurante encaixado na falésia, com um ambiente rústico-clean e tranquilo. A Prainha é o sítio certo para quem gosta de usufruir do Algarve em modo despreocupado.

28 Prainha.JPG

 

 

Um lugar único: ALGAR SECO

 

A cerca de 750 metros de distância do centro da localidade do Carvoeiro, na estrada que sobe para leste junto à costa, existe uma espectacular formação rochosa que deu origem a uma rede de grutas por onde entra a água do mar. O acesso faz-se por uma escadaria cimentada que nos permite descer até uma espécie de “piscina interior” no meio das rochas. As zonas exteriores são poiso favorito de pescadores e local privilegiado para observar o mar e os recortes costeiros desta zona do Algarve. Há um bar com uma esplanada agradavelmente protegida do sol, e um passadiço de madeira que também faz a ligação à vila do Carvoeiro – vila esta que continua a ser uma das localidades mais aprazíveis do barlavento algarvio.

31 Algar Seco.JPG

34 Algar Seco.JPG

 

 

Juncos e aves: SALGADOS

35 Praia dos Salgados.JPG

Situada entre Armação de Pêra e a Galé, a praia dos Salgados é comprida e arejada, com areia fina e clara, e quase sem ondulação nos meses mais quentes. Tem ainda o bónus de ficar junto à Lagoa dos Salgados, que é lugar de poiso e nidificação de muitas aves. A área à volta da lagoa abriga espécies de flora e fauna endémicas e já raras ou de grande valor patrimonial. A proliferação de empreendimentos turísticos na zona tem vindo a criar problemas ambientais, razão pela qual foi lançada há algum tempo uma proposta para a criação da futura Reserva Natural da Lagoa dos Salgados, cuja finalidade é defender este valioso ecossistema. A lagoa foi há uns anos dotada de passadiços de madeira, que servem tanto para proteger as suas características de habitat natural como para percurso de passeio e observação. É um dos lugares mais bonitos do Algarve, e perfeito para qualquer hora do dia.

37a Praia dos Salgados.jpg

(Este artigo foi publicado pela primeira vez no website Fantastic)

 

Já seguem o Viajar Porque Sim no Instagram? É só clicar aqui