Lugares em preto e branco - 7
Calheta, Madeira, Portugal
A CASA DAS MUDAS
Mais do que um Museu e um edifício internacionalmente reconhecido, a Casa das Mudas é um ambiente. Empoleirado sobre uma escarpa que termina abruptamente sobre o Atlântico e implantado mais como linha topográfica do que como obra humana, o seu perfil de arestas vincadas funde-se na paisagem que o envolve. O material escolhido para a sua construção, o basalto, é o que melhor invoca o passado vulcânico da Madeira, e a sua cor negra e a textura densa e opaca amortecem o impacto que o edifício pudesse ter na paisagem, retirando-lhe importância, dissimulando-o apesar da sua robustez.
Esta impressão de solidez a par de uma certa insubstancialidade mantém-se quando entramos no espaço, e juntam-se numa única sensação: paz. A luz e o som são como que amortecidos pelos volumes da construção, separados por passagens estreitas e quase labirínticas. Ali impera a tranquilidade, e essa sensação amplia-se quando o nosso olhar se espraia sobre o mar imenso, ou quando relaxamos na esplanada.
Agora denominado Mudas. Museu de Arte Contemporânea da Madeira, o edifício foi concebido pelo arquitecto madeirense Paulo David como ampliação da já existente Casa da Cultura da Calheta, e acabou por ser nomeado para a edição de 2005 do prémio europeu de arquitectura contemporânea Mies van der Rohe. Abriga desde Outubro de 2015 a colecção de arte contemporânea que antes era exposta ao público na Fortaleza de São Tiago, no Funchal. Além do museu, abriga espaços complementares à actividade cultural ali desenvolvida, como o centro de documentação, o auditório ou a biblioteca, e ainda uma cafetaria e uma loja.
Sóbria e aprazível, a Casa das Mudas é mais um dos exemplos em que a arquitectura e a paisagem se unem para preservar e valorizar a identidade de um local.
(publicado na rubrica Viagens da revista Inominável nº 10)
Já seguem o Viajar Porque Sim no Instagram? É só clicar aqui ←
Querem conhecer o melhor da Madeira? Encontram neste post um roteiro de 6 dias na ilha: