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Viajar porque sim

Paixão por viagens, escrita e fotografia

Seg | 22.02.16

Croácia - Diário de viagem - I - Os preparativos e outros pormenores

 

A Croácia esteve no topo da minha lista de destinos a visitar durante vários anos, mas por uma razão ou por outra a ocasião certa tardou em aparecer. Tardou, mas arrecadou, e é caso para dizer que valeu a pena a espera, porque acabou por ser uma das melhores viagens que fiz até agora.

Croácia diário de viagem I.jpg

Quem já leu este post  sabe que actualmente não sou grande adepta de viagens organizadas por agências e prefiro ser eu mesma a planear as minhas viagens. E estas férias na Croácia (que incluíram uma escapadela até Montenegro) não foram excepção.

 

Data e duração da viagem: foi a decisão mais simples de tomar. Julho e Agosto estavam fora de questão, porque na época alta o país é um inferno de gente. Os meses mais frios também estavam excluídos à partida, pois um dos motivos da viagem seria fazer alguma praia. Escolhemos Setembro, uma vez que a temperatura permanece habitualmente muito agradável e, apesar de ser um mês em que muita gente ainda está de férias, já não existem aquelas enchentes de pessoas que tornam intransitáveis os locais muito turísticos. Quanto à duração, e porque a intenção era conhecer uma boa parte do país (sobretudo a Dalmácia) sem precisar de andar a correr, optámos por duas semanas completas.

 

Os meios de transporte: aqui também não houve qualquer indecisão. A TAP tinha voos diários directos de Lisboa para Zagreb com uma duração de cerca de três horas (entretanto deixou de ter, mas existem voos com uma escala, em que o tempo de ligação é curto). E para percorrer o país com o máximo de liberdade, nada melhor do que alugar um carro logo a partir do aeroporto, com entrega no mesmo local imediatamente antes do regresso.

 

O percurso: esta foi obviamente a parte mais complicada do planeamento. Como era uma viagem na qual já pensava há muito tempo, havia locais que eu queria impreterivelmente visitar: Dubrovnik e os lagos de Plitvice, obviamente; uma ou duas ilhas; as cidades de Split e Zadar; e a baía de Kotor, em Montenegro, que fica relativamente perto de Dubrovnik. E era também preciso escolher um local agradável com uma boa praia para ficar alguns dias a descansar.

Depois de muita pesquisa e algumas contas, este foi o itinerário previsto (que depois acabou por ter algumas alterações; o roteiro final está no post Croácia - diário de viagem XVII - O roteiro completo):

 

1º dia: Lisboa/Zagreb

2º dia: Zagreb/Plitvice

3º dia: Plitvice – visita ao parque

4º dia: Plitvice/Split

5º dia: Split/Brac – dia na ilha – regresso a Split

6º dia: Split/Hvar – dia na ilha – regresso a Split

7º dia: Split/Makarska/Korcula

8º ao 10º dia: estadia em Korcula – praia Lumbarda – visita de um dia a Mljet

11º dia: Korcula/Dubrovnik

12º dia: Dubrovnik/Trogir/Dubrovnik

13º dia: Dubrovnik/Cavtat/Montenegro – regresso a Dubrovnik

14º dia: Dubrovnik/Sibenik/Zadar

15º dia: Zadar/Zagreb/Lisboa

 

As marcações: os voos foram marcados (online) directamente no site da TAP em finais de Junho, ou seja, mais de dois meses antes, de modo a conseguir os melhores preços. Já para o aluguer do carro bastou uma semana de antecedência (online em https://www.rentalcargroup.com/pt/). Quanto ao alojamento, apenas reservei antecipadamente o apartamento em Zagreb – porque iríamos chegar à cidade já depois das nove da noite – e a estadia de duas noites na zona dos lagos de Plitvice – porque é uma zona de muito turismo e, mesmo a oferta sendo vasta, haveria sempre o risco de não encontrar alojamento que nos agradasse na localidade mais perto do Parque Natural. Para marcar o alojamento fiz a pesquisa no booking.com, como já é meu hábito.

 

Documentos: a Croácia pertence à União Europeia, por isso basta o Cartão do Cidadão para entrar. No entanto, para ir de carro até Dubrovnik (sem ser de ferry a partir de alguma ilha) é necessário atravessar uma língua de terra com 25 quilómetros que pertence à Bósnia e Herzegovina (tanto quanto sei, geralmente deixam passar apenas com uma simples identificação, mas não é garantido) e além disso queríamos ir a Montenegro, pelo que optámos por levar connosco os passaportes.

Actualização em 01-01-2023: foi inaugurada recentemente a ponte de Peljesac, que faz a ligação de carro ao extremo sul do país sem ser necessário passar pela Bósnia e Herzegovina, num trajecto que tem apenas mais meia dúzia de quilómetros de extensão mas evita toda a maçada (e por vezes as grandes filas de trânsito) de ter de cruzar duas fronteiras.

 

Dinheiro: Em 01-01-2023, a Croácia aderiu à moeda europeia. As ATMs estão muito difundidas por todo o país, e os cartões de crédito e de débito também são aceites de forma generalizada (embora não em grande parte dos alojamentos pertencentes a particulares). Quanto a Montenegro, apesar de não pertencer à UE, este país adoptou o euro desde a sua independência, pelo que não é necessário qualquer câmbio.

 

Alojamento: é óbvio que há hotéis na Croácia, mas a maioria dos alojamentos disponibilizados são apartamentos ou quartos em casas particulares, que vão desde o simples quarto com casa de banho até apartamentos quase de luxo com vários quartos e salas. Como é lógico, neste sistema há vantagens e desvantagens. Por um lado, há mais tranquilidade do que num hotel, mais espaço, e praticamente todos estão equipados com uma kitchenette ou uma cozinha, o que permite fazer as refeições em casa e assim não estar tão dependente de restaurantes (e gastar menos dinheiro). Por outro lado, não há serviço diário de limpeza e arrumação, e também não servem pequeno-almoço.

 

Comida: a cozinha croata é muito heterogénea e nota-se a mistura de influências da culinária da Itália, da Grécia, da Hungria, da Áustria e até mesmo da Turquia. Os pratos italianos serão provavelmente hoje em dia os mais difundidos, o que não é de estranhar se pensarmos que a Itália está ali mesmo ao lado e que a comida italiana se expandiu por quase todo o mundo, sendo por consequência uma aposta segura em zonas de muito turismo. Peixe e marisco também abundam nos menus dos restaurantes. Por isso, não há que preocupar: mesmo não sendo um país excepcional no que se refere a comida, a oferta culinária na Croácia é muita e variada, bem confeccionada de uma maneira geral e a preços acessíveis. A excepção são os vinhos, quase sempre muito caros e com um leque de escolha algo reduzido (por comparação com o nosso país, claro).

 

Conduzir: as estradas e auto-estradas são boas e há bastante sinalização. Têm no entanto uma particularidade nos cruzamentos com semáforos: o sinal verde abre simultaneamente para quem segue em frente e para quem vai virar para uma via lateral. Ou seja, se vamos virar para a esquerda e o sinal verde abre, não podemos avançar imediatamente, porque o mais certo é ter aberto também para os que vêm em sentido contrário e arriscamo-nos a levar com outro veículo em cima. Não usam o amarelo intermitente para estas situações. Além disso, muitos semáforos têm um contador que indica quanto tempo falta para mudar de cor, o que quer dizer que ainda antes de abrir o verde já toda a gente está de pé no acelerador e assim que ele se acende é um ver-se-te-avias. Qualquer retardatário é imediatamente premiado com umas quantas buzinadelas. Também na condução os croatas são parecidos com os italianos, porque não hesitam em passar por cima de riscos contínuos e fazer inversões de marcha onde calhar, entre outras manobras igualmente temerárias. Nas cidades, grande parte das vias secundárias são de sentido único, tal como cá, e nalgumas delas (como é o caso de Dubrovnik) levam a medida de tal maneira ao exagero que, se nos enganamos, vai ser necessário dar a volta completa à cidade e entrar novamente pelo mesmo sítio. E embora a sinalização seja razoável de uma maneira geral, há muitas ruas e estradas que não estão identificadas, e mesmo com um sistema gps torna-se difícil dar com a maioria dos endereços, sobretudo à noite. A somar a isto, os croatas são na maioria estranhamente desconhecedores da geografia das localidades onde habitam, e como muitos têm alguma dificuldade em falar inglês, o resultado não é famoso e origina imensas peripécias (nomeadamente para encontrar os endereços dos apartamentos).

 

Estacionamento: nas cidades e zonas turísticas é muito difícil (para não dizer impossível) encontrar estacionamento que não seja pago. Por isso, e porque os estacionamentos não são assim tão caros quanto isso, se não for por muitas horas compensa optar pelos parques pagos. A alternativa é andar durante tempos infindos por ruas e ruelas completamente atulhadas de carros à procura de um lugar para estacionar que, se por milagre aparecer, será muito certamente num sítio difícil, proibido ou muito longe do local para onde queremos ir.

 

Combustível: é ligeiramente mais barato do que cá e há muitas bombas de gasolina. Nas auto-estradas têm boas estações de serviço.

 

As pessoas: não sendo os mais simpáticos do mundo, os croatas são no entanto prestáveis e muito profissionais – sobretudo, como é óbvio, os que estão mais directamente ligados ao turismo. Também na Croácia, o facto de sermos de Portugal abre sorrisos e desperta interesse nos nossos interlocutores, pois para a maioria das pessoas com quem contactámos éramos os primeiros portugueses que conheciam.

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A Croácia é sem sombra de dúvida um país muito bom para viajar, com inúmeros locais de uma beleza fora de série, muita história e um património arquitectónico e cultural invejáveis. É certo que apenas visitei uma parte do país, e muito mais há para ver, mas o que vi e vivi (e vou partilhar convosco em próximos posts) teve o condão de superar, e bastante, as minhas expectativas.

E aqui está o mapa do percurso completo de carro que acabámos por fazer durante as duas semanas (porque, como disse acima, houve algumas alterações decididas durante a viagem):

Viagem Croácia completo.jpg

Já colocaram a Croácia na vossa lista de viagens a fazer? Não? Então suspeito que em breve irão mudar de ideias…

 

Dia 1 da viagem: Lisboa-Zagreb e à noite em parte incerta →

← Diário da viagem à Croácia: O roteiro completo

 

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