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Viajar porque sim

Paixão por viagens, escrita e fotografia

Sex | 15.09.17

Na ilha das Flores - parte I

 

Já vos disse que sou uma pessoa cheia de sorte, não disse? A minha recente viagem aos Açores é mais uma confirmação. A preparação foi algo atribulada (alteração no horário de um voo que implicou a mudança de outro voo, a recorrente greve da Sata e o consequente cancelamento de uma estadia… aquelas pequenas chatices que sempre dispensamos) e o tempo pregou umas partidas de vez em quando, mas tudo se resolveu a contento e na hora certa, e acabou por ser uma viagem inesquecível. Lá diz o ditado: maus princípios, bons fins.

 

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O meu primeiro contacto com as Flores não foi dos mais auspiciosos. Quando saímos do (pequeníssimo) aeroporto já caía uma chuva miudinha, daquelas que mal se sentem mas acabam por molhar, e o vento ameaçava ficar mais bravo. Somado a isto, e embora se situe quase junto ao mar, o aeroporto não fica propriamente numa zona deslumbrante, por isso a minha primeira impressão da ilha foi que era tudo muito cinzento…

 

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Tínhamos supostamente várias horas para preencher até podermos apanhar o barco para o Corvo, eram duas da tarde e os estômagos clamavam por almoço. Indicaram-nos um restaurante ali perto, O Moleiro, e lá fomos nós arrastando as malas pela estrada sem vivalma, tocados a vento e esperando que a morrinha não se transformasse em chuva a sério.

 Restauarnte O Moleiro - Santa Cruz das Flores - A

Demos com o restaurante vazio e a cozinha já pronta a fechar. Mas se há coisa que os Açores têm em abundância é a simpatia e boa vontade das pessoas, e prontificaram-se a servir-nos qualquer dos pratos do dia. Escolhemos codornizes fritas, que estavam francamente boas.

Restauarnte O Moleiro - Santa Cruz das Flores - A

 

Restauarnte O Moleiro - Santa Cruz das Flores - A

Lá para o fim da refeição passámos a ser servidos pela Tânia, a dona do restaurante. Conversa puxa conversa, soube que íamos para o Corvo e disse-nos que devia chegar um barco por volta das três da tarde. Era uma viagem especial extra-horário para trazer um grupo de crianças que vinham disputar um campeonato escolar de voleibol durante o fim-de-semana, no qual o filho dela também ia participar. Ela própria é corvina, apesar de já viver há alguns anos nas Flores, e mantém com a sua ilha uma ligação tão forte quanto o mau tempo o permite – por vezes no Inverno passam-se semanas sem que seja possível qualquer voo entre as duas ilhas, e mesmo o barco nem sempre consegue fazer a travessia. Viver no meio do Atlântico não é pêra doce.

 

Apesar de a distância até ao porto ser curta, enfiou-nos e às nossas malas no carro e levou-nos lá, salvando-nos de uma molha. Ela e o marido iam receber os miúdos e os professores que os acompanhavam, e ajudar a descarregar mochilas e sacos-cama. A lancha Ariel chegou finalmente, cheia de crianças excitadas – e algumas delas também enjoadas. Apesar de termos os bilhetes com marcação para as seis da tarde, os tripulantes aceitaram levar-nos na sua viagem de regresso ao Corvo, poupando-nos assim a mais de duas horas de espera. A sorte continuava do nosso lado.

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E quem é que estava novamente no porto quando regressámos a Santa Cruz das Flores, três dias depois? A Tânia, pois claro, e mais uma vez não nos deixou ir a pé até ao aeroporto para irmos buscar o carro alugado. Estou-lhe eternamente agradecida por ter cuidado de nós tão bem e com tanta simpatia, e claro que ficámos clientes fiéis: foi n’O Moleiro que comemos sempre que os nossos passeios na ilha nos fizeram passar em Santa Cruz.

 

 

Fajã Grande

 

Fica na costa ocidental da ilha aquela que para mim é a localidade mais bonita das Flores: a Fajã Grande. Foi aqui que ficámos alojados, e foi mesmo a melhor escolha, tanto pela qualidade do alojamento em si como pelo cenário que a envolve. É um lugar único! De um lado uma enorme falésia coberta de verde, do outro o mar bravio que se desfaz em espuma nas rochas negras e baixas que contornam todo aquele pequeno e muito recortado pedaço de costa.

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Aqui, junto às piscinas naturais que se formam entre as rochas – e que uma plataforma irregular cimentada transforma em zona balnear quando o tempo bom convida – é o ponto mais ocidental da Europa onde podemos chegar a pé. E daqui vê-se o outro ponto mais ocidental do continente, o geográfico: o ilhéu Monchique, um simples rochedo basáltico com uns 30 metros de altura e a forma de uma vela latina, isolado no oceano, batido pelo vento e pelas ondas.

 

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Fajã Grande - piscinas naturais  e ilhéu Monchiq

Apesar do nome, a Fajã Grande é uma aldeia pacata com pouco mais do que uma rua principal, meia dúzia de outras pequenas ruelas e uma estrada marginal junto à costa. Subimos por uns degraus de pedra meio toscos até ao Miradouro da Cruz.

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A vista lá de cima é soberba: os telhados laranja alternam com os rectângulos verdes dos campos de pasto e cultivo, delimitados por muros de pedra. No meio das casas baixas destaca-se a Igreja de São José, branca e debruada a cinza-escuro, e o mar azul manchado de espuma branca completa a paisagem.

 

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Na rua cruzamo-nos com mais estrangeiros do que portugueses, mas o ambiente é tranquilo. Ali não há enchentes de pessoas nem confusão. As casas são de traça simples, na sua maioria brancas, algumas ainda de pedra, outras pintadas de cores várias.

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Ficam-me os olhos e o coração numa delas que parece desabitada e já tem alguns vestígios de degradação. É maior do que as outras e tem um estilo rebuscado, com uma espécie de torre e varandas de ferro forjado ou pedra. Não me importava nada se fosse minha, e é uma pena estar ali assim, com aquele aspecto de abandono e sem ninguém que a recupere. Apesar do isolamento da ilha e da típica instabilidade do clima nos Açores, acho que conseguiria viver e ser feliz aqui. 

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A Igreja de São José está aberta e podemos entrar à vontade. É pequena e simples, mas o seu interior está bem cuidado – madeiras envernizadas, retábulos dourados, arranjos de flores nos altares. O baptistério é muito bonito e fora do comum, com mosaicos antigos, móveis de madeira, a pia de mármore branco a destacar-se ao centro, iluminada pela luz coada através do cortinado leve que cobre a janela.

 

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Merendário é o nome que aqui dão aos parques de merendas, e na Fajã Grande há dois. Um deles fica em frente às piscinas naturais, junto ao parque de campismo, e está bem apetrechado com grelhadores e lava-louças. Infelizmente, o tempo e o mar não convidavam a mergulhos nem piqueniques. Mas convidavam a matar a fome, e ali mesmo ao lado está a Barraca q’Abana, onde fazem umas bifanas de comer e chorar por mais – até eu, que evito comer carne, tive de me render a elas, devidamente complementadas depois com uma bela e absolutamente deliciosa fatia de bolo de coco (sou gulosa, confesso…).

 

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E já que estou a falar de comida, por estes lados come-se realmente bem – ou não estivéssemos nós em Portugal. Na rua principal, o Jonah’s foi outro dos restaurantes onde comemos. É um restaurante pequeno, por isso convém passar por lá mais cedo para reservar e, já agora, para saber quais os pratos do dia e criar apetite. A comida é caseira, simples e saborosa, e a oferta depende do que encontram à venda, pois usam sobretudo produtos frescos. O meu conselho? Apostem no polvo. Foi o que eu escolhi, e estava uma maravilha!

Restaurante Jonah's - Fajã Grande - Flores - Aço

Restaurante Jonah's - Fajã Grande - Flores - Aço

 

 

Poço do Bacalhau

 

Para quem vai à Fajã Grande, é impossível passar despercebida: a cascata do Poço do Bacalhau vê-se ao longe, caindo pela falésia imponente do alto dos seus 90 metros. E como é bonita! O acesso faz-se por um caminho de pedra bem cuidado e protegido por uma vedação de troncos de madeira, passando por alguns moinhos de água em ruínas, até chegarmos à pequena lagoa natural formada pela água que escorre da parede rochosa. É possível tomar banho, mas o dia não estava suficientemente quente (pelo menos não para mim, que sou friorenta). Contentámo-nos em ficar por ali a apreciar o local, a tirar fotografias e a saltar sobre as pedras do ribeiro, com o ruído da água como fundo e o verde da vegetação endémica a rodear-nos. Aqui e acolá já se viam alguns tufos de hortênsias brancas ou azuis, apesar de ainda não ser a época alta da sua floração.

 

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É no Poço do Bacalhau que termina (ou começa, para aqueles que gostam de “trepar”) um dos vários trilhos pedestres da ilha das Flores, o PR3FLO. Liga o planalto das lagoas à Fajã Grande, mas não é um trilho fácil, sobretudo quando o tempo está húmido.

 

Ponta da Fajã

 

Para os amantes de caminhadas, onde me incluo, percursos pedestres é coisa que não falta nas Flores. Por estes lados começa também o PR1FLO, que vai até Ponta Delgada, no norte da ilha. Longo, difícil e não aconselhado a quem tiver vertigens, ainda assim vale a pena percorrê-lo durante alguns quilómetros a partir da Fajã Grande, pela beleza da paisagem. Passamos pela Ponta da Fajã, duas dúzias de casas maioritariamente brancas e uma igreja destacando-se nos campos de pasto que se estendem até ao mar – e ver vacas enquadradas num fundo marinho é algo a que o meu cérebro não está de maneira nenhuma habituado. 

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Depois começamos a subir pelo trilho que bordeja a falésia, e aí as paragens começam a ser mais frequentes: porque a subida é dura, com pontos escorregadios e lamacentos, mas sobretudo porque a paisagem chama pelo nosso olhar, o azul estendendo-se até ao infinito, o ilhéu Monchique agora mais perto; para sul o branco e verde da bonita Ponta da Fajã e o recorte escuro da costa delineado pela espuma da rebentação, e fico sem saber se me falta a respiração por causa de tanto subir, ou por estar encantada com o que vejo.

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Sim, definitivamente, se vivesse aqui seria feliz.

 

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 Na ilha das Flores - parte II→

 

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No Corvo

 

 

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Qui | 07.09.17

O que é que Veneza tem?

Toda a gente conhece Veneza. Claro que não estou a referir-me a “conhecer” literalmente. Mas já toda a gente sabe que Veneza existe e fica na Itália, ouviu falar de Veneza, viu fotografias de Veneza. Não é propriamente uma jóia desconhecida, e a prová-lo está o facto de no Verão passado a cidade ter recebido entre 60 e 70 mil visitantes… por dia! E agora comparem: o número de residentes do centro histórico de Veneza ronda os 55 mil – e está a decrescer de forma acelerada, em grande parte por culpa do cada vez mais elevado custo de vida, muito inflacionado pelo turismo.

 

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Esta apetência por Veneza traz grandes problemas à cidade e a quem lá vive, a tal ponto que os habitantes têm vindo a revoltar-se ciclicamente e a protestar de variadas formas contra este excesso de turismo. Este ano foram aprovadas algumas medidas que visam controlar o número de visitantes que a cidade recebe e as atitudes frequentemente pouco cívicas de muitos deles, mas estas medidas (como por exemplo evitar o crescimento da oferta de alojamentos, aumentar o controlo policial nas ruas ou tentar “desviar” os visitantes dos pontos mais concorridos da cidade para outros menos populares) são, quanto a mim, demasiado suaves para a dimensão preocupante que o problema já atingiu. E não me parece estarem a surtir grande efeito, pelo menos a julgar pelas multidões de turistas que por lá circulavam na minha recente visita (onde me incluo, obviamente – mea culpa, mea culpa…). Porque é que as autoridades municipais não adoptam medidas mais duras com vista a uma efectiva restrição turística? Parte da resposta (se não toda) talvez esteja no facto de a indústria do turismo estar desde há uns anos a render à cidade qualquer coisa como 3 mil milhões de euros anuais.

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Mas afinal, o que é que Veneza tem que a torna assim tão “apetitosa” para tanta gente?

 

Pois tem muita coisa, e sobre a maioria já vocês certamente ouviram falar. Tem a celebérrima Praça de São Marcos, com a não menos célebre Basílica, e os vizinhos Campanile (que em tempos longínquos foi um farol e agora é uma torre sineira), Palácio Ducal e Torre do Relógio – além das esplanadas, dos pombos e das enormes filas de gente para visitar tudo isto. Tem o Canal Grande, a artéria principal da cidade, freneticamente cruzado de dia e de noite por vaporettos e outros barcos a motor, gôndolas às centenas, e até mesmo por kayaks. Tem a ponte do Rialto, uma das poucas que atravessa o Canal Grande e sem dúvida a mais conhecida – e onde tirar uma fotografia, selfie ou não, é obrigatório para todo o turista, razão pela qual é praticamente impossível não ficar nessa fotografia com pelo menos mais um ou dois desconhecidos. Tem as gôndolas, e os seus gondoleiros de t-shirt às riscas.

 

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Só isto? Bom, isto já por si só não seria pouco. E isto já todos conhecem, quanto mais não seja pelos milhões de fotografias espalhadas pelos livros, sites na net, calendários, posters e tudo o mais, e amplamente divulgado em reportagens televisivas.

 

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Mas Veneza tem mais. E é desse mais, desses pormenores que estão menos divulgados mas são para mim o melhor de Veneza, que quero agora falar.

 

Os pequenos canais

 

Embora para nós sejam genericamente conhecidos como canais, os cursos de água que separam as dezenas de ilhotas de Veneza são, na sua maioria e na linguagem local, rios – canais naturais (os sinuosos) ou artificiais (completamente rectilíneos) ladeados de edifícios ou de ruas, formando uma rede capilar que une toda a cidade e permite a circulação de pessoas e mercadorias de forma rápida por via aquática. São perto de duas centenas, e aos mais pequenos é dado o nome de rielo.

Estes canais menores, muito mais tranquilos do que os canais principais, são uma verdadeira delícia. É neles que ficamos a conhecer as várias tonalidades do verde da laguna veneziana – a água é turva e lodosa, de um verde intenso mas baço, que tinge os canais mais sombrios de um tom escuro, misterioso e único. Vistos da janela alta de um edifício, a partir de uma ponte ou a bordo de uma gôndola, são sempre fascinantes e transmitem uma sensação de paz.

 

 

As janelas dos palazzi

 

A arquitectura de Veneza é absolutamente encantadora e substancialmente diferente da de outras cidades italianas. Há várias razões que explicam estas diferenças: foi uma república independente durante muitos séculos, e um entreposto comercial que fazia a ligação entre o Leste e a Europa; na altura em que Veneza estava no seu apogeu, o gótico era a tendência arquitectónica em voga, com as suas assimetrias, a influência oriental e o gosto pela luz; e o uso do vidro não constituía um problema, em parte porque a cidade não era difícil de defender devido à sua localização na laguna, e também porque na ilha de Murano existiu desde muto cedo uma enorme indústria vidreira. Por isso, uma das características mais marcantes da arquitectura veneziana é a beleza das janelas que se destacam nas elegantes fachadas dos seus inúmeros palazzi.

 

 

As flores coloridas

 

Em Veneza, o verde profundo da água e os tons pálidos e queimados das fachadas dos edifícios são a paleta de fundo ideal para as flores coloridas que se vêem por todo o lado. Qualquer janela ou varanda, qualquer pátio, qualquer Campo (praça) é uma tela em potência, as mais das vezes pintalgada com as cores quentes dos loendros, buganvílias, sardinheiras e inúmeras outras flores que despontam em todo o lado e enchem de alegria a cidade.

 

 

As igrejas

 

Há 139 igrejas em Veneza, 88 das quais estão em pleno funcionamento. Coisa pouca… Muitas delas foram fundadas por ricos mercadores desejosos de ostentarem as suas fortunas, outras pelas próprias comunidades de cada ilha, como meio para fomentar a aproximação dos seus habitantes. Em muitas delas, as lajes que recobrem o chão contêm inscrições que proporcionam informação valiosa sobre pedaços da história veneziana, e várias abrigam os túmulos de Doges ou outros membros abastados da cidade.

 

 

A arte

 

Em ano de Biennale, Veneza deita arte por todos os poros. Há inúmeras manifestações e exposições à margem do grande acontecimento. Muitas surpreendem-nos ao virar de uma esquina, num passeio pelos canais, numa montra, num jardim, na varanda de um hotel. Palácios e igrejas são lugares igualmente disputados pelas mostras vindas de países de todo o mundo, representando todos os tipos de correntes artísticas, nas suas mais variadas formas. Para quem como eu adora arte – mesmo que algumas das obras expostas não vão ao encontro do meu gosto – Veneza é uma festa que alimenta a alma e enriquece o espírito.

 

 

As torres inclinadas

 

Pensam que é só Pisa que tem uma torre inclinada? Nada disso. Em Veneza há várias, todas agregadas a igrejas, e embora nalgumas a inclinação seja algo subtil, outras há em que é impossível essa característica passar-nos despercebida. 

 

E é sobretudo isto que me encanta em Veneza, e faz com que todos os incómodos do excesso de pessoas e dos preços a puxar para o exorbitante não sejam assim tão importantes...

 

Há por aí mais alguém que pense como eu?

 

Mais sobre Veneza: Em Veneza, sem carteira (uma crónica de viagem)

 

 (Artigo publicado na Revista Inominável #9)

 

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