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Viajar porque sim

Paixão por viagens, escrita e fotografia

Seg | 30.05.16

Primavera nas Astúrias - parte II

 

E aqui está a 2ª parte do roteiro nas Astúrias que sugiro para esta Primavera (e que preparei para a revista Inominável n.º 3).

 

Dia 5 – Ruta del Cares

 

Para quem gostar, hoje é dia de fazer uma caminhada num dos percursos montanhosos mais fantásticos e mais acessíveis desta região. A Ruta del Cares estende-se entre Poncebos e Caín, num total de 12 km em cada sentido e, tal como o nome indica, acompanha parte do percurso do rio Cares. Começando em Poncebos, existe uma subida inicial algo exigente de pouco mais de 2 km, sendo o resto do caminho essencialmente plano e fácil de fazer, com passagens por túneis e pontes, e sempre com o rio por companheiro. Deixo um aviso: vão correr o risco de se apaixonarem perdidamente por esta paisagem e esquecerem qualquer cansaço – pelo menos até terem de parar. Caín é uma aldeia encastrada entre altos picos montanhosos, local perfeito para repouso e almoço antes de iniciarem o caminho de regresso. Todas as informações sobre o percurso estão disponíveis em http://www.rutadelcares.org/.

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Se não gostam de grandes caminhadas (ou não podem fazê-las), então sugiro que visitem a icónica aldeia de Bulnes. Não existem estradas mas é possível subir no Funicular de Bulnes, que parte também de Poncebos e sobe por um túnel escavado na montanha durante oito minutos até chegar perto da entrada de Bulnes. Esta aldeia isolada e minúscula tem uma população fixa de apenas 20 habitantes (que aumenta para 50 no Verão), mas é um ponto turístico muito frequentado e conhecido por oferecer belíssimas vistas para as principais elevações dos Picos da Europa, entre as quais se destaca o Naranjo de Bulnes (ou Picu Urriellu, em asturiano). Também é possível chegar a Bulnes a pé, mas o percurso é algo exigente.

 

No final de um dia fisicamente muito activo não há nada melhor do que uma boa refeição, e em Arenas de Cabrales um dos locais onde se come bem é o restaurante La Panera (https://www.facebook.com/rte.lapanera).

 

Dia 6 – Llanes-Potes

 

Llanes é outra das localidades costeiras das Astúrias que merece uma visita. A viagem desde Arenas dura pouco mais de meia hora. Estacionem junto à praia del Sablón e subam até ao passeio de San Pedro para terem uma vista ampla sobre a costa e a localidade.

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O braço de mar que entra pela vila forma um pequeno porto,

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no extremo do qual se encontram os coloridos “Cubos de la Memoria”, criação do artista basco Agustín Ibarrola sobre os blocos de betão que formam o dique do porto.

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Depois percam-se pelas ruas do centro histórico e descubram a Igreja de Santa María del Conceju, o seu Casino modernista de inspiração barroca, o Torreão medieval ou o Palácio de Gastañaga.

 

Se continuam com vontade de andar a pé, a minha sugestão chama-se “Camín Encantáu” e fica a 15 km de Llanes. Sigam até Posada de Llanes e depois tomem a AS-115 até Puente Nuevo, onde vão encontrar um desvio à direita e um estacionamento depois da ponte. O “Camín Encantáu” é um percurso circular e fácil de 10 km pelos povoados do vale de Ardisana. Ao longo do caminho encontram-se dispostas a espaços várias esculturas de madeira que fazem referência à mitologia asturiana. Todas as informações sobre este percurso a pé estão disponíveis em http://www.elcaminencantau.com/, http://www.wikirutas.es/rutas/Asturias/Valle_de_Ardisana/El_Camin_Encantau/ e https://www.google.com/maps/d/viewer?mid=zeiOlrFJ1pEE.kVR36EEVdFac.

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Se no entanto estão sem vontade para grandes caminhadas, então proponho uma incursão breve pela região da Cantábria para visitarem a encantadora vila de Potes. São 65 km desde Llanes, parte dos quais (mais concretamente 21 km) pelo desfiladeiro de La Hermida, o mais comprido de Espanha, que acompanha o leito do rio Deva e oferece estupendas paisagens de montanha.

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Localizada na confluência de quatro vales e dois rios, o Deva e o Quiviesa, e beneficiando de um microclima mediterrânico, Potes é uma típica localidade montanhesa, com as suas pontes e o seu bairro antigo de ruas estreitinhas sem trânsito motorizado.

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As casas são maioritariamente em pedra, algumas estendendo-se por cima das ruas, com caixilhos e varandas em madeira.

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A Torre do Infantado é o ex-libris da vila e remonta ao séc. XIV, abrigando actualmente a câmara municipal.

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Muito virada para o turismo, Potes é também famosa por ser um lugar onde se come bem, com destaque para as carnes e o cozido típico da região; a oferta gastronómica é abundante e variada.

 

Para regressarem a Arenas de Cabrales voltem pelo mesmo caminho até Panes, virem à esquerda para cruzar a ponte sobre o Deva e sigam pela AS-114. São cerca de 50 km, uma hora de viagem.

 

Dia 7 – Viagem de regresso

 

O último dia será mais uma vez passado em viagem. Há várias rotas possíveis para o regresso, mas sugiro que vão por Villaviciosa, Pola de Siero e Mieles para apanharem a AP-66, seguindo depois sempre para sul.

Como sugestão de paragem pelo caminho, a cidade de León é a minha favorita, com a Catedral gótica e a Casa Botines, de Gaudí, a merecerem especial destaque.

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E se apreciarem as obras deste arquitecto catalão, vale a pena fazerem o desvio de quase 50 km até Astorga para verem o Palácio Episcopal desta cidade, concebido por Gaudí em estilo neogótico medieval.

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Situada mesmo ao lado, a Catedral de Astorga é também digna de uma visita.

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Zamora, já mais perto de Portugal, é outra alternativa de paragem ainda em terras espanholas. Atravessada pelo rio Douro, o centro histórico é dominado pela catedral. Do miradouro à saída da Puerta del Obispo tem-se uma vasta panorâmica do rio e da cidade que se estende pelas suas margens, estando bem visíveis as azenhas de Olivares, em baixo, e do lado esquerdo a Puente de Piedra, que remonta ao séc. XII.

 

Este é apenas um dos roteiros possíveis por terras asturianas, pois muito mais há para ver nesta região espanhola. Sempre com a certeza de que não vão regressar desiludidos.

 

O início deste roteiro pelas Astúrias está aqui: Primavera nas Astúrias - parte I

 

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Outras sugestões de consulta para prepararem a viagem:

http://whereisasturias.com/picos-de-europa-national-park-asturias/

http://whereisasturias.com/

http://www.asturnatura.com/index.php

 

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Primavera nas Astúrias - parte II

Sex | 27.05.16

Ao acaso #28 Mari Girgis (Igreja de S.Jorge), Bairro Copta, no Cairo, Egipto

 

ao acaso #28 Mari Girgis (Igreja de S.Jorge), Bair

A igreja de São Jorge, no Bairro Copta do Cairo, é a principal igreja ortodoxa grega do Egipto, e a única de formato redondo; edifício original remonta ao séc. X, mas foi destruído pelo fogo; a igreja actual data de 1904

 

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Qui | 26.05.16

Primavera nas Astúrias - parte I

Agora que os dias começam a ser mais compridos e o tempo está menos agreste, é a altura ideal para ir à descoberta de uma das mais bonitas regiões da nossa vizinha Espanha: as Astúrias.

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O Principado das Astúrias localiza-se no norte de Espanha, entre a Galiza e a Cantábria. Com um território que excede os 10.000 km2 e abrange costa marítima, zonas montanhosas e cidades com história, e à distância de menos de um dia de carro, é a região perfeita para quem gosta de umas férias variadas.

 

Deixo-vos aqui a minha sugestão de roteiro para uma viagem de carro pelas Astúrias durante uma semana.

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Dia 1 – Viagem até Gijón

 

Gijón é a segunda cidade das Astúrias em importância, mas a maior em número de habitantes. Situada junto ao mar e a apenas 28 km de Oviedo e 30 de Avilés, as duas outras principais cidades das Astúrias, é por isso excelente como base para visitar parte da região sem necessidade de andar a mudar de alojamento com frequência. São 525 Km a partir do Porto e 800 a partir de Lisboa, por isso o primeiro dia vai ser ocupado com a viagem até Gijón. Parem em Salamanca para descontrair e almoçar, e aproveitem para dar um passeio pela Plaza Mayor e até à Catedral. Em Gijón, recomendo o Hotel Arena, que está muitíssimo bem situado e tem uma óptima relação qualidade-preço, além de ter parque de estacionamento privado, o que é sempre uma mais-valia para quem vai de carro.

 

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Dia 2 – Gijón-Avilés

 

Reservem a manhã para passear a pé em Gijón. Sigam pela avenida que bordeja a Playa de San Lorenzo

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e vão até à Plaza Mayor. Visitem as Termas Romanas de Campo Valdés. Passem pela Igreja de San Pedro

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e subam até ao Cerro de Santa Catalina para ver a paisagem deslumbrante e a descomunal escultura de Chillida “Elogio ao Horizonte”.

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Regressem pelo mesmo caminho, ou então desçam pelo outro lado do Cerro para ver a escultura “Nordeste” de Joaquín Vaquero Turcios e o porto desportivo. Novamente na avenida marginal, passem a ponte sobre o Rio Piles e continuem junto ao mar pelo Paseo del Rinconín até ao Monumento a la Madre del Emigrante, de Ramón Muriedas. A seguir peguem no carro e vão até ao Parque la Providencia, no Cabo San Lorenzo, de cujo miradouro vão poder ter uma visão ampla da cidade de Gijón e deste pedaço da costa asturiana. A não perder.

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Depois de almoço sigam para Avilés, a cerca de meia hora de carro. Visitem o centro histórico, com as suas ruas de pedra colorida em vários tons, a antiquíssima Igreja dos Padres Franciscanos (do período românico), o arrojado Centro Niemeyer, o edifício da Câmara Municipal (Ayuntamiento) na Plaza de España, ou o cemitério de La Carriona, com os seus elaboradíssimos jazigos.

 

 

Dia 3 – Oviedo

 

Oviedo é a capital das Astúrias e também o ponto de partida para descobrir alguns dos monumentos pré-românicos desta região. Mas para já deixem o carro no estacionamento da Plaza de la Escandalera e passeiem um pouco a pé pela cidade, que tem muitos motivos de interesse. Vão até catedral gótica, com origens no séc. XIII,

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depois sigam andando para sul e passem pela Igreja de San Isidoro

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até chegarem ao Mercado El Fontán na rua com o mesmo nome.

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Em frente ao Mercado, a Plaza del Fontán e lá dentro a colorida Casa Ramón, a única parte original desta pequena praça que comunica com as ruas limítrofes por arcadas.

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É em torno da Plaza que se realiza um mercado ao ar livre às quintas, aos sábados e aos domingos. Por aqui vão encontrar muitos restaurantes e “sidrerias”, e quando forem horas de almoço escolham qualquer um deles e peçam uma “fabada” (que é uma feijoada à moda das Astúrias) acompanhada de sidra, a bebida típica da região, servida (“escanciada”) pelos empregados de uma forma muito particular: o braço que segura a garrafa é passado sobre a cabeça, enquanto a mão que tem o copo é colocada o mais abaixo possível.

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Regressem ao carro passando pela Universidade. Durante o passeio vão encontrar inúmeras estátuas, umas mais clássicas e outras mais arrojadas: desde a “Gorda” de Botero à “Mafalda” (personagem de Quino), passando pela que homenageia Woody Allen ou pela “Regenta” que está em frente à Catedral, elas são um excelente e original pretexto para um percurso a pé (vejam o percurso completo e todas as informações em http://imanesdeviaje.com/descubre-oviedo-a-traves-de-sus-estatuas/).

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E está na hora de iniciar a rota do pré-românico. Ainda dentro da cidade, parem primeiro na Foncalada, uma fonte de água potável que remonta ao séc. IX,

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e depois na igreja de San Julián de los Prados, o maior monumento pré-românico ainda conservado. Subindo para o Monte Naranco, vão encontrar primeiro o palácio/igreja de Santa María del Naranco,

 

e um pouco mais à frente a igreja de San Miguel de Lillo, bela e isolada no meio de um prado rodeado de árvores.

 

Continuem depois a subir até ao topo do monte, onde se situa o monumento ao Sagrado Coração de Jesus e de onde se oferece uma panorâmica privilegiada sobre Oviedo – no centro da qual se destacam as formas arrojadas e brancas do Palácio de Congressos Princesa Letizia, obra monumental e polémica de Santiago Calatrava.

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Dia 4 – Ribadesella-Cangas de Onís-Covadonga-Lagos-Arenas de Cabrales

 

Despeçam-se de Gijón com uma passagem pela Universidad Laboral e rumem para leste até Ribadesella, localidade de veraneio e de desportos de aventura. Situada no estuário do rio Sella, as avenidas junto à praia são especialmente encantadoras, com as suas casas apalaçadas de cores vivas sobressaindo na paisagem verde e azul.

 

A paragem seguinte é em Cangas de Onís, uma das portas de entrada para o Parque Nacional dos Picos da Europa. Embora muito virada para o turismo, é uma localidade pequena e até pacata fora da época alta, onde as vedetas maiores são a ponte “romana” (data do séc. XIII, mas supõe-se que remonta à época romana) sobre o rio Sella e a igreja de Santa Cruz, com origens no período pré-românico e construída sobre um dólmen pré-histórico. Aproveitem para almoçar por aqui, que a tarde vai ser longa e em zonas (ainda) mais bucólicas.

 

O santuário de Covadonga fica a apenas 11 km e é o próximo local a visitar. A capela dedicada à Virgem, que é a padroeira das Astúrias há mais de 1300 anos, está situada numa gruta escavada na rocha e aberta para o exterior, por baixo da qual surge uma cascata.

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O complexo inclui um museu, jardins e uma grandiosa basílica, que data do séc. XIX e se destaca, com a sua cor alaranjada e telhados vermelhos, no meio da vegetação abundante.

 

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Sempre subindo a montanha, uma dúzia de quilómetros depois vão encontrar os lagos Enol e Ercina, fantásticos espelhos de água no meio de extensos prados verdes, onde não será invulgar um encontro imediato com algum grupo de vacas que por ali ande em busca de pasto.

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Regressem pelo mesmo caminho até encontrarem, um pouco antes de Cangas de Onís, a estrada para Arenas de Cabrales, que fica a menos de 50 km de distância. Arenas ou Poncebos, cerca de 5 km mais à frente, têm uma vasta oferta de alojamento e são ideais como base para descobrir esta vertente dos Picos da Europa.

 

Estão a gostar do roteiro? A próxima parte ainda é melhor, acreditem, e está aqui: Primavera nas Astúrias - parte II

 

(Artigo publicado no n.º3 da revista digital INOMINÁVEL e aqui.)

 

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Primavera nas Astúrias - parte I

 

Qua | 25.05.16

Ao acaso #27 Igreja de San Miguel de Engolasters, em Andorra

 

ao acaso #27 igreja de San Miguel de Engolasters,

 

Jóia do românico em Andorra, com origens atribuídas ao séc. XII, a igreja de San Miguel de Engolasters está situada num planalto com uma vista magnífica para o vale de Andorra, junto à estrada que nos conduz ao lago de Engolasters

 

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Seg | 16.05.16

Croácia - diário de viagem - VII - Seget Donji ou é bom fazer planos, mas às vezes é ainda melhor alterá-los

Uma das vantagens de não optar pelas viagens organizadas por agências é a liberdade de escolher o percurso que se prefere. E outra é poder alterar esse mesmo percurso a nosso bel-prazer. Porque às vezes encontramos locais onde nos apetece ficar mais tempo.

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Uma das ideias que tínhamos em mente para estas férias era fazer alguns dias de praia e aproveitá-los para descansar, e a Dalmácia é uma das regiões croatas mais conhecidas pelo bom tempo, pelas águas mornas e límpidas, e pelas suas muitas praias. O “problema” – para nós, pelo menos, que estamos habituados à areia clara e fininha – é que por aqueles lados as praias são quase todas de pedrinha, ou até mesmo de rocha, e é muito raro conseguir encontrar alguma com areia semelhante à nossa.

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Mas quando optámos por escolher alojamento em Trogir em vez de Split não estávamos a pensar em praia nem em descanso, e sim apenas num lugar simpático fora da confusão. Só que… quis o destino que nos aparecesse no Booking.com a Villa Marer. Foi assim uma espécie de amor à primeira vista: soubemos naquele instante que teríamos de ficar ali, e reservámos sem hesitações as três noites previstas.

E o apartamento onde nos instalaram não desiludiu. Sala grande com kitchenette, um sofá-cama e uma varanda, um quarto e uma casa de banho arejada. Tudo impecavelmente limpo e decorado de forma simples mas com bom gosto.

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A Villa Marer é uma casa de linhas simples, com três pisos divididos em quatro apartamentos e um pequeno espaço ajardinado à volta, onde também se estacionam os carros. Está directamente encostada a um passeio pedonal que acompanha a orla marítima, onde à distância de poucas centenas de metros existem alguns cafés e restaurantes. E à noite, quando chegámos, pouco mais deu para ver.

 

Mas quando acordámos na manhã seguinte e fomos à varanda… o cenário que nos esperava era simplesmente fabuloso. Um mar lindo e calmo com ilhas recortadas em fundo; ao longe do lado esquerdo uma marina, com a torre da Catedral de Trogir a espreitar por trás dos mastros dos barcos; e por baixo de nós uma praia estreita de pedrinha clara, serpenteando para a direita até onde a vista conseguia alcançar. Tudo iluminado por um sol brilhante e um céu sem nuvens. Um deslumbramento!

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Seget Donji -Trogir

 

Seget Donji -Trogir

 

Seget Donji -Trogir

 

Seget Donji -Trogir

 

Trogir

 

Trogir

 

Percebem agora porque é que no post anterior eu disse que só fomos a Trogir ao final do dia? É que gostámos tanto do sítio que ficámos por ali a descansar e a apanhar sol, preparámos um almoço leve no apartamento… ou seja, basicamente não fizemos mais nada a não ser preguiçar.

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Além da vista e de uma outra razão (que fica para depois), a praia foi também o motivo que nos fez voltar a não querer sair de Seget Donji no nosso sexto dia das férias. Aproveitámos para percorrer o passeio pedonal até ao fim e conhecer a parte da praia que se estendia para o lado direito, terminando num um enorme pinhal, a cerca de 1 quilómetro do apartamento.

Seget Donji -Trogir

Seget Donji -Trogir

 

O dia estava quente e sem vento e as praias bastante frequentadas, o que de qualquer modo não se torna difícil tendo em conta que são apenas estreitas faixas de “areão” junto à água, com pontões e rochas pelo meio. O lado oposto do passeio é limitado por muros de casas particulares, zonas arborizadas, cafés, restaurantes e lojinhas, e no mar desfilam barcos a motor ou à vela e pranchas de windsurf. Uma típica e muito agradável zona de veraneio, com aquele ambiente já calmo do mês de Setembro, depois da partida das hordas de veraneantes dos meses anteriores.

Seget Donji -Trogir

 

Seget Donji -Trogir

E a água… a água é uma delícia: límpida, com uma temperatura agradável, sem ondulação, e com tonalidades lindas de morrer. O único incómodo é realmente a falta de areia fininha, porque tudo o resto é um encanto.

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O jantar voltou a ser no Zule, mas desta vez dividimo-nos entre as pizzas e o risoto de marisco; saímos novamente de barriga cheia, o que tornou obrigatório mais um passeio alargado à beira-mar, agora pelo lado que se estende para a esquerda da Villa Marer (e termina a cerca de quilómetro e meio, perto da Marina Baotić).

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Estávamos a gostar tanto de estar em Seget Donji que por esta altura já tínhamos tomado a decisão de estender a nossa estadia ali e juntar mais três noites às que já tínhamos reservadas. Claro que isso iria implicar o “sacrifício” de uma parte dos planos de viagem, nomeadamente a ida à ilha de Korčula, onde tínhamos pensado fazer praia. Troca por troca, a praia onde estávamos era boa, apesar de não ser de areia, o alojamento era excelente, e iríamos poder visitar com mais calma alguns sítios nas redondezas.

 

Além disso, como o apartamento onde estávamos já tinha sido reservado para os dias a seguir, quando falámos sobre os nossos planos com a Renata (a dona da casa), ela disponibilizou-nos pelo mesmo preço um apartamento maior e com uma vista igualmente arrebatadora.

 

E é tão bom quando “descobrimos” um lugar onde queremos ficar mais tempo!

 

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Diário de uma viagem à Croácia - Seget Donji ou é bom fazer planos, mas às vezes é ainda melhor alterá-los

Sab | 14.05.16

7 places almost unknown in mainland Portugal

 

Portugal has many delightful “secrets”, some more secluded than others, many of them abandoned and many more badly in need of restoration, others maybe already in the process of disappearing. They are unique, different, special places. Places that unexpectedly appear on our way and sometimes this is the only reason why we come to know of their existence, because they are hardly ever mentioned and remain unfairly ignored, forgotten in favour of other places which are more “worth visiting” or more glamorous. These are just a few of them, mere fragments of our history and our tradition. Visit them before they disappear or become unrecognizable.

versão portuguesa

 

BAIRRO DO QUELHO, SALZEDAS

 

When we cross the street in front of the Salzedas Monastery, we find one of the biggest surprises I have ever had when travelling in my country: a small medieval quarter practically unchanged, in ruins, with narrow and winding streets between houses made of stone and wood with two or three storeys. There are many porches of wood, several of them almost covering the streets, linking one house to another. Deserted and silent, wandering around this quarter feels like we are on the set of an apocalyptic movie, or perhaps in a decadent city in Game of Thrones.

There is a certain controversy around “Bairro do Quelho”, which some claim was one a Jewish quarter, a theory firmly denied by others. Whatever it may have been, now it is only the remnant of a quarter which was clearly bigger, as attested by the majority of the (inhabited) houses on the surrounding streets, which have some similar characteristics.

A quarter that is a precious asset of our heritage, but for which no hope of restoration seems to be envisaged in the short term. Regrettably.

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CASTLE OF VIANA DO ALENTEJO

 

In the quiet village of Viana do Alentejo, halfway between Évora and Beja, there is a castle of a unique nature in Portugal, due to the “mixture” of styles that it presents: Late Gothic, Manueline and Mudéjar. Its origins date back to the reign of King Denis (13th-14th centuries). It has a slightly irregular pentagonal plan with five conical towers reminiscent of the most typical medieval castles in central Europe. One of them, the Tower of Mercy, is distinctly different from the others and houses the church bell with the same name. Inside the castle, surrounded by gardens, we can find the beautiful main church of the village.

(More details here)

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CHAPEL OF OUR LADY OF GUADALUPE

 

Two kilometres away from Serpa, on the top of a hill – as befits any good chapel – there is a small sanctuary dedicated to Our Lady of Guadalupe, also known as the Chapel of Altinho or St. Gens. Completely white in the middle of the green and brown landscape, offering a superb view over the plain, it is a quiet place where you can hardly hear anything other than the sounds of nature, and a privileged vantage point to view those wonderful sunsets that only the Alentejo summer is able to offer.

Thought to have been  founded before the 12th century, the history of this chapel is related to the Battle of Salado and maybe also to Christopher Columbus, this being a possible reason for the name that the navigator gave to one of the territories that he discovered.

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ESCAROUPIM

 

Escaroupim is a traditional fishermen’s village located on the banks of the River Tagus, near Salvaterra de Magos. In these villages, the houses were built on stakes to prevent them from being flooded during the frequent river overflows and painted in vivid colours, the same colours as the boats which belonged to their owners. Some of these houses have survived until today and now they are restored and dedicated to commerce. The pier on stilts, also renovated, houses the boats of the fishermen who remain active and a few more piers were built as docking places for a few modern boats, protected by awnings, which take groups of people on tours around the islets of the Tagus. A museum was created to preserve and disseminate the memory of the village. There is also a picnic park, a car park and an excellent restaurant, which is usually very busy on summer weekends.

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THE WINDMILLS OF GAVINHOS

 

Fourteen is the number of windmills standing high on the hills close to the village of Gavinhos, near the towns of Penacova and Lorvão. Only one of them works from time to time, as they are all in various states of degradation or restoration, watched over by the attentive look of a religious statue of the Immaculate Heart of Mary.

The view is superb and the wind blows constantly, as if longing for sails to put in motion.

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PRAIA DA TOCHA

 

Formerly a fishing village in the municipality of Cantanhede, near the town of Figueira da Foz, besides the beautiful long beach of the same name, Praia da Tocha has a curious settlement formed by the traditional old “straw sheds” where fishermen used to keep their fishing equipment, or that they used as storage places for salting fish. Today these constructions have a different life and have been restored essentially to serve as holiday homes, yet retaining their original features and materials. Many of them also maintain their genuine patterns with thin stripes in two colours, in cheerful contrast with the almost white shade of the sand. The designation “straw sheds” comes from the fact that originally these houses had thatched roofs. Nowadays straw has given way to tiles, but the name remains.

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CENTUM CELLAS TOWER

 

One of the most mysterious monuments in my country, the origin of this ruined tower remained unknown until the 1990s. The Centum Cellas tower stands next to a road on the outskirts of Belmonte. It is now known that it will have belonged to a Roman village in the 1st century BC, owned by a family most likely engaged in agriculture and tin production, which was abundant in this region at that time. The place also has vestiges of other buildings, but only the tower remains proudly standing today, with its unique and easily recognizable configuration, guardian of the secrets and mysteries of its golden days.

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7 places almost unknown in Mainland Portugal

 

Sex | 13.05.16

7 lugares quase desconhecidos em Portugal

 

Existem em Portugal deliciosos “segredos”, alguns mais protegidos do que outros, muitos deles ao abandono e mais ainda a precisarem de urgente recuperação, outros talvez em vias de desaparecerem. São lugares únicos, diferentes, especiais. Lugares que se cruzam inesperadamente no nosso caminho e às vezes só por isso ficamos a conhecê-los, porque deles quase não se fala e permanecem injustamente ignorados, preteridos a favor de outros lugares mais “visitáveis” ou mais glamourosos.

Estes são apenas alguns deles, meros fragmentos da nossa História e da nossa tradição. A visitar antes que desapareçam ou os tornem irreconhecíveis.

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BAIRRO DO QUELHO, SALZEDAS

 

Atravessando a rua em frente ao Mosteiro de Salzedas encontramos uma das maiores surpresas que eu já tive ao viajar pelo nosso país: um bairro medieval praticamente inalterado, em ruínas, com ruelas estreitinhas e labirínticas entre casas feitas de pedra e madeira com dois ou três pisos. Muitos alpendres em madeira, vários deles avançando sobre as ruas, unindo umas casas às outras. Deserto, silencioso, atravessá-lo é sentirmo-nos no cenário de um filme apocalíptico, ou talvez numa cidade decadente da Guerra dos Tronos.

Existe uma certa polémica em torno do Bairro do Quelho, que alguns defendem ter sido uma judiaria, teoria firmemente renegada por outros. Seja o que for, ele é o remanescente de um bairro que era nitidamente mais alargado, como o provam a maioria das casas (habitadas) nas ruas circundantes, que possuem algumas características similares.

Um bairro que é uma preciosidade do nosso património, mas para o qual não se vislumbram quaisquer esperanças de recuperação a curto prazo. Lamentavelmente.

 

CASTELO DE VIANA DO ALENTEJO

 

Na pacata vila de Viana do Alentejo, a meio caminho entre Évora e Beja, existe um castelo único no género no nosso país pela “mistura” de estilos que apresenta: gótico tardio, manuelino e mudéjar. As suas origens remontam ao reinado de D.Dinis (sécs. XIII-XIV). Tem uma planta pentagonal ligeiramente irregular, com cinco torres cónicas a fazerem lembrar os castelos medievais mais típicos da Europa central. Uma delas, a Torre da Misericórdia, é nitidamente diferente das outras e abriga o sino da igreja com o mesmo nome. No interior do Castelo, rodeada por jardins, está a belíssima igreja Matriz.

(Mais pormenores aqui)

 

 

ERMIDA DE NOSSA SRª DE GUADALUPE

 

A dois quilómetros de Serpa, no alto de um monte – como convém a toda a ermida que se preze – e mais propriamente na serra de S.Gens, há uma capela dedicada à Nossa Senhora de Guadalupe, também conhecida como capela do Altinho ou de S.Gens. Completamente branca no meio da paisagem verde e castanha, e com uma vista soberba sobre a planície, é um lugar tranquilo onde quase não se ouvem outros sons que os próprios da natureza, e um ponto de observação privilegiado para ver aqueles maravilhosos pores-do-sol que só o Verão alentejano nos oferece.

Presumivelmente de fundação anterior ao séc. XII, a história da ermida tem ligações à batalha do Salado e talvez também a Cristóvão Colombo, sendo uma possível razão para o nome que o navegador deu a um dos territórios que descobriu.

 

 

ESCAROUPIM

 

O Escaroupim é uma aldeia avieira situada à beira-Tejo, perto de Salvaterra de Magos. Nestas aldeias, as casas eram construídas sobre estacas para evitar que fossem inundadas durante as cheias frequentes do rio, e pintavam-nas de cores vivas, as mesmas cores do barco que pertencia ao seu dono. Hoje subsistem algumas dessas casas, restauradas e agora dedicadas ao comércio. O cais palafítico, também renovado, abriga os barcos dos pescadores ainda activos, e foram construídos mais alguns cais onde atracam as embarcações protegidas com toldos que se dedicam a levar grupos de pessoas em passeio pelas ilhas do Tejo. Foi criado um museu destinado a preservar e divulgar a memória da aldeia. Há um parque de merendas, lugares para estacionar, e um restaurante excelente que enche facilmente no Verão ao fim-de-semana.

 

 

MOINHOS DE GAVINHOS

 

São catorze os moinhos que se perfilam no alto da serra junto à aldeia de Gavinhos, ali para os lados de Penacova e do Lorvão. Apenas um deles trabalha de vez em quando, encontrando-se todos eles em vários estágios de degradação ou recuperação, vigiados pelo olhar atento da estátua religiosa do Imaculado Coração de Maria.

A vista é soberba e o vento constante, como que a pedir velas que possa fazer rodar.

 

 

 

PRAIA DA TOCHA

 

Antiga aldeia de pescadores no concelho de Cantanhede e perto da Figueira da Foz, a praia da Tocha tem, além da belíssima e longa praia que lhe dá o nome, um curioso núcleo habitacional formado pelos antigos palheiros onde eram guardados em tempos idos os materiais da actividade dos pescadores, ou que serviam de armazém para a salga do peixe. Hoje têm uma nova vida e são essencialmente recuperados para servirem como casas de férias, mas mantêm os seus traços e materiais originais, e muitos deles os seus padrões genuínos com riscas fininhas em duas cores, em contraste alegre com o tom quase branco da areia.

A designação de “palheiros” vem do facto de originariamente os telhados destas casas serem feitos de palha. Nos nossos dias, a palha deu lugar às telhas, mas o nome permanece.

 

 

TORRE DE CENTUM CELLAS

 

Um dos monumentos mais estranhos do nosso país, até aos anos 90 permaneceu desconhecida a origem desta torre em ruínas que se avista junto a uma das estradas na periferia de Belmonte. Sabe-se hoje que terá sido uma vila romana do séc. I d.C., propriedade de uma família que se dedicaria à exploração agrícola e de estanho, à época abundante nesta região. Há vestígios de outras construções no local, mas apenas a Torre permanece nos nossos dias orgulhosamente de pé, com a sua configuração única e facilmente reconhecível, guardadora dos segredos e mistérios dos seus dias áureos.

 

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